Quando o dever prevalecer

capítulo 2

As próximas horas acabaram sendo as horas mais longas da vida de Caspian. Foi contra todos os instintos que ele tinha que ficar para trás e esperar. Seu bom senso, porém, dizia-lhe que a estratégia de Trumpkin era a melhor nessa situação. Não teria sido bom para ele seguir cegamente os sequestradores de Edmund na nevasca. Ele ordenou que todos os faróis ao redor de Cair Paravel fossem acesos, para que os Grifos pudessem encontrar o caminho de volta com mais facilidade, e ele ficou na varanda do lado de fora da Sala do Trono olhando para o céu vazio desde então.

De repente, ele sentiu um movimento atrás dele e um casaco de pele quente estava enrolado em seus ombros. Ele se virou para ver sua tia, Prunaprismia, parada ali com uma expressão preocupada.

“Eu sei que você deve se preocupar, mas você está congelando. Gostaria de um chá quente? Ou talvez algo mais forte? Prunaprismia perguntou e gentilmente esfregou o braço de Caspian, tentando oferecer algum tipo de pequeno conforto. Trumpkin e Rynelf pairavam na sala atrás dela, seus olhos também estavam fixos no céu.

"Obrigado, mas estou bem", disse Caspian em voz baixa. Ele estava se esforçando muito para manter a compostura, mas seu medo por Edmund tornava isso difícil. Ele agarrou a mão dela e a apertou, grato por sua companhia. “Eu não posso perdê-lo, simplesmente não posso,” ele acrescentou como um sussurro, apenas para os ouvidos dela. Depois que ele a trouxe de volta das Ilhas Solitárias, onde ela e seu filho, Rilian, viveram no exílio após a queda de Miraz, ela lentamente se tornou uma de suas confidentes mais próximas, assim como a primeira-dama de Nárnia.

“Silêncio, querida, não fale assim. Nem pense nisso,” ela respondeu com firmeza. “Edmund voltará para você. Tenha fé."

"Eu rezo para que você esteja certo", disse Caspian e olhou em seus olhos escuros, descobrindo que sua compostura o mantinha com os pés no chão.

“Eu rezo para que eu também esteja,” ela disse, e voltou seu olhar para o céu novamente enquanto acariciava a mão de Caspian.

“Como está Rilian? Ele conseguiu dormir? Caspian perguntou com preocupação. Como é claro que eles não teriam filhos, ele e Edmund tomaram Rilian sob sua responsabilidade. O menino era de sangue real e o próximo na linha de sucessão ao trono de Nárnia, e era importante que ele fosse criado como tal.

"Temo que não. Tentei esconder dele a notícia sobre o sequestro de Edmund até que tivéssemos mais informações, mas ele ouviu alguns dos criados conversando sobre isso. Ele gosta tanto de Edmund, você sabe,” Prunaprismia disse e lançou um olhar preocupado para o céu.

"Eu sei que ele é", disse Caspian com um pequeno sorriso. “Eu os observei enquanto Edmund estava dando a ele uma aula de equitação outro dia, e seu rosto se iluminava sempre que Edmund lhe fazia um elogio. Edmund me disse depois que acha que já é hora de Rilian montar um cavalo de verdade em vez do pônei, então ele está procurando uma égua de boa índole para ele.

“Ah, e eu não sei?” Prunaprismia disse com uma risada suave. “Rilian não parou de falar sobre isso desde então. E aquela nova besta que você deu a ele, ele a leva para a cama com ele. Você e Edmund são tão bons com ele. Você já se arrependeu de não ter filhos sozinha?

“Para ser honesto, às vezes eu faço. Mas então me lembro do preço que teria que pagar por isso,” Caspian suspirou e puxou o pelo mais apertado ao redor de si. “Sou um rei muito afortunado, sabe, porque pude me casar por amor, enquanto a maioria dos casamentos reais são feitos por conveniência. Já estive noivo uma vez, mas não pude continuar com o casamento. Edmund havia me encorajado a fazer isso, mas ficou claro para mim que ele estava sofrendo. No final, eu não poderia trair nosso amor assim.”

“Você está certo, Caspian, você é muito afortunado. Casamentos reais feitos por amor são uma coisa muito rara, de fato. O meu certamente não foi. Caspian reconheceu a leve amargura na voz de Prunaprismia com essa última declaração. Ele sabia que sua tia tinha sido miserável em seu casamento com Miraz.