York Shin

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York Shin. Fazia tempo que não colocava os pés neste lugar.

York Shin é uma metrópole num país relativamente grande, mas não posso denominá-la como qualquer metrópole. Porque, sobretudo, ela é nitidamente interessante e cheia de peculiaridades.

Máfia e leilão são quase sinônimos para este lugar, muito conhecido por seus leilões realizados anualmente, entre o primeiro e o décimo dia de setembro. O mais famoso deles é o "Southernpiece Auction", o maior leilão do mundo que ocorre entre os dias 6 e 10 deste mês.

Nunca fui a nenhum, mas não é à toa que vim nesta época do ano. Estou ansiosa para saber como vai ocorrer o Southernpiece Auction deste ano.

Em contrapartida, a máfia local exerce bastante influência por aqui, influência política, e é a principal organizadora do Southernpiece Auction.

Mas como em qualquer lugar do mundo, York Shin também tem sua faceta perigosa, mesmo sendo meio óbvio, afinal, onde se tem máfia e leilões, tem perigo iminente.

É o que a torna peculiar.

Estou passeando pela cidade, há muitos comerciantes por aqui, amontoados como numa feira. Acredito que estejam aproveitando o período em que vem gente do mundo todo para cá, para aumentar as vendas e enganar alguns turistas idiotas, o que acredito que seja uma grande possibilidade de acontecer. Esse povo é astucioso quando se trata de negócios.

Em meio aos murmúrios dos transeuntes, ouço um garotinho de cabelos brancos se surpreender ao ver uma faca Ben. Ele está na companhia de um homem de óculos, alto, usando terno e gravata. E tem outro garoto de cabelos espetados, de vestimentas verdes, e é ele quem segura a faca prateada com três pontas em baixo e dois cortes côncavos rente as pontas de cima. Essa faca é pouco conhecida e por isso muitos colecionadores a procuram. Imagino que esses garotos tenham percebido a pequena quantidade de aura que circunda o objeto e logo foram até ela.

O garoto continuou a falar sobre o objeto e me surpreendi com o fato dele saber tanto sobre ela. Observei-os por um tempo para saber até onde o adolescente de madeixas brancas continuaria com o assunto. Ao notar que mudaram as rédeas da conversa, prossegui caminhando.

É muito comum que os comerciantes tentem vender objetos falsificados no mercado de trocas para as pessoas, isso acontece por falta de conhecimento dos compradores muitas vezes.

Além de que aqui, é o cliente quem deve dar os preços, mesmo que algumas peças já tenham um preço estimado. Como por exemplo, itens populares, obviamente serão mais caros. Porém, o sistema de negociação funciona como em um leilão, literalmente, você anota o preço que está disposto a pagar, e quem der o lance mais alto após o término do tempo, fica com o item. 

Me aproximo de alguns artefatos que chamaram minha atenção. O primeiro deles é uma estátua de madeira com um rosto desenhado nela. É verdadeira pelo menos. Se você for usuário de nen, consegue sentir levemente a aura que ela emite. Infelizmente, um tal de Zepile já deu um lance de 500 Jenny por ela.

Seja lá quem for ele, gostaria de fazer uma belíssima menção pelo bom gosto.

Só que, ela não é uma estátua, apesar de se parecer com uma. Eu pego o artefato e o analiso um pouco. É um cofre de madeira que era utilizado pelos ricos para esconderem seu dinheiro.

Logo adiante, vejo uma pintura, mas também com o lance do mesmo tal de Zepile. Esse cara está acabando com meus planos de gastar dinheiro com peças realmente interessantes.

Considerando meu desgosto no mercado de trocas, fui para o centro da cidade e lá entrei em um restaurante local e me sentei próxima à janela. A mesa é grande, talvez porque eu esteja sozinha e ela pareça grande, mas é o que acontece quando você inventa de viajar sozinha. Você vai comer num restaurante e se dá conta de que está sem companhia. Bom, ao menos era isso que eu pensava.

À minha frente, em outra mesa, tem um homem de cabelo preto, liso, delimitando-se um pouco abaixo da nuca, a franja está espalhada pela testa. Ele está usando uma camiseta preta com a gola até o pescoço e um casaco aberto ao meio. Sua pele é pálida e sua face serena, mas misteriosa, não é estranho que eu não o tenha percebido aqui.

— Seu café e a torta de frutas vermelhas, senhor — diz a garçonete, pondo o pedido sobre a mesa, fazendo-o parar de digitar alguma coisa no celular.

— Obrigado — respondeu ele.

E pude notar que sua voz é suave e firme. Ela se dirige até mim e eu faço meu pedido.

Enquanto esperava, me mantive quieta. Às vezes observava, através da vidraça da janela, o movimento do lado de fora, outrora olhava para o rapaz à minha frente. Havia algo nele que me havia chamado a atenção. No entanto, não conseguia formular o que era exatamente.

Sinceramente, eu não sei o que me fez ficar vidrada nele.

Sinto vontade de perguntar se ele é um Hunter, mas fico na minha. Tenho que parar com essa mania de querer saber se todas as pessoas que conheço são caçadores também.

Ele tem postura e etiqueta para comer, deve ser de alguma família rica, pelo visto. Seus olhos são negros e seu rosto é delicado e inexpressivo. Ele parece transmitir um forte magnetismo, talvez seja esse o motivo de eu querer olhar para ele o tempo todo.

A energia intensa que transmite… Esse magnetismo.

De repente, meu celular vibra por baixo do bolso da calça que estou usando. Pego o aparelho e vejo uma mensagem do meu pai perguntando se já cheguei em York Shin e mais algumas outras que eu não chego a ler. Bloqueio a tela e ouço a voz da garçonete, carismática e sorridente perto de mim.

Na mesa, ela põe meu cappuccino de baunilha e um pudim.

É, eu sei… As chances de ter diabetes desse jeito são enormes, mas nada do que uma boa quantidade generosa de açúcar para alegrar o dia. Agradeço a moça, e percebo que o homem misterioso estava olhando para mim por um tempinho, mas ignoro-o e volto a atenção para os meus docinhos.

Sem mais delongas, o rapaz se levanta e vai embora. Levo meu cappuccino até a boca e o bebo, está exatamente do jeito que gosto.

Peguei o catálogo de leilão deste ano na casa de leilão. Vi o jogo Greed Island nele, sete cópias à venda. O lance mínimo é de 8.9 bilhões. Nossa, esse leilão vai pegar fogo com os valores dessas peças.

Incrivelmente, vejo os meninos de antes no estabelecimento, mas estou um pouco mais distante deles do que antes, mesmo assim é o suficiente para ouvir a conversa deles  com o vendedor.

Eu bufo com a tentativa do mais velho de enganá-los, e eles olham para mim rapidamente, mas retomam a atenção para o homem que volta a mentir para os garotos.

O que esse homem acha que está dizendo? Ele está tentando enganar esses garotos na maior cara lisa.

Inspiro profundamente e solto o ar. Não preciso me envolver nisso, acredito que eles sejam espertos o suficiente para saírem dessa situação.

Afinal, quem reconhece uma faca Ben tão facilmente, também reconhece um bom mentiroso.

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Entt, estou repostando a fanfic depois de ler uma mensagem aqui que me deixou num mix de tristeza e alegria. Esse capítulo já está com as modificações necessárias e há menção de cenas do arco, mas com alterações para não ser igual, já que o arco é apenas para servir de background para a história.

Poker Face - Imagine Illumi ZoldyckOnde histórias criam vida. Descubra agora