Capítulo 22: Talvez

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Park Ha Rin

Saudades... Tinha outra palavra que definia melhor o que sentíamos? Não só nesse dia em específico, mas em todos os outros. Os anos iam passando mas aquele sentimento permanecia ali. A falta que eles faziam, esteve sempre ali.

Eu segurava firmemente o guarda-chuva e escutava os pingos que caíam um atrás do outro sobre ele. Pela primeira vez, no dia vinte e cinco de outubro, eu saí de casa sem ser arrastada por alguém. Eu fiz isso, apenas eu.

Todo ano, nesse mesmo dia, fechávamos o restaurante. Era um momento delicado em que nem eu, nem vovó e nem Sae Mi queríamos ter que esconder nossos sentimentos, porque realmente, nós nunca conseguíamos fazê-lo.

Quando eu e Sae Mi estudávamos, faltávamos a aula. Sempre nos isolávamos, e o único que conseguiu fazer parte disso foi Min Kyu. No início de nossa amizade até tentei evitá-lo mas ele foi persistente, e conseguiu.

Apesar disso, eu nunca consegui dar o primeiro passo e ir até ele. Naquele dia, onde seu coração também estava quebrado, ele tentava consolar a mim e a minha família. Mas nunca fui capaz de fazer o mesmo por ele até agora.

— Não devia ter andado tanto...

— Fiquei com medo de que pegasse chuva. — sorri.

— Vou te levar até em casa, ok?

Assenti em resposta e então nos levantamos juntos. Min Kyu tinha de buscar a chave do carro que estava em sua mochila na sala de aula, então acompanhei-o até a entrada e depois de vê-lo entrar, fiquei ali parada olhando ao redor.

— Ha Rin? — ouvi uma voz feminina chamar-me e virei-me curiosa em sua direção. So Hee estava em pé atrás de mim.

— Oi! Desculpe, estava distraída.

— Tudo bem. O que faz por aqui? — pausou, rindo. — Ah... Que pergunta idiota a minha! Veio visitar o Min Kyu, certo?

— Sim. Estou esperando por ele.

— Ah, sei. — sorriu antes de desviar o olhar para a chuva que caía, após uma breve olhada, So Hee voltou a fitar-me.

Sentia-me insegura perto dela. Sua presença fazia com que eu me sentisse pequena e eu estava odiando aquilo. So Hee era totalmente o meu oposto. Mas tínhamos algo em comum... Nós duas tínhamos sentimentos por Min Kyu.

— Min Kyu parece um pouco desligado hoje, por isso combinamos de fazermos algo hoje à noite. Você vai?

Hoje? — perguntei, surpresa. — Bom, hoje não vou.

— É. Bom, que pena! Espero que consiga animá-lo um pouco agora, Ha Rin! Preciso ir, tenha um bom dia hoje!

So Hee acenou e entrou de volta no prédio enquanto eu fiquei ali parada, incrédula e com cara de idiota. Min Kyu não costumava encontrar outras pessoas ou marcar compromissos no dia vinte e cinco. Aquilo era chocante.

Segundos depois, Min Kyu apareceu e atrás dele vinha Jin Wook, o mesmo rapaz que nos fez ir ao jogo de basquete. Quando Min Kyu parou em minha frente, Jin Wook fez o mesmo com um sorriso largo que chegou a me assustar.

— Soube que estão namorando, parabéns! Cuide bem dele, por favor. Ele é louquinho por você! — exclamou, animado.

Dei uma risada. Min Kyu olhou para Jin Wook com olhar de reprovação e o vi dar de ombros. Era bom saber que Min Kyu falava de mim o bastante para que outras pessoas além de vovó e Sae Mi percebessem seus sentimentos por mim.

— Pode não parecer mas ele sabe se cuidar. — brinquei.

Jin Wook achou graça e Min Kyu apenas ficou olhando-nos com uma expressão tediosa no rosto. A chuva ainda caía, mas levemente, como um simples chuvisco e o cheiro de grama molhada ficava cada vez mais forte ao nosso redor.

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