III - Um peixe no aquário não satisfaz o gato

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Offender se encontrava em mais um daqueles momentos que ficava em "paz" com seu vazio. Nestes momentos, não almejava nada, inclusive, somente quando não aguentava-o mais que de fato iria procurar moças para contribuir consigo, lhe dando prazer.  Por mais que de fato o sentimento de vazio fosse algo ruim, ainda havia algo poético nele... Talvez se acostumara demais com isto, talvez já fizesse parte de si... Quem sabe poderiam ser até os dois. A criatura deu dois pequenas batidas em seu cigarro, fazendo s cinzas caírem no chão lentamente. A criatura observou minúsculas brasas alaranjadas no cigarro. Seu "olhar" sem vida apreciou aquilo, logo, o encostou na ponta de seu dedo, para ver se sentia alguma coisa. Nada. Não era o bastante para causar dor a uma criatura como ele, na verdade, o máximo que lhe fazia era um pequeno incômodo, como aquela coceira passageira que sentimos de um momento para o outro. Após isso, jogara o cigarro no chão, sem fazer questão de sequer apagá-lo. Um suspiro pesado de si quebra o silêncio daquela sala escura. Oh, o que seria deste pobre coitado?

Infelizmente, seu momento de apreciação de sua miserável vida foi interrompido. Interrompido por algo que não acontecia havia bastante tempo, na verdade. Offenderman, assim como outras criaturas sobrenaturais, de fato podem ser conjuradas por meros mortais por rituais. Novamente lhes digo, não sabemos a origem dessas criaturas, mas claramente são de outro plano espiritual, algo místico... O ritual de conjuração de Offenderman pode não precisa de sangue ou algum sacrifício, mas para ele acontecer, se precisa oferecer (direta ou indiretamente) algo bastante... Importante para uma moça. Nele, a pessoa precisa passar um batom vermelho e beijar uma rosa branca até que todo esse batom saísse... Claro, há outros detalhes mais específicos, mas não são necessários, a final, quem iria conjurar um ser tão horrível como este... Não é?

Infelizmente, alguém realmente o conjurou. Era só mais um daqueles desafios ridículos de adolescentes: Uma menina havia sido desafiada por suas amigas a fazer tal ritual que viram escrito por aí em algum papel ou em algum site "obscuro" - geralmente de cunho e veracidade duvidosa - da Internet. Quando a invocação começara, Offender sentiu um arrepio, que o deixou extremamente animado. Sua larga boca repleta de dentes se abriu em um grande e bizarro sorriso.

— Hah... Que sorte... Parece que alguém quer ser amada hoje. – Disse ele em um tom provocativo. — Já estou indo... Baby. - A criatura pegou seu chapéu e o colocou, ajeitando seu casaco e logo se retirando.

Enquanto isso, a pobre vítima infeliz se encontrava aborrecida. "Sabia que esse ritual estúpido não funcionaria. Bem, acho que finalmente minhas amigas vão parar de me encher o saco e..." mal completara seu pensamento que logo a vela que estava em sua frente foi apagada. De repente, a sala que tinha um ar tranquilo ficou pesado. Tudo pareceu ficar mais gelado naquele momento, fazendo um arrepio descer nas costas da pobre garota. Alguns livros que estavam em sua estante foram ao chão, junto com uma foto em um quadro a seu criado mudo. Isto era apenas Offender brincando com ela. Ele adorava isso... E nossa, a expressão da garota de arrependimento... Céus, isso lhe causava tanto tesão. Era tão adorável vê-la ali, como um peixinho preso em um pequeno aquário sem ter para onde ir.

— Você chamou, Baby? – Questionou uma voz profunda e levemente demoníaca após minutos de silêncio. A garota tampou sua boca com toda a força que tinha para não gritar. Aquilo... Aquilo não poderia ser real! Não mesmo!

Assim mesmo, logo a criatura surgiu no escuro. Se aproximou de sua presa, depositando levemente sua mão enorme e com grandes garras no ombro da jovem, que paralisou ali mesmo. Seu coração começou a bater depressa, suor frio descia de sua testa palidecida. A mão, logo acariciou levemente os cabelos lisos da pobre donzela, eles eram louros e brilhantes... Era satisfatório o movimento que eles fizeram quando deslizavam dos dedos finos da criatura.

Pétalas cor de Sangue - OffendermanOnde histórias criam vida. Descubra agora