Capítulo 9

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Pov. Ethan

Sinto minhas mãos suarem e meu coração bater frenético no peito, uma ansiedade que não sentia a muito tempo me domina assim que estaciono o meu carro numa das vagas reservadas em frente a boate. 

Havia conversado com meu amigo Alexander mais cedo e além de ficar muito feliz com uma visita minha a sua boate, ele também me colocou em uma espécie de lista VIP que me dava alguns privilégios.

Já estava saindo do carro quando um fusca caindo aos pedaços estaciona ao meu lado travando totalmente a minha porta, respiro fundo e estava pronto para gritar com a pessoa que estivesse no volante para tirar o seu carro e estacionar direito quando o motorista desce  e o reconheço quase que imediatamente, é o mesmo homem que estava com Ingrid no hotel.

Me recosto no banco e aguardo por alguns segundos, ele atravessa a rua e sequer entra na fila que se forma na porta da boate, caminha como se já fosse bastante ambientado e vai até o segurança na porta, a pouca iluminação na rua não me ajuda muito a entender o que está acontecendo, mas consigo ver que ele conversa com alguém de forma animada, não preciso me esforçar muito para descobrir quem é, pois ela dá um grande passo para o lado e sai da sombra do segurança grandão, que porra de vestido é esse que Ingrid está usando?!

Ela logo entra abraçada com o palhaço, o que não impede que um monte de babaca olhe para sua bunda e até assoviem, tento me acalmar um pouco e quando vou sair do carro toda a minha raiva volta, o fusca acabado me fechou de um jeito que é impossível abrir a porta e sair, me arrasto pelo banco e sou obrigado a sair pelo lado do passageiro, travo meu carro e vou em direção à boate.

Apesar de já passar da meia noite a fila na porta chega a dobrar na esquina, caminho até o segurança enquanto ouço alguns resmungos das pessoas que aguardam na fila para entrar e algumas mulheres até chegam a se oferecer para me fazer companhia, apenas ignoro a todos e informo meu nome ao segurança com caras de poucos amigos junto do meu documento, ele checa algumas folhas e assim que confirma meu nome, ele levanta uma cordinha que impede as pessoas de entrarem e libera minha passagem.

Já fazia um bom tempo que não entrava em uma boate, a música extremamente alta e centenas de pessoas suadas se apertando e esbarrando em um espaço tão pequeno nunca me foi muito atrativo, durante a faculdade frequentei mais a biblioteca do que bares e boates, o que destoava de uma boa parte dos meus colegas, e assim que me formei dividia meu tempo entre trabalhar e me aperfeiçoar como médico, o que me rendeu a vaga em um dos melhores hospitais de São Paulo.

Assim que vejo o tanto de pessoas me arrependo da camisa de manga longa e da calça social preta que escolhi para hoje, mesmo com o ar condicionado ligado já sinto a onda de calor me dominar, arregaço as mangas da camisa e vou abrindo caminho entre as pessoas dançantes tentando encontrar uma em específico, por sorte os bares eram bem iluminados e não precisei procurar muito para vê-la em um canto mais afastado com mais dois bartenders.

Corto caminho pelas pessoas e consigo chegar ao balcão, vejo seu amigo a alguns metros de onde estou, mas nenhum dos dois percebem a minha presença, aproveito isso para observar a interação deles mais de perto, parecem verdadeiramente íntimos, mas de uma forma diferente a qual vi pela primeira vez, ele parece mais interessado em um dos barmen do que nela, solto um suspiro de alívio sem ao menos perceber.

Cansado de ficar parado sem ter sua atenção, estico a mão e toco seu pulso de leve, esquecendo por alguns segundos o quanto ela se assustava fácil, uma característica que ela não perdeu com o passar dos anos, já que se sobressalta e acaba derrubando o copo de metal que estava lavando em cima do seu pé.

- Aiii que droga, mas que por... - sua rosto irritado trava na hora em que nossos olhares se conectam.

- Você está bem? - ela parece me escutar apesar do barulho, mas não diz nada.

Duas Vezes AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora