Ela

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Ela não poderia dizer, porquê ela se sentia assim.
Ela se sentia vazia, todos os dias.
Ninguém poderia ajudá-la.
Ela apenas ver os dias passando um por um, sem fazer nada pois não tem como.
Ela é forte, muito forte pra suportar.
Mas ela não aguenta tudo, embora sorria, ela não está realmente sorrindo.
São tantas complicações, ela não se sente mais viva, ela não sabe onde ela pertence, nem o porquê de ainda estar na terra.

Ela sabe que ninguém deve querer ter ninguém, que todos vem e vão sozinhos pelo mundo, mas ela se sente solitária sempre que está sozinha no vazio do seu quarto.
Ela não tem pensamentos quando fica sozinha, e sempre ignora todos os problemas, é assim que ela segue, ela finge que eles não existem, e ela consegue fazer isso.

O tempo pra ela é algo cintilante como diamante.
O tempo é valioso, e receber tempo e atenção de alguém que se gosta é a maior prova de importância na visão dela, ela ama estar com alguém fisicamente ou apenas conversando pela tela de celular, se o fisicamente não for possível; ela ama ver alguém que a ama querendo conversar com ela, passar um tempo com ela.

A falta de tempo, a falta de esforço e até a ausência não causa saudades nela, não causa interesse em buscar, na verdade causa o contrário.
Ela se sente distante a medida que a ausência se agrega. Ausência não é sinônimo de amor, de companheirismo, nem de nada pleno e belo.
Ausência causa solidão e é assim que ela se sente.

Ela é o tipo de pessoa que consegue controlar o tempo, ela tem tempo sempre, mas a partir do momento em que ninguém tem como dar um pouco de tempo, ela apenas sente que a pessoa não tem interesse.
Uma pessoa que nunca tem tempo para um amigo, um filho, um pai ou mãe, alguém especial, uma pessoa sempre ausente, pra ela, bom é algo que não faz sentido.

E claramente, não tem como uma pessoa só dar atenção, buscar o outro o tempo todo, seria o mesmo que tentar subir numa gangorra sozinho.
Nunca daria certo, sentimentos e afeição, tempo e presença, entre duas pessoas, só funciona em reciprocidade e sem isso é algo solitário e vazio, algo fadado a evaporar e sumir.

Embora ela venha se sentindo assim, esperando o dia que não estará aqui, ela não odeia acordar, ela apenas finge que está tudo em seu devido lugar da forma que está, mesmo que tudo esteja uma bagunça, afinal até no país das maravilhas nem tudo são maravilhas.

Ela continua buscando o seu eu inteiro, seu eu do passado belo e feliz. Ela sabe que não vai conseguir encontrar, mas ela segue como se nada estivesse errado, mesmo que as cicatrizes estejam sempre um pouco abertas e nunca completamente cicatrizadas, mesmo que ela esteja solitária e se sentindo como cacos de vidro espalhados pelo chão.

Ela quer que o vazio seja preenchido.
Ela quer o amor.
Ela quer o futuro.
Ela só quer ser ela.
Ela

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