Capítulo 24: Confiança?

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Imóvel. Atônita. A possibilidade daquilo ser uma brincadeira passou brevemente pela minha cabeça mas foi descartada pelo seu olhar. Como aquilo podia estar acontecendo? Eu não fazia a mínima ideia de como reagir.

Pisquei algumas vezes, mastigando suas palavras. Do Hwa ainda segurava minha mão, e eu já nem conseguia olhar em seu rosto. Olhei ao redor, vendo que os clientes nem pareciam estar preocupados com o que acontecia.

Eu não podia ter uma conversa com ele ali e não podia deixá-lo sem uma resposta. Não tinha como fingir que não escutei, e eu precisava entender o que estava acontecendo. De qualquer forma, eu precisava encarar a situação.

— Podemos... Conversar lá fora? — perguntei.

Do Hwa levantou-se e foi só nesse momento que ele soltou minha mão. Seguimos juntos para fora do restaurante, o clima estava fresco e os raios de sol brilhavam. Parei afastada da porta, e Do Hwa aos poucos, aproximou-se.

— Você pode me explicar? — pedi, calmamente.

Do Hwa ergueu seus olhos, estava parado em minha frente e parecia envergonhado. Definitivamente, eu nunca o vira como uma postura parecida. Era como se eu estivesse à frente de outra pessoa e isso me deixava preocupada.

— Eu não venho aqui só pela comida da sua avó.

Minha respiração travou por alguns segundos e era como se tudo ao meu redor tivesse parado junto. Quando voltei a mim, respirei fundo, tentando me recompor. Aquilo não abalava meus sentimentos mas era um pouco confuso.

— Está querendo dizer que isso é antigo?

— É. Eu... Perdão, eu realmente não devia...

— Do Hwa... — interrompi-o. — Continue.

— Eu não quero atrapalhar. Perdão, Ha Rin.

— Não é certo me deixar sem explicações.

Do Hwa encarou seus próprios pés, parecia hesitante. Eu sentia minhas mãos tremerem. Ainda parecia surreal que aquilo estava acontecendo. Se Do Hwa sentia algo por mim, a paixão boba que inventei foi correspondida.

— Último ano escolar, você lembra? Conversamos brevemente na sala sobre a formatura e nosso futuro.

Assenti com a cabeça, trazendo-me vagamente a memória do momento mencionado. Não lembrava-me muito bem. Mas sei que tivemos uma conversa sincera, onde Do Hwa contou-me que não tinha sonhos ou desejos profissionais.

— Você entendeu o que eu quis dizer aquele dia. No último ano escolar, o que mais encontramos é alunos cheios de sonhos e metas para cumprir. Mas você não, você era como eu. Só estava seguindo e não parecia perdida por isso. Não vou dizer que me apaixonei por você ali, não foi assim. Isso aconteceu gradativamente com o passar do tempo. Mas foi naquele dia que tudo começou e desde então não mudou.

Suas palavras eram sinceras e aquilo foi assustador. Do Hwa realmente tinha sentimentos por mim e agora suas idas ao restaurante faziam mais sentido. E provavelmente, ele não tenha falado pelo mesmo motivo de Kang Woo.

— Por que nunca me falou nada? — perguntei.

— Min Kyu. Eu... Pensei que gostava dele.

— E você não acha isso mais?

— Não sei responder mais. Estou confuso.

— Você não estava namorando? — questionei.

Do Hwa assentiu, abaixando o olhar novamente. Ele parecia estar se sentindo péssimo, como se sentisse culpado, como se estivesse fazendo algo errado. Ele parecia arrependido como se nunca quisesse ter dito nada.

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