Capítulo seis: Intervenção.

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Nos três dias seguintes eu chorava por horas, não abri a janela, eu não conseguia levantar da cama nem para tomar banho, eu não conseguia comer direito e nem parar de pensar no que estava acontecendo em Wexford.
Jonah não saia do meu quarto nenhum segundo, ele apenas se sentou e ficou ali, Emily tinha que trabalhar, mas ela passava o tempo livre todo tentando me fazer comer.
Eu não conseguia parar de pensar e se meus blackouts se tornarem mais e mais frequentes? Meus pensamentos obsessivos ficarem ainda mais insustentáveis e eu tiver surtos e crises e... Talvez Elaine, Helena-sei-lá-o-que estivesse certa, eu não estava pronta para sair do Saint Catherine.
Eu me perguntei por que os meus pais não me ligavam, por que Malloney e Eros, nem meus amigos pareciam se lembrar de que eu havia sido condenada a um exílio na cidade de Dublin.
Era o quartodia e eu sabia que meu corpo precisava de alimentos e água e que eu precisava tomar banho e manter minha cabeça ocupada... Mas simplesmente não conseguia unir forças para me levantar.
Jonah estava sentado nos pés da minha cama, em silêncio, então vi pela visão periférica ele olhar a tela do celular e sorrir.
― Alô... Estão? Tudo bem... Acho que podem... Certo.
Ele me olhou e deu um grande sorriso, então alguém bateu na porta e Jonah se levantou, caminhou até lá e a abriu, então eu vi as minhas pessoas favoritas passarem pela porta.
― Ei... O que é isso ― Falei secando uma lágrima.
― Intervenção... Emily ligou... ― Morgana falou se sentando ao meu lado.
― É nós viemos assim que terminamos nossas obrigações em Wexford... ― Minha irmã falou ― Senti sua falta, a casa é tão sem vida sem você... ― Falou me abraçando.
― Ninguém se esqueceu de você ― Arian falou sorrindo gentilmente.
― Vamos cara pálida, tire sua bunda milionária da cama e vá para o chuveiro, porque vamos nos aventurar na cidadede Dublin.
Eu neguei.
― Eu... Gente... Agradeço que vieram, eu estou feliz de ver vocês, mas eu... Eu não consigo okay? Eu não tenho vontade de sair e...
― Eu sei como funciona e você sabe que se tiver tempo demais para pensar, não vai conseguir ― Kyle disse.
― Apenas faça ― Falou Kaleb.
― Vamos, você quer ir até o chuveiro? Ou prefere que tragamos ele até você? ―  Mirella  falou estreitando os olhos
― Você não...
― Você sabe que ela é capaz ― Morgana me alertou.
― Anda logo, parece que alguma coisa morreu nesse quarto ― Minha irmã falou franzindo o nariz.
Eu arregalei os olhos e me tranquei no banheiro na velocidade da luz.
Depois de tomar banho, saí e me vesti com a ajuda da minha irmã e Morgana.
― Vocês... Sabem como terminaram as coisas? Mamãe e papai... Platen não disseram nada?
Elas suspiraram.
― Por que Joseph não veio?
Morgana me olhou um pouco incomodada pelo espelho.
― Ele acha que eu machuquei Julianne e Helena... Elizzy-sei-lá-o-que? Não é?
― Não é isso... É só que... Achamos que ele e Eros iriam brigar e isso iria deixar você ansiosa... Ele pode vir outro dia... ― Minha irmã falou.
― Eros...
― Ele está lá embaixo... Eu achei que era melhor ele esperar... Não sabíamos como você estaria...
Eu agradeci apenas concordando devagar com um aceno.
― Jonah fica com você o tempo todo?
― Sim... Ele não sai nem um minuto.
Malloney sorriu.
― Ele é o melhor mesmo.
Assenti.
Desci as escadas acompanhada de Morgana e Malloney, quando chegamos a grande sala de estar dos meus avós, Joseph estava ali, com Eros, os dois estavam se encarando e pareciam bem irritados.
― Não era a sua maldita decisão ― Joseph disse.
― Ela não quer ver você ― Eros disse impaciente.
― Quem é você para dizer o que ela quer ou não? Acabou de conhecer ela.
Eu olhei para Morgana aflita e ela acenou a pra Matt e Kaleb para separarem os dois.
― O que está acontecendo aqui? Por que estão brigando?
Os dois me olharam imediatamente e suas expressões suavizaram rapidamente.
― Ei boo ― Joseph disse me abraçando rapidamente.
― Ei... Eu achei que você não viria...
― Eu estou aqui agora, vamos resolver tudo, como fizemos antes, juntos, eu e você, Victor e Kyle.
Eu assenti.
― Olá... Como está ― Eros perguntou segurando minha mão gentilmente.
― Eu... Não sei bem... Isso tudo...
Eros assentiu.
― Estou feliz que estão aqui, os dois... Vocês podem dar uma trégua por uma noite pelo amor de Deus?
Eles se olharam  contrariados e apertaram as mãos.
