| CONCLUÍDA | Eu era um dependente químico. A prática de alterar meus sentidos por meio de diversas substâncias psicoativas tornara-se minha principal atividade. No entanto, tudo mudou quando ele entrou na minha vida. É comum que se troque um vício...
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Chegou o grande dia do primeiro dia de aula. Logo pela manhã, preparei alguns comprimidos em pó e, em seguida, cheirei uma carreira. A sensação de relaxamento tomou conta de mim, proporcionando um alívio momentâneo para enfrentar esse dia tão importante. Passei um pouco de corretivo para disfarçar as olheiras, visíveis após a noite em claro que tive, marcada pelo uso de amitriptilina. Não sou fã de dormir, pois isso me leva a sonhar - e os meus sonhos não são agradáveis; são pesadelos insuportáveis que provocam as piores ansiedades possíveis. Por outro lado, se fico acordado e sóbrio, enfrento pensamentos que podem ser ainda mais perturbadores do que os pesadelos.
- Bom dia, Ji. Está ansioso pelo seu grande e belo primeiro dia de aula no ensino médio? - Mina sempre foi a primeira a acordar, transbordando entusiasmo por tudo.
- Nem um pouco - respondi, forçando um sorriso simpático que gradualmente foi diminuindo ao perceber a mudança na expressão dela. - E você, pirralha? Parece empolgada! - O sorriso dela retornou rapidamente.
- Sim, bastante! Mas não estou ansiosa pelas aulas em si; minha expectativa é reencontrar minhas amigas e fofocar sobre tudo o que aconteceu durante o verão. - No entanto, seu sorriso se desfez novamente, e o brilho nos olhos se apagou. Compreendi que essa mudança se devia a mim. Não era como se ela tivesse novidades para compartilhar, exceto sobre o irmão que havia tido uma overdose e arruinado suas férias com tristezas e preocupações.
- É melhor você ir; se não, pode se atrasar e perder o ônibus - tentei distraí-la com outra conversa, mas não obtive sucesso.
- Achei que você fosse me levar hoje. Você me prometeu! - A lembrança dessa promessa me atingiu como um balde de água fria; eu havia esquecido desse detalhe crucial. Hoje, definitivamente não seria possível cumprir essa promessa; eu já estava um pouco chapado.
- Desculpe, maninha; hoje não dá. Podemos deixar para outro dia? - A sensação de fracasso começou a me consumir.
- Tudo bem - ela respondeu com um tom resignado, segurando firme a alça da mochila enquanto caminhava em direção à porta. Depois de lançar um olhar triste e um sorriso forçado em minha direção, fechou a porta suavemente.
- Você sabe que não pode enrolar ela todos os anos - minha mãe comentou ao aparecer por trás de mim com uma xícara de café nas mãos. - Todos os anos você promete algo e nunca cumpre, Jimin. - Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, ela se afastou em direção à cozinha.
Como mencionei anteriormente: eu sempre estrago tudo.
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Aquelas pessoas me observando foi uma das experiências mais desconfortáveis da manhã. Eu era o centro das atenções; as palavras "Você não morreu?" ecoaram repetidamente enquanto eu passava pelo corredor sob olhares de desprezo e repulsa. Minha resposta era sempre a mesma: "Sim, inclusive estou no caixão." Ou então: "Sim, vim aqui apenas para convidá-los para meu velório." Se eu soubesse que passaria por isso novamente, talvez tivesse reconsiderado meu esforço para sobreviver.