FENGÁRI - TaeJinKook (ABO)

CAPÍTULO 01

Capítulo não revisado!

Frio...

Era tudo o que Seokjin sentia enquanto encarava a imensidão da pista congelada antes de enfrentá-la novamente como um nobre guerreiro em busca de glória. Apreciava a sensação do gelo corrompido pelas laminas dos patins possuírem o cheiro de liberdade.

Ele adentrou a pista e deslizou pelo gelo lentamente. Estava cansado e suado, mas não cogitava possibilidade de sair daquele lugar até a exaustão lhe nocautear. Contudo, seus planos foram cancelados quando ouviu o barulho das portas duplas e em seguida os passos arrastados do vigia do local se aproximar.

— Está tarde, ômega. É melhor ir pra casa, não é seguro andar sozinho neste horário. — O velho alfa avisou.

Seokjin o encarou e retornou para os bancos da pista, logo retirando os patins e colocando as proteções nas laminas, para que pudesse guardar em sua mochila.

— Você aceita um café? — O vigia perguntou quando notou os lábios trêmulos do ômega devido o frio.

— Obrigado, Vitor. Eu já estou indo pra casa, não se preocupe.

Seokjin levantou-se e se foi, sendo observado pelo senhor na entrada do local. Ele morava na mesma rua da pista e isso possibilitava que Vitor acompanhasse seus passos de longe, até ele chegar em sua pequena casinha branca no final da rua em segurança.

Os cuidados em forma de bronca que Vitor oferecia a Seokjin, era o máximo de afeto que ele recebia desde que mudou-se para a Itália, fugindo de pessoas que não hesitaram em lhe machucar de todas as formas possíveis.

Sempre foi sozinho e recluso, não confiava em ninguém e não buscava ninguém para depositar confiança. Achava que possuía segredos que poderiam vim à tona caso permitisse pessoas demais em sua vida monótona.

Ele vinha de uma das famílias mais ricas da Coreia do Sul, mas preferiu largar tudo e fugir quando a constatação de que sua permanência naquele covil de víboras lhe custaria sua alma. Ele não conheceu a mãe, pois a mesma morreu quando ele nasceu. Seu pai passou a vida lhe culpando pela perda de sua alma gêmea e tudo piorou quando decidiu que precisava se casar novamente, trazendo para dentro de casa uma ômega gananciosa e mal o suficiente para transformar sua vida em um inferno, com o consentimento de seu próprio pai.

Seokjin cresceu com a ideia deturpada que foi implantada em sua mente de que era um ômega falho, quebrado. Ele era um lúpus puro que não conseguia comandar sua loba. Dividia o mesmo corpo com um lupino forte e espirituoso que não hesitava em tomar o controle como uma besta descontrolada sempre que tinha a oportunidade. Desde que sua loba emergiu pela primeira vez com cinco anos, seu pai buscou enjaular todos os seus instintos primitivos com o receio de que um ômega pudesse ter mais voz que ele dentro de casa, e isso afastou Seokjin de sua luna, não permitindo que ambos se conectassem e se entendessem.

Quando chegou em casa, retirou os sapatos e o sobretudo, jogando sob a poltrona na sala. Seu lar era a sua única fonte de segurança naquela vida vazia e ao mesmo tempo, agitada demais. Quando fugiu, seu destino não foi tão longe de Seul. Ele passou quase dois meses em uma pensão, fugindo de quem quer que fosse, até o dia que recebeu dois envelopes de seu pai. No primeiro havia uma carta pedindo desculpas por tudo e um apelo desesperado para que ele fugisse sem olhar para trás. No segundo envelope, havia documentos que lhe dava o direito de receber uma quantia em dinheiro que lhe proporcionaria uma boa vida por alguns anos.

Seokjin não pensou muito e naquela mesma noite, viajou para a Itália e matriculou-se em uma universidade para que sua permanência em outro país não fosse tão complicada. A menos de um ano, havia conseguido a cidadania italiana e poderia respirar mais aliviado, sem correr o risco de ser deportado.