NARRADORA ONISCIENTE
Cassidy Campbelltown, 1,59, morena de olhos castanhos e com o olhar mais implacável já visto na terra.
Quando mais novos, seus sobrinhos costumavam dizer que seu nome era engraçado, corriam pela casa gritando um para o outro "Cassidy, Cassidy, Cassidy" coisa que ela não entendia, mas gostava. Aprendeu a gostar.
O ambiente ficou mais pesado ainda, como se estivesse adiantando o teor daquela conversa.
Nunca tinham visto a tia deles assim, com aquele olhar, a postura de quem estava pronta para se defender do que fosse, a qualquer momento e os abraçando como se os quisesse proteger do mundo, esquecendo-se que Bryan já era grande demais e Trixie também.
— Meninos sentem por favor. — Cassidy pediu, olhando séria mas com carinho para os sobrinhos.
— Não temos nada o que conversar Cassidy. — Michael disse entredentes.
— Pelo contrário, temos muito o que conversar.
— Vai embora da minha casa e volta para o lugar de onde você nunca deveria ter saído.
— Eu não saio daqui antes de conversar com os meus sobrinhos!
— Cassidy, estou cansado de suas loucuras, saí da minha casa agora. — Ele pegou o antebraço dela, tentando a intimidar. Seus sobrinhos estavam prontos para defendê-la, mas ela foi mais rápida e soltou-se.
— É sobre a mãe de vocês. — Os gêmeos a olharam confusos. Ela se sentou no sofá e olhou para ambos. — Tem coisas que vocês não sabem, e que precisam saber.
— Cassidy...
— Eles fizeram 18 Michael, e eu não vou ser quem vai esconder mais isso, chega, são anos com esse negócio atravessado na garganta!
— Do que vocês estão falando? — Trix perguntou.
— Tem algo sobre a mãe de vocês que vocês precisam saber! — Cassidy respirou fundo olhando para o par de olhos que a encaravam curiosos. — Vocês sabem que a mãe de vocês, foi embora quando vocês eram pequenos...e pelas coisas que o pai de vocês contou, ela queria outra vida, não queria estar com vocês, porque nunca quis ser mãe, imagina de dois...bom, as coisas não foram bem assim.
— É meu último aviso Cassidy, vou esquecer que você é minha irmã se falar mais uma palavra! — Michael avisa, o que parece despertar mais ainda a raiva de Cassidy, o que a faz se levantar repentinamente e dizer com o dedo na cara de Michael:
— Assim como esquecia que tinha dois filhos e batia na mãe deles até ela ficar inconsciente? — Michael fecha o punho e sua mandíbula trava. Enquanto os gêmeos olham incrédulos para o pai, ele sempre disse que era um esposo amoroso, que havia dado tudo a mãe deles e ela havia sido uma ingrata, ela era a agressora, não ele. — Quantas vezes você não abusou fisicamente e psicologicamente dela? — Cassidy gritava olhando com raiva para Michael, que agora surpreendentemente não passava de um homem encolhido. — Me deixa contar a porra da verdade para eles e para de estragar ainda mais a vida deles! — Ela voltou a sentar-se no sofá e respirou fundo.
Michael saiu da casa, batendo a porta com força, o que surpreendentemente não acordou Becky no andar de cima.
— Pode continuar tia. — Trix diz.
— Na verdade...nada do que vocês ouviram todos esses anos é verdade, sobre a mãe de vocês, o desaparecimento, tudo, nada daquilo é verdade... — Ela parece querer desistir de continuar a falar, mas para e olha para aqueles olhos que merecem saber a verdade.
— Quando seus pais se casaram, tudo era perfeito, mas depois, as coisas começaram a piorar, vosso pai ficou agressivo, ele batia na Nancy quando tinha vontade, por qualquer coisa. — Era respirou fundo tentando continuar a história.