Eu suspirei aliviada
― Eu achei que você não estivesse aqui... Você acha que eu machuquei Julianne?
― É claro que não, por Deus... Você é  incapaz de machucar qualquer coisa... O que eu disse é que... Você... Você precisa tratar esses blackouts... Não queremos que você se complique ou se machuque...
― Estou com medo... Porque eu não quero me machucar de novo.
― Não vai ― Eros disse ― Você está rodeada de pessoas que amam você, nada de ruim vai acontecer, não vamos deixar ― Ele garantiu.
― Nós aproveitamos nosso dia livre para vir até aqui, nessa missão de resgate, vamos fazer você se divertir e muito e sorrir  de montão ― Kaleb falou.
Eu assenti e nós nos dividimos em 4 carros e saímos pela cidade de Dublin.
― O que nós vamos fazer? ― Perguntei ao Eros.
Ele sorriu e retirou uma das mãos do volante para segurar minha mão e levou ela até os lábios.
― Vamos encontrar Emily e almoçar em Tample bar, pra começar, preciso alimentar você, você emagreceu... Deuses ― Falou me olhando aflito.
― Podemos ir ao Museu de cera... ― Arian disse.
― Ao Museu do leprechaun ― Victoria falou.
Eros a olhou divertido, em uma conversa muda ela deu de ombros e assentiu.
Dois de chegarmos a Tample bar, nos encontramos com Emily para um almoço, fazendo muito barulho e juntando três mesas, nosso pequeno grupo encheu o restaurante.
Os mais velhos pediram cerveja enquanto nós adolescentes bebíamos refrigerante.
― Você parece mais disposta ― Emily disse segurando a minha mão.
― Eu estou melhor, eu só queria ir para casa...
Ela assentiu.
― Vou falar com seus pais okay?
― Já estão prontos para fazerem seus pedidos? ― A senhora perguntou.
― Ah sim... ― Emily falou.
― Pode começar por aí ― Falei apontando para o outro lado da mesa.
― Vou querer um Champ ― Victor disse.
― Ah eu também ― Kyle concordou.
― Eu quero Colcannom ― Malloney disse.
― Eu vou querer Boxty ― Falei ― Alguém mais?
― Eu vou pedir o mesmo ― Morgana disse olhando meu cardápio.
― Eu quero Coddle,por favor ― Eros disse finalizando os pedidos.
― Obrigada ― Emily disse entregando todos os cardápios
Nosso almoço foi divertido e feito entre piadas e gargalhadas, eu estava apenas observando como todos eles acabaram se dando bem e como entraram em um acordo apenas para viajar até aqui e me fazer sentir melhor.
Depois de uma excelente refeição com todas as maravilhas que a cozinha tradicional irlandesa pode oferecer fomos para os carros e seguimos nosso dia de diversão em direção ao museu de cera onde seria nossa primeira parada.
O museu de cera é divertido, São quatro andares, existem várias esculturas de cera de várias celebridades irlandesas, algumas da Inglaterra e também várias atrações interativas.
A minha sala favorita sempre foi a do mundo das crianças, haviam todos os meus personagens favoritos de todas as animações que eu adorava, personagens de Harry Potter.
Perto da porta havia um botão que acionava o sistema de som, que explicava as esculturas, suas metragens e tocava algumas músicas.
A sala seguinte haviam vários cantores, os membros do U2, que é a banda favorita de todo irlandês que se preze, também existe um estúdio do museu onde você pode criar vídeos fazendo idiotices e poses com seus videoclipes favoritos.
Enquanto todos os outros foram para a câmara dos horrores eu, claramente não estava em um clima para aquilo, por motivos óbvios.
― Como você acha que será agora? ― Perguntei a minha irmã.
― Nossos pais conseguiram adiar a audiência... Até depois das festas de fim de ano...
― Eu não vou poder estudar na Lun?
Malloney suspirou e negou devagar.
― Prometo a você que a San Patrick não é tão ruim... Sabe... ― Minha irmã falou sorridente ― Temos uma biblioteca muito boa... Levando em consideração as obras que são banidas por conteúdo controverso ― Falou fazendo aspas.
Eu ri.
― O que seriam controversos?
Ela riu.
― Harry Potter? ― Falou divertida.
Eu gargalhei.
― Isso... É essa risada que eu queria ouvir ― Emily falou me abraçando pelos ombros.
Eu sorri para ela.
― Obrigada por insistir pra eu sair de casa... Eu não sou... Eu nesses momentos... Me desculpa.
― Esta tudo bem... Entendo agora e entendi naquele momento... Você vai melhorar.
Eu assenti, sem ter certeza de que acreditava naquilo.
Meu coração começou a bater muito rápido quando caminhamos para os carros novamente, nossa próxima parada seria o museu do leprechaun, era o favorito da minha cunhada Victoria.
Eu parei um segundo e respirei fundo.
― Tudo bem? ― Eros perguntou.
Eu apenas assenti.
― É só que... As vezes meu coração... Entende?
Ele assentiu.
― Você... É... Posso abraçar você?
