Capítulo 17

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Quando deixaram a consulta, Fernanda e Miguel disseram a Aníbal o que o médico havia dito, ele só podia abraçar sua filha, agora que a havia recuperado, havia o risco de perdê-la

-Mais uma coisa, Fernanda não pode viajar de avião, o médico acha que é perigoso por causa da pressão-

-Vão ficar em São Paulo ou vão voltar? -

-O médico preferiria que ela ficasse, mas vamos voltar de carro, podemos pedir emprestado o seu, eu arranjo alguém para trazê-lo de volta-

-Obviamente Miguel- disse Aníbal entregando-lhe as chaves do carro
Durante esta conversa, Fernanda manteve-se em silêncio, observando dois dos homens mais importantes de sua vida

-Filha, vai ficar tudo bem- Aníbal pegou a mão de Fernanda e a beijou, ela apenas olhou para ele e sorriu

-Bem, tenho que voltar para Puerto de Cielo, vocês vão ficar bem-

-Sim, Aníbal, não se preocupe, eu ficarei de olho em Fernanda-

-Vou ficar bem, pai, apenas tenha cuidado-

Aníbal despediu-se e dirigiu-se para o aeroporto, enquanto Miguel e Fernanda ficaram do lado de fora do hospital em silêncio, ele só pôde observar como os olhos dela, que há alguns dias atrás havia demonstrado ilusão, haviam se voltado para a tristeza e a preocupação

-Fernanda- disse Miguel quebrando o silêncio

-Sim-

-Eu sei que você deve estar cansado, mas tenho que ir verificar alguns planos em meu escritório, não faz mal se formos rápido, vou tentar não demorar muito tempo-

-Está tudo bem Miguel, eu sei que você tem alguns assuntos a tratar-

Os dois entraram no carro, a viagem foi em silêncio com Fernanda olhando pela janela e deixando cair algumas lágrimas.

Quando chegaram ao prédio foram ao escritório do Miguel, Fernanda
reconheceu o lugar, ela ajudou o Miguel a encontrar o lugar, escolheu as cores e a decoração de todo o lugar, embora o espaço atual fosse maior as coisas que ela havia escolhido ainda estavam no lugar

-Por aqui Fernanda, este é o meu escritório- Fernanda olhou ao redor do lugar e houve mudanças, no lugar onde antes havia um retrato dela havia uma pintura do mar

-Você pode deitar-se no sofá, vou rever alguns assuntos com os engenheiros na sala da diretoria-

-Não há problema Miguel, eu fico aqui-

Fernanda olhou fixamente para o lugar, em um dos móveis havia duas molduras, uma com a foto de seu filho e a outra com a imagem de Lúcia, isto foi um lembrete para Fernanda de que Miguel estava em um relacionamento, que mesmo que ele se comportasse bem ele não era mais seu homem, depois de olhar a foto ela se sentou no sofá e deitou a cabeça, seus olhos estavam pesados e depois da notícia que ela recebeu ela só queria dormir

Miguel tentou resolver seu pendente no escritório o mais rápido possível, mesmo assim levou três horas para resolver tudo, de vez em quando ele olhava para o relógio esperando que Fernanda não desesperasse de estar sozinha em seu escritório, quando terminou tudo o que foi ao seu escritório ele gentilmente abriu a porta e encontrou Fernanda dormindo no sofá em uma posição que parecia não ser muito confortável, ele tomou um momento para observá-la, ela parecia calma a preocupação do noticiário da manhã havia deixado seu rosto, ele sabia que deveria acordá-la e levá-la para comer alguma coisa, ele se aproximou dela lentamente e tocou sua bochecha chamando-a

-Fernanda- disse ele suavemente

–Fernanda-

Lentamente ela abriu os olhos e se viu de frente para Miguel

-Desculpe, demorei mais do que pensava, mas agora podemos ir-

-Que horas são? -

-São quase três da tarde-

-Vamos comer alguma coisa, você deve comer bem-

Eles saíram e foram ao restaurante favorito de Fernanda, onde Rubhino já a havia levado, sentaram-se e levaram o cardápio

-Você sabe o que vai pedir-

-No-

Fernanda havia esquecido como era poder escolher algo para comer, na prisão nunca foi uma opção

-Se bem me lembro, o risoto de legumes era seu favorito- Fernanda sorriu, Miguel lembrou-se disso

-Sim, é o meu prato favorito-

Depois de alguns minutos eles tomaram seu pedido e o silêncio voltou à mesa, ambos se olharam nos olhos, mas não disseram nada, as poucas pessoas que conseguiram segurar o olhar por tanto tempo foi Miguel, quando namoravam eles o faziam como um jogo, mas agora havia tanto a dizer que esperavam que sua olhada dissesse tudo, sem pensar que Fernanda quebrou o silêncio

-Perdão-

-Por quê? -

-Por ter saído, por ter machucado você como eu fiz, não foi minha intenção, há uma explicação para tudo-

-Eu recebi sua carta, está tudo explicado lá dentro-

-Essa carta não foi escrita por mim, Miguel-

-Foi a sua caligrafia, Fernanda-

-Sim, mas eu não queria escrevê-la, forçaram-me a fazê-la-

-Quem-

-Não posso lhe dizer tudo agora, Miguel-

-Fernanda, você já começou-

-Por favor, hoje não, só quero que você saiba que ninguém neste mundo pode amá-lo tanto quanto eu o amei-

Miguel não sabia o que dizer, os anos que haviam passado juntos como marido e mulher haviam sido os melhores, Fernanda o havia feito muito feliz, ela lhe havia dado um filho e um dia ela desapareceu, ele sabia no fundo que algo havia acontecido, ele a conhecia bem, as palavras daquela carta não pareciam Fernanda

-Está tudo bem, podemos falar sobre isso mais tarde-

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⏰ Last updated: Apr 11, 2023 ⏰

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