— Nancy era minha melhor amiga, então eu ficava a par de tudo que acontecia. Quando ela quis se separar com meu apoio, descobriu a gravidez, confesso que no início ela não ficou feliz, quem ficaria afinal? Grávida do marido abusador, sem lugar para ir, sem dinheiro, sem apoio da família, sem nada. Quando ela começou a aceitar a ideia de estar grávida, o Michael descobriu, e a espancou mesmo grávida, foi horrível, lembro que ela me ligou, chorando e preocupada, não com ela, mas com vocês, com bebês que ela ainda nem tinha pego nos braços e que ela nem sabia ainda que eram dois! — Cassidy ri entre as lágrimas se lembrando do dia em que descobriram que eram dois bebês e não só um.
— Levei ela para o hospital mais próximo, isso sem o Michael estar em casa, ela mentiu e disse que havia caído, e apesar de toda a dor que ela sentia, ela ficou muito feliz quando descobriu que eram dois bebês. Ela contou para Michael sobre os bebês que só não a machucou, porque eu estava com ela no momento, lembro da raiva no olhar dele, ele sempre dizia que Nancy havia estrago a vida dele, os planos que ele havia feito, tudo! — Ela respirou fundo tentando se acalmar.
— Quando vocês nasceram, Nancy teve uma depressão pós parto, que durou 4 meses, ele se aproveitou disso, fez ela assinar um documento, em que ela abria mão da guarda de vocês, colocando ele como único responsável, e a partir daquele momento, ele poderia fazer o que quisesse da vida de vocês. Nancy conviveu com vocês por seis anos apenas, mas sempre isolada, vivendo um inferno pessoal só para estar perto de vocês. Quando Nancy quis fugir com vocês, ele pegou ela, pegou o documento que nem ela mesma sabia da existência e o usou, expulsou Nancy dessa casa como se ela fosse um cachorro sem dono, e ela nem podia chegar perto da escolinha que vocês estavam na época, era como se ela não tivesse vos amado como nunca ninguém amou! Foi horrível ver Nancy morrendo aos poucos, mesmo estando viva. A família não ajudou em nada, porque ela foi taxada de louca por todos. Depois ela não conseguia emprego em lugar nenhum, sempre que viam o nome completo dela, era uma recusa de cara. Então ela se mudou para o interior, onde a influência do seu pai não chegava. Ela começou a viver comigo, até que vocês fizessem 18 anos e pudessem decidir se queriam ver ela ou não. Por isso estou fazendo isso, vocês merecem viver isso, a Nancy merece, por todos esses anos, pelos anos em que ela só ouvia as vossas vozes quando eu falava com vocês e não podia dizer nada, pelos anos em que ela foi em cada evento de escola, mas não podia se aproximar de vocês, na verdade, nem da própria escola! Mas mesmo assim, mesmo correndo risco de ser presa, ela ia, ela sempre estava lá! Ansiando o dia que este momento chegaria. Dependendo da vossa resposta, podem conhecer a Nancy, hoje mesmo. Só depende de vocês. — Bryan e Trix se entreolharam, Trix já chorava e Bryan também. Era doloroso saber que todas as coisas que foram cultivadas em você, eram mentira, é como ver tudo escapar-lhe entre os dedos e não poder fazer nada.
Eles mal sabiam o que pensar, era atônito demais, doloroso em uma escala de 30 ossos sendo partidos ao mesmo tempo. Tudo que a mãe deles passou, todos os insultos que Trixie proferia antes de dormir, amaldiçoando até a 5ª geração da sua mãe( o que era engraçado pois ela fazia parte dessa geração).
Eles poderiam resolver tudo aquilo agora, poderiam conhecer Nancy e a abraçar finalmente depois de 10 anos.
Continua...
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Pretending
Roman d'amour"E se as coisas fossem ao contrário? E se ao invés dos garotos fazerem as apostas, fossem as garotas a fazê-las?Onde Trixie e Becky fazem uma aposta: Quem será a primeira vez de Logan Cooper! 05/06/2024: #1 em fingir