| CONCLUÍDA | Eu era um dependente químico. A prática de alterar meus sentidos por meio de diversas substâncias psicoativas tornara-se minha principal atividade. No entanto, tudo mudou quando ele entrou na minha vida. É comum que se troque um vício...
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Passei a noite inteira refletindo sobre o que Mina havia dito. Seria realmente Jungkook quem estava aguardando minha reação? Não consigo entender a mim mesmo; por que estaria tão preocupado com isso? Tenho quase certeza de que essa dúvida martelava incessantemente em minha mente, enquanto, na de Jungkook, ele provavelmente se questionava sobre como eu estava prestes a destruir minha vida.
Mais um dia de aula se iniciava. Assim que coloquei minha bicicleta no estacionamento, avistei o carro de Jungkook, mas não o vi por perto. Decidi que não iria assistir a mais uma aula; não estava disposto a encarar as obrigações escolares naquele dia. Em vez disso, dirigi-me diretamente ao terraço. Estava cansado de tudo: minha mãe e minha irmã estavam orgulhosas de algo que eu nem havia realizado, e Jungkook parecia estar chateado comigo. Se eu fumasse um cigarro, talvez isso não fizesse mal algum. Contudo, ao dobrar uma parede baixa do local, deparei-me com o italiano ali, sentado no chão e encostado na parede, apenas tragando um cigarro.
— Cinco dias — foi o que consegui dizer assim que me aproximei dele.
— Quê? — Ele exibiu uma expressão confusa enquanto segurava o cigarro entre os dedos.
— Eu... estou limpo há cinco dias... bem... não é uma semana completa, mas... é um bom começo, não? — Enquanto falava com ele, alternava meu olhar entre seu rosto desprovido de expressões e o chão. Um leve sorriso apareceu em seus lábios, e eu percebi o quanto sentia falta daquele sorriso.
— Vem — disse ele, batendo levemente no chão — senta aqui. Então fui até ele e me sentei ao seu lado. O maior jogou o cigarro fora.
— Você está fumando apenas cigarro agora?
— Sim, decidi parar com as coisas ainda piores.
— Hum. — Eu gostaria de ter seu autocontrole.
Nesse momento, um silêncio constrangedor dominou o terraço por longos instantes.
— Você realmente vai fingir que aquilo não aconteceu? — Encarei-o com coragem que parecia vir do fundo da minha alma para formular a pergunta. Ele direcionou seu olhar para mim e soltou uma leve risadinha de lado.
— Aquilo o quê? O beijo de esquimó? Ou o ocorrido na banheira?
— Italiano! O ocorrido na banheira foi uma pequena loucura da minha parte, um momento efêmero; então vamos esquecer isso, ok?
— Ok. Então você quer falar sobre o beijo de esquimó? — Ele olhou para o chão por alguns segundos antes de fixar novamente os olhos em mim.
— Jungkook, bem... estávamos sob efeito de substâncias...
— Então não fizemos isso conscientemente, certo?
— É... e o...? — Eu me vi incapaz de continuar; a sobriedade me deixava tímido e vulnerável.
— O quê? — Ele continuava a fingir demência.
— Você sabe do que estou falando, Jungkook; pare de ser bobo! — Não conseguia encará-lo nos olhos.
— O beijo? É isso que te preocupa tanto? — Quando finalmente tomei coragem para encontrá-lo em seu olhar fixo sobre mim, percebi que ele já me observava atentamente. — O que te inquieta tanto em relação ao beijo, bebê?
O nervosismo invadiu meu ser de forma avassaladora, como uma onda que chega sem aviso, fazendo meu corpo arrepiar-se em resposta. O ambiente ao nosso redor parecia se dissolver, e tudo o que restava era a presença de Jungkook, tão próxima e tão intensa.
— Por que está me chamando assim? — perguntei, direcionando meu olhar para o chão, incapaz de encarar a profundidade dos seus olhos. A timidez me envolvia como um manto pesado, sufocando qualquer tentativa de articular uma resposta mais clara.
— Porque você timido parece um bebê — ele respondeu com um sorriso travesso, sua voz ressoando com uma leveza que contrastava com a gravidade do meu estado emocional.
Aquelas palavras ecoaram em minha mente como um eco distante. Que droga! O impulso de me levantar e sair era forte, mas antes que pudesse fazer qualquer movimento decisivo, senti sua mão segura em meu pulso. Ele me puxou delicadamente para mais perto, criando um espaço entre nós que parecia elétrico. Estávamos tão próximos um do outro que pude sentir o hálito fresco de hortelã emanando de seus lábios e a intensidade da sua respiração quente acariciando minha orelha. O toque suave dos seus lábios no meu lóbulo foi como um choque súbito, fazendo meu coração acelerar ainda mais.
— Se eu te beijasse novamente, você iria fingir que nada aconteceu, ruivinho? — Jungkook sussurrou quase como se estivesse tentando me hipnotizar.
Revirei os olhos em resposta ao nervosismo crescente que se apoderava de mim. Meu corpo estava tenso e minha respiração tornara-se irregular; eu estava ofegante. Uma leve faísca percorreu meu corpo, despertando sentimentos que eu tentava reprimir. A sensação era intensa e desconcertante; arregalei os olhos em choque ao perceber a vulnerabilidade que sentia perto dele. Era como se cada palavra sussurrada tivesse o poder de desestabilizar minha razão.
— Italiano — consegui engasgar ao engolir seco, as palavras saindo quase involuntariamente. — Eu já vou — falei em uma velocidade tão rápida que mal consegui reconhecer minha própria voz.
Levantando-me de forma abrupta e desesperada, dei passos largos em direção à saída do terraço. O ar fresco da noite parecia me chamar, mas eu sabia que não poderia escapar da realidade que havia me atingido com força total.
Convenci-me de uma verdade inegável: sentia uma atração imensa por Jungkook. Era uma força quase magnética; eu estava ciente de que aquela conexão poderia ser perigosa, mas não conseguia ignorar o desejo crescente dentro de mim. A ideia de estar próximo dele me deixava fraco e vulnerável, mas ao mesmo tempo despertava algo profundo em meu ser.
Enquanto caminhava para longe do terraço, cada passo ecoava em minha mente como um lembrete do turbilhão emocional que Jungkook havia gerado dentro de mim. A mistura de medo e desejo me acompanharia por muito tempo ainda.