Capítulo 12

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Pov. Ethan

Conversar com Ingrid foi um pouco mais fácil do que eu achei que seria, depois do nosso encontro desastroso no hotel achei que ela não me ouviria e me evitaria por um tempo.

Logo depois que tivemos que encerrar a nossa conversa decidi ir embora, não conseguiria mais um momento a sós com ela mesmo e precisava alimentar Boo antes que ela destruísse as cortinas do hotel, o endereço que Ingrid me deu estava bem guardado na carteira e só conseguia me perguntar quantos empregos ela tinha e o por quê precisava de todos eles.

No hotel ela já havia deixado escapar que tinha formação em enfermagem, o que sempre foi seu sonho, mas agora trabalhava em um hotel como faxineira, numa boate como barwoman, num restaurante e aposto que se eu cavasse mais um pouquinho acharia mais alguns empregos.

Dirijo devagar pelas ruas de São Paulo aproveitando que dado ao horário estão praticamente desertas, mesmo tendo algumas horas que tomei a dose de bebida alcoólica e tendo tomado bastante água depois, não queria me arriscar de forma alguma, já vi alguns casos de acidentes de carro em que o motorista estava sob influência do álcool e não era nada bonito, não queria me juntar as estatísticas.

O hotel, mesmo a essa hora, está bem iluminado o que o torna um ponto de referência mesmo de longe, paro o carro na entrada do hotel com preguiça demais para ir até o subsolo estacionar.

Jogo as chaves para o manobrista que mesmo com cara de cansado as agarra no ar e dá uma leve corridinha até a porta do motorista, olho no relógio em meu pulso e vejo que já passa das quatro horas da manhã, meu corpo clama por descanso, mas minha mente parece estar bem desperta ainda.

Por algum motivo assim que fecho a porta do meu apartamento a minha mente trás de volta a imagem de Ingrid apenas de roupão andando pelo meu quarto, e logo em seguida ela com aquele ridículo vestido curto que deixava as suas penas nuas, lembro que quando adolescente suas roupas eram apenas calças largas e moletons, acho que só quando estava em casa ela usava roupas mais apertadas e curtas, vê-la assim em uma boate deu muita corda para minha imaginação.

Mesmo depois de anos ainda a via como minha amiga, o respeito e o amor que sentia por ela não mudaram com o passar do tempo, mesmo com a mágoa da forma que nossas vidas se separaram, mas uma parte da minha mente, que antes era bem pequena, começava a fantasiar coisas nada respeitosas, coisas que amigos não deveriam pensar sobre o outro.

Me jogo no colchão macio e Boo pula sobre meu peito ronronando e pedindo por carinho, acaricio entre suas orelhas e ela se esparrama, mesmo com minha companheira em meu colo minha cabeça ainda está no meu assunto pendente.

Acho que estar tanto tempo sem uma mulher já estava começando a me afetar, não que eu fosse um conquistador nato que vivia de cama em cama com várias mulheres, mesmo que minha aparência me desse uma certa facilidade para isso, tinha apenas alguns casos casuais que me satisfaziam quando a necessidade falava mais alto, mas com a mudança de cidade, o emprego novo e os estudos para manter minha mente sempre afiada, acabou não me sobrando tempo para pensar em mais nada, a não ser nas pernas desnudas de Ingrid, as suas curvas acentuadas e em como ela se arrepiou ao meu toque.

A raiva que senti quando vi o barman idiota segurando seu pé e sussurrando em seu ouvido ainda queimava em meu peito, por muito pouco não pulei o balcão e o afastei dela como um homem das cavernas faria, sabia muito bem qual era o sentimento que estava sentindo e não fazia o menor sentido.

Sempre tive um instinto protetor com Ingrid, nos conhecemos ainda crianças quando dois meninos maiores a intimidavam, ela estava acuada, suas trancinhas meio desfeitas já que eles haviam puxado seu cabelo, o rosto muito vermelho num misto de vergonha e raiva, ela fica muito fofa com raiva, mesmo que seu tamanho não intimide ninguém, a defendi aquele dia, e não nos separamos mais, mas agora esse instinto protetor parecia mil vezes mais forte.

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⏰ Última atualização: Mar 15 ⏰

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