CAPÍTULO VIII: ABRAÇO FILOSÓFICO

3 2 0
                                    

ABRAÇO FILOSÓFICO

Ela me olhava fixamente e eu não podia evitar o sentimento que em mim se manifestava.

Era um momento crítico e dolorido de se compreender. Nem a Filosofia na sua essência, ou seja, na sua perspetiva do saber mais que o além, podia entender o que se estava prestes a ser decidido.

Ela não deixava pistas em seu olhar e nem noções em seu semblante. Era algo que nem a mim próprio conseguira decifrar.

Os seus lábios tremiam, os seus olhos se encheram de lágrimas e eu movido de íntima compaixão, não resisti e lhe abracei.

Aquele não fora um abraço comum. Não foi um simples símbolo que as pessoas tem usado para demonstrar o que sentem ou pretendem transmitir  por intermédio de acções que falam mais que a própria boca.

Mais do que uma atitude filosófica, o acto de lhe ter abraçado teve um impacto extremamente avançado de modo que o que não se podia ver, começara no mínimo a se esperar.

Aquele abraço não foi um símbolo, mas a atitude mais sábia que a Filosofia me tivera movido a ter naquele momento. Por vezes fazemos coisas que parecem não ter nenhum enquadramento com a realidade das mesmas coisas, mas pelo o contrário acabamos por descobrir querendo como não que Filosofia tem sempre uma certa da manga.

Ela nunca permite com que os seus compreendedores fiquem em  situações que por sua vez lhe possam acabar por lhes comprometer. Ora, a Filosofia é uma "espécie" de mãe cuja a mesma nunca anseiara que os seus filhos se dessem mal.

Foi um abraço que mudou o rumo daquela história. Mudou completamente a sua mentalidade e alterou o seu sentimento.

Aquele sim foi um abraço filosófico.

Um abraço filosófico é que não se limita em apenas ser abraço, eu já dizia "A Filosofia é o Sentimento que lhe move ao pensamento e ao questionamento de si mesma", ou seja, abraço filosófico é aquele que dado gera um sentimento que lhe move ao pensamento e ao questionamento do que se está sendo transmitido.

Certas ações transmitem emoções e certas emoções geram situações.

Por mais que ela não quisesse, a semente estava lançada e a terra estava fértil. Por mais que ela negasse, a semente ainda assim germinava, pois para mim, a vida é a maior terra fértil que existe e por mais que não se regue a semente, ela um dia germina, brota, cresce e no fim apresenta os frutos que você um dia plantou.

Ela sentiu a sinceridade em mim e o arrependimento, dois conceitos que mundam por completo o destino de um homem.

O arrependimento, pois ele aceita que errou e se coloca ao dispor de não voltar a cometer o mesmo erro. A sinceridade, pois a mesma expõe o erro de modo a garantir que haja transparência nesse mesmo relacionamento.

Um relacionamento deve ser construído na base de transparência, assim como a Filosofia vem para trazer a transparência para as causas e efeitos dos fenômenos que se sucederam, sucedem e que irão se suceder posteriormente.

É bom quando a transparência faz parte das nossas vidas, nela podemos ter noções de quais estágios estamos em nossas vidas ou do nosso próprio relacionamento.

Por vezes queremos que tudo fique bem e volte a ter o controle que antes havia, porém nos esqueçamos de trazer com ela a transparência que um dia foi ocultada com os mecanismos de defesa que um dia arranjamos para não sermos vitimizados pelo super ego que carregamos.

Ela por mais que quisesse trazer uma resposta diferente daquela que eu espera, o abraço filosófico tivera lhe dado uma nova visão das coisas e lhe mostrava a verdadeira face da situação em que nos encontrávamos.

Foi mais do que um simples abraço, foi a consumação do que ambos já tínhamos em mente e a falta comprovava.

Ambos mais do que ninguém precisávamos um do outro. Assim como a Filosofia que de si mesma precisara.

Ela disse sim, aceitou e retornou a casa. Foi muito bem recebida e muito bem cuidada. Por vezes tenhamos que deixar todas as cartas na mesa para que haja legítima transparência.

Ela mais do que minha esposa, era um pedaço de mim e por conta disso, eu não podia ter mais os meus encontros com a Filosofia. Mas como um sábio que entendera que sem Filosofia não há vida, lhe levei ao mundo filosófico.

Num mundo além da realidade. Num mundo onde as coisas não terminam na superfície e transcendem as reações da humanidade.

Lhe levei ao verdadeiro sentimento na qual a Filosofia apresenta como sendo o sentimento que lhe move ao pensamento e ao questionamento de si mesma.

É no mundo filosófico que as nossas capacidades cognitivas são despertadas e não só as cognitivas, mas também as biológicas e muitas outras capacidades.

A Filosofia mexe com tudo, desde aos não tangíveis aos tangíveis. Desde aos não perecíveis aos perecíveis. Desde aos não visíveis aos visíveis. Desde aos não matérias aos matérias. Desde aos não sensíveis aos sensíveis. Desde ao pensamento até ao questionamento.

Viver num mundo filosófico, é mais do que viver. É compreender a essência da realidade, é saber que por mais que não seja verdade, em algum lugar pode ser verdade. Viver num mundo filosófico é dizer sim ao não ou dizer não ao sim, ou seja, é procurar a essência do não e o porquê do sim.

Viver num mundo filosófico é procurar entender o motivo que lhe leva a fazer tal coisa, é questionar a este mesmo motivo. Viver num mundo filosófico é saber o porquê que se vive lá. Viver num mundo filosófico é olhar para o ontem, olhar para o hoje e olhar para o amanhã na certeza que só se vive um dia de cada vez, mas saber que este mesmo dia nunca será vivido sem antes se ter vivido o outro.

Viver num mundo filósofo é deixar de se limitar em opiniões do senso comum e trazer a este mesmo senso uma consciência de si mesma.

Isso sim é viver num mundo filósofo, o mundo onde o mundo é mais mundo do que este mesmo mundo.

ROMANCE FILOSÓFICO Onde histórias criam vida. Descubra agora