Eu hesitei um pouco, mas me aproximei devagar e Eros gentilmente passou os braços por sobre os meus ombros me acolhendo em seu abraço, que era grande demais para alguém tão pequeno como eu, mas ainda assim, era a melhor coisa que eu poderia receber agora.
Fechei os olhos e tentei não me concentrar em meus pensamentos turbulentos.
Depois do que pareceu uma eternidade eu e Erosnos separamos.
― Obrigada...
― De nada... Mas... Pelo que exatamente está me agradecendo?
― Por ser paciente... Compreender e me dar espaço... Eu sei que não é fácil e só... Por vir até aqui... Obrigada Sunshine.
― Hey, é minha parte fazer isso... Eu sou seu namorado lembra? É o que namorados fazem Moonlight.
Eu sorri e acaricie a bochecha dele.
― Eu... Você sabe...
― Eu sei, eu sempre soube ― Falou convencido me pegando pela mão e indo até o lado do passageiro onde ele abriu a porta para mim.
― Sempre? ― Perguntei confusa.
― Sempre ― Falou depois de se sentar ao volante.
― Mesmo quando a gente brigava e gritava?
― Mesmo assim, eu posso dizer que tive algumas... Informações privilegiadas.
Eu o olhei incrédula.
― Eu tenho as piores amigas.
― E irmã... Tive que subornar ela com algumas joias exclusivas da Charlotte.
Eu o olhei irritada.
― Estamos juntosafinal ― Ele disse puxando e atando meu cinto de segurança e beijando meu rosto.
― Isso é absurdo e revoltante embora.
Ele deu de ombros.
― Você sabe o que um Leprechaun é?
― Eu sou Irlandesa ― Falei como se fosse óbvio.
― E então? ― Arian incentivou.
― Criaturas mitológicas anãs, com roupas verdes e sapatos de madeira com fivela de ouro? Costumávamos desenhá-los na escola no dia de San Patrick.
― Eles também são os guardiões das terras da Irlanda e eles guardam o pote de ouro no final do arco-íris ― Victoria disse animada.
― Como pode ver essa é a história favorita dela ― Eros disse recebendo um tapa de Victoria em sua nuca.
― Ei, estou dirigindo ― Ele repreendeu.
Eros dirigia feito doido como sempre e chegar no museu foi rápido, já que ele conhecia bem o caminho por ser o favorito de Victoria.
Descemos do carro e esperei Eros travar o carro e andamos lado a lado junto com nosso pequeno grupo até a entrada, Emily pagaria por todas as entradas e não deixou mais ninguém colocar as mãos nos bolsos, teimosa como sempre.
O recepcionista nos deu boas vindas em gaélico, que é nosso primeiro idioma, mas não exercemos tanto quanto se costumava fazer antigamente.
Logo na entrada avistei um enorme boneco Leprechaun, com banquinhos de cogumelos onde você pode tirar fotos com seu grupo e foi o que nós fizemos.
Logo em seguida, havia um quadro daqueles onde você pode colocar o rosto, com espaço para quatro pessoas, a imagem mostrava Leprechauns com graveto e aparentemente brigando.
― Leprechauns podem ser criaturinha bem temperamentais ― Victoria disse baixo.
― O que? ― Perguntei confusa.
― Você sabe... As lendas, dizem que são brigões e não podem ver nada brilhante.
― Esses não são os Gramblings? ― Minha irmã perguntou.
― Gremlins ― Victoria corrigiu gentilmente ― Eles são basicamente uma variação a lenda dos Leprechauns.
Uma das salas do museu contém muitos quadros com informações realmente interessantes, na sala seguinte era redonda e tinha um pilar com um pote de ouro em cima.
― Toque pra dar sorte ― Eros disse pegando minha mão e colocando sobre as moedas geladas.
Eu sorri.
― Eu realmente vou precisar.
Outra sala tinha um poço de pedra e no fundo era possível ver uma porção de pedras azuis brilhantes, se você olhasse para cima podia ver no teto o que parecia ser a tampa do poço.
― Sempre quis surrupiar uma dessas pedras ― Victoria sussurrou para mim.
Eu ri e nós seguimos para a sala onde parecia que você estava dentro do arco-íris.
― Isso não te dá vertigem? ― Perguntei a Eros.
Ele deu aquela gargalhada alta, linda e quente e negou.
― Você quer seguir?
― Por favor.
A sala seguinte era composta por uma porção de objetos em tamanho gigantesco, que fazia você se sentir como um Leprechaun vivendo no mundo em tamanho real.
Nós tiramos uma porção de fotos naquela sala e foi honestamente a minha favorita.
― Agora vocês sabem como eu me sinto com vocês por perto? ― Falei divertida
Joseph riu e assentiu.
― Sem mais subir em dispensas para alcançar coisas ― Falou divertido e eu gargalhei.
Nós voltamos todos para a casa da minha avó onde ela preparou uma refeição maravilhosa e perguntou tudo sobre nosso dia.
― Eu quero que suba e arrume as suas coisas ― Minha irmã falou.
― Mas... Eu achei que ficