ISADORA DE MORAES
Poucos dias após o meu conselho, o pedido foi feito num jantar romântico e, como resultado, Maria está esfuziante.
Por esses dias, me perguntei quanto tempo mais o meu coração aguentará ser maltratado até dar um fim num amor totalmente platônico. Nós não temos chance, sabemos disso. Sentimos isso. Então por que não consigo seguir em frente?
Estou levando uma apunhalada atrás da outra, uma vez que eu fui a escolhida para ajudar a Maria com os preparativos. E como não seria se sou a melhor amiga? Mesmo assim, ainda saio de orbita quando vejo Felipe.
Eu preciso dar um jeito nisso ou irei parar num manicômio. Pior, posso perder a amizade da minha pessoa favorita no mundo.
— O que você acha, Isa? — escuto a voz doce de Maria.
Está com os cabelos castanhos presos num rabo de cavalo. Suas madeixas são lisas na raiz e termina em ondas. A pele é pálida demais para alguém que nasceu numa cidade quente como a nossa, mas combina com ela, que tem feições singelas, delicadas. Certamente, Maria seria uma protagonista de um romance de época que não é a joia da temporada, mesmo assim é a pessoa por quem o mocinho se apaixona.
Estico-me melhor em sua direção para ver o que está me mostrando. Não fico surpresa quando vejo um vestido de noiva bem simples, porém encantador. É de alças finas e acinturado, longo, do tipo que irá abraçar o corpo da noiva nos lugares certos, mas também tem um decote profundo e um forro rendado para não ser um vestido simples demais. Afinal, é um vestido de noiva. E é totalmente a cara de Maria: singelo, porém memorável.
Sorrio e aceno com a cabeça.
— Continue procurando, mas salve este. Ele é a sua cara.
Maria sorri também.
— Sinto que posso olhar outros milhões de vestidos e ainda assim esse será o escolhido.
— É bem capaz, mas sua mãe irá morrer do coração se ver que escolheu o primeiro que te fascinou, então finja que ainda está buscando o vestido ideal.
— Tem razão. Deus me livre de acabar com a alegria de dona Zuleica — solta uma risadinha.
Maria é a única filha de três irmãos. Portanto, sua mãe está nas nuvens por estar casando sua menininha, a mais mimada da família. Se fossem ricos, Maria correria o risco de ter um casamento de princesa.
Minha tia aparece na sala. Estou na casa da Maria. Vou dormir aqui para que Maria possa me aproveitar na parte da manhã. Ela quer fazer um cronograma para conter a ansiedade e, segundo ela, como sou organizada, irei saber ajudá-la.
Estou cansada do trabalho, mesmo assim permaneço fazendo companhia a Maria e minha tia. Embora esteja morrendo de medo de elas irem noite a dentro com suas ideias. Neste momento, minha tia está com um álbum em mãos, ela havia ido buscar sabe-se lá porque.
Tia Zuleica senta no chão da sala e abre o álbum diante de si. Tento segurar a risada quando vejo o que é. Visto que Maria está com a boca aberta em indignação, presumo que ela não sabia da existência desse álbum.
O álbum está intitulado como "Planos de Maria" e a primeira página tem organizado como foi feita a festa de Maria de um ano. O que me fez querer rir foi que também tem uma foto da Maria bebê com a mão cheia de bolo, porque provavelmente aproveitou a distração dos adultos.
Minha tia passa as páginas e vejo que a vida de Maria está registrada ali. Quando ela chega onde quer, nos deparamos com o subtítulo: planos de casamento; abaixo tem algumas ideias para o evento, espaço para outras e também espaço para fotos pequenas.
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A Chama Que Arde Entre Nós |DEGUSTAÇÃO|
Romance[COMPLETO NA AMAZON] Isadora de Moraes fez de tudo para ter uma vida próspera, mas, no auge dos seus vinte e cinco anos, a mulher se vê numa situação desconcertante: ela não começou a carreira profissional como desejava e, como toda desgraça é pouca...