8. "Aí tem!"

536 87 66
                                    

Robin acordará disposto naquela manhã. E isso era estranho porque ele também não era o maior fã de terças-feiras. Robin não era fã de dias semanais, e isso já era claro. Seu tio, Javier, até mesmo estranhou ver o sobrinho de pé na hora certa, perguntou se o menino estava se sentindo bem e recebeu como resposta uma revirada de olhos, o que indicava que Arellano estava ótimo.

Robin apenas não estava afim de se atrasar naquele dia.

Arellano então tratou de se arrumar o melh- digo o mais rápido possível. Tomou banho, escolheu sua melhor regata, uma também marrom com o desenho de Los Cochinos, a mesma calça do dia anterior, o escapulário que havia sido presente de sua abuela e, obviamente, a bandana preta. Está era sua favorita, também tinha sido um presente mas desta vez de sua mãe, antes de Robin partir do mexicano, ela o presenteou com a bandana para o menino nunca esqueça-lá. Robin disse que aquilo seria impossível de acontecer, com ou sem bandana.

Quando enfim terminou de se vestir, Robin desceu para o primeiro andar, encontrando com Javier na cozinha. O menino desejou bom dia ao mais velho e ouviu o mesmo desejar "bom dia" também em um tom mais abafado.

Robin sentou-se à mesa de café e logo viu o tio retirar a cara da geladeira para encara-lo profundamente. Robin arqueou uma sobrancelha em confusão, enquanto assistia os lumes de Javier ficarem semicerrados.

— Você passou a minha colônia? — foi o que o mais velho questionou, ainda com semblante neutro, porém ali Robin enxergava curiosidade. O menino de bandana sentiu seu rosto ficar um pouco mais quente e soube que estava ficando vermelho, Robin estava constrangido. Ele não achou que tivesse passado tanto assim.

— ...talvez? — disse Robin, um pouco tímido. Robin apreciava não precisar ser um valentão ali, em casa ele podia ser somente o Robin, menino fã de rock, um tanto irritado com coisas banais e com um talento para desenho escondido das pessoas, ele não precisava ser Arellano o mexicano valentão que todos temiam desde o começo dele no colégio.

O garoto viu seu tio fechar a porta da geladeira e se aproximar da mesa, onde ele se encontrava sentado. Javier cruzou os braços e sorriu maliciosamente. 

— Você está tentando impressionar uma garota?

— O que?? Não! — Robin se apressou em dizer. Ele levantou da mesa e foi até o armário no balcão da pia para pegar o pão de forma. Javier arqueou suas sobrancelhas vendo o que Robin estava fazendo.

— Sabe o que o meu pai dizia Robin? — perguntou o tio, fitando o menino de bandana fixamente. Arellano não desviou o olhar do saco de pão, pegando duas fatias dele em seguida.

— Eu não conheci o abuelo! — respondeu simplista. Javier acenou em concordância.

— Bem, ele dizia: un hombre sólo pasa perfume cuando va a una entrevista de trabajo, — Robin estava ouvindo atentamente — o, cuando quieres impresionar a una mujer
Robin parou de passar a geleia, que havia pego na geladeira, no pão. Ele não sabia muito bem o que dizer.

— Um homem pode passar perfume em outras ocasiões. — disse Robin, querendo fugir daquele assunto o mais rápido possível. Agora Robin se abominava por ter acordado cedo, ele estaria tão atrasado agora que teria tempo de somente escovar os dentes e seu tio não poderia fazer perguntas insuportáveis que ele não tinha respostas.

Necesitarás más que eso para conocerme. — disse o mais velho, ainda insistindo no assunto. Robin revirou os olhos e sentou sobe o balcão de cozinha, finalmente comendo seu pão de pasta de amendoim e geleia — Pode me contar Robin! Quem é a garota? — Robin permaneceu em silêncio. Ele não queria mais falar daquele assunto. Precisava existir uma garota? Robin se perguntava.
Robin somente estava disposto naquele dia, quis acordar cedo, tomar banho e consequentemente passou um perfume para encontrar os amigos na escola — Ou garoto?

Robin se engasgou. Arregalou os olhos para o homem e começou a tossir o pão mal engolido. Após se recuperar Robin fitou o tio como se ele fosse louco ou algo do tipo.

— Você endoidou??

— O que foi? Eu tenho uma mente aberta hijo, isso é totalmente normal, amor é amor! — disse o mais velho, voltando sua atenção para preparar seu café da manhã. Robin então se pôs a pensar. Amor é amor? O que seu tio estava insinuando com aquilo?

— Eu não sou..se sabe! — disse ele, ficando frustrado com o assunto incomodativo. Por que de repente tudo aquilo estava o incomodando? Robin agora também se perguntava o por quê de ter acordado tão cedo naquele dia somente para se arrumar, ele estava mesmo apenas disposto?

— Gay? Você pode dizer dizer se quiser. E eu não disse que você é gay! Eu disse que amor é amor, e caso aconteça de você gostar de um garoto, não precisa se preocupar com o que vou pensar. — Robin refletiu sobre as palavras do tio. Ele se sentia reconfortado com elas, mas não queria sentir. Porque Robin sentia que as palavras de seu tio estavam o afetando mais do que deveriam, estavam afetando seu subconsciente e o fazendo pensar em coisas que ele não queria pensar. Robin então lembrou-se de Finn, e dos elogios que fizera a ele no dia anterior, e da cosquinha na barriga que o loiro o fizera sentir e de seu cheiro maravilhoso no fliperama. Robin então baniu todos aqueles pensamentos. Não queria sentir nada daquilo. Finn era seu amigo, bem ele estava se tornando seu melhor amigo em apenas um dia. E Robin não queria que aquilo mudasse.

— Obrigado pelo conselho, mas eu já vou! — ele largou o prato com restos de pão não terminados na pia. Desceu do balcão e foi até a sala onde estava sua mochila.

— Robin desde quando você come pasta de amendoim com geleia? — perguntou Javier, observou o prato do menino na pia com um sorriso de canto. O mais velho ouviu Robin grunhir em raiva e dizer aos berros: "No importa." Javier não pode deixar de rir e sorrir ainda mais. Nunca teve extremo contado com o sobrinho, mas assim que sua cunhada ligou para o mesmo pedindo para que Robin passa-se um tempo na casa dele na América pois as coisas estavam difíceis após a morte de seu irmão no Vietnã, Javier não êxito em aceitar. Queria o bem do menino e estar com uma garota ou um garoto não era importante, mas Javier sabia de uma coisa e seu único pensamento após a saída de Robin foi:

"Aí tem!"

𝐁𝐀𝐍𝐃𝐀𝐍𝐀𝐒 𝐀𝐙𝐔𝐈𝐒. ʳⁱⁿⁿᵉʸOnde histórias criam vida. Descubra agora