Capítulo 8

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Pov. Ingrid

Quando Amanda falou que não demoraria muito para o lugar encher, ela não estava brincando, mal havíamos terminado de arrumar as bebidas e os copos e o lugar começou a virar um enxame de gente.

As luzes agora já estavam apagadas e apenas pontos estratégicos eram iluminados, como os bares, o banheiro, a escada e os pole dances que já estavam ocupados pelas dançarinas semi nuas, tirando isso tudo era iluminado por apenas um jogo de luzes que piscavam de acordo com a batida da música.

Trabalhar ao lado de Ramon e Otávio se mostrou ser uma tarefa muito mais fácil do que eu imaginava, eles vivem se provocando o que me arranca boas risadas, sem contar que quando qualquer cliente mais assanhadinho tentava alguma gracinha eles logo os espantava, e o fato deles serem lindos de morrer só ajudava a me encantar ainda mais.

Já perto da meia noite o lugar parecia um formigueiro, com um pouquinho de esforço consegui falar no ouvido de Otávio que precisava sair por alguns minutos e mesmo me dando o espaço que precisava, foi impossível não esbarrar em seu corpo musculoso, o que arrancou um sorriso malicioso dele e um rosto completamente vermelho meu, graças a Deus o ambiente escuro não deixava minha vergonha tão evidente.

Passo no banheiro primeiro e lavo meu rosto, minha vergonha ainda estava estampada na minha cara. Muito ridículo. Não posso nem encostar em um homem sem parecer uma virgem desajeitada, não que eu não fosse as duas coisas, mas depois de anos de controle tudo parecia ter caído por terra só por ter visto ele.

Ethan. A tantos anos que não me permitia pensar nele que só tornou tudo ainda mais forte, agora parecia que ele havia criado raízes na minha cabeça.

Jogo mais um pouco de água no rosto e no pescoço, o que remove qualquer resquício de maquiagem e deixa o meu rosto mais natural e graças a pouca iluminação não teria problemas com isso.

Me espremo entre a multidão de corpos dançantes até chegar no corredor da entrada que está bem mais vazio, a música também não é tão alta aqui e não estoura os meus ouvidos como a segundos atrás, cumprimento Rafael, um segurança grandão e que botaria medo em qualquer um ali apenas com uma carranca, mas para quem o conhecia, assim como eu, sabia que era apenas fachada e que era um babão quando estava com a pequena Mila, sua filha de cinco anos.

- Oi grandão, não sabia que estava trabalhando aqui. - sempre acabávamos nos esbarrando quando pegava algum turno trabalhando em bares e boates noturnas.

- E aí pequena, se dividindo em quantas essa semana?

- Acho que cheguei a marca de treze. - ele sabia um pouco da minha situação e me dava muito apoio, mesmo me achando doida e dizendo que devia me focar apenas em minha formação.

- Mila está cobrando muito aquela combinação estranha de sorvete sua, viu? - mesmo que sua fala tenha se dirigido a mim, sua atenção está na fila que parece não ter fim.

- Passa na sorveteria segunda, estarei lá até às quatro, vou adorar revê-la. - ele me lança uma piscadela e sei que estará lá, essa é sua forma charmosa de "fechar um trato". - Tenho que voltar, mas antes, você não viu o Lucas por aqui?

Ele me olha e parece pensar por alguns segundos só que antes que consiga responder uma figura tão conhecida por mim vira a esquina com os seus barulhos tão característicos de motor estourando, quase desistindo da vida e estaciona em uma vaga minúscula espremido entre dois carros de luxo que destoam em muito do pequeno fusca do meu amigo.

Ele atravessa a rua sob alguns olhares estranhos das pessoas esperando na fila, mas nem liga caminha de cabeça erguida e parece me procurar, dou um passo para o lado, já que o corpo enorme de Rafael me cobria quase que por completo e ele finalmente me vê, e corre até mim me abraçando, mesmo não gostando muito de contato físico deixo que ele me segure por alguns segundos.

Duas Vezes AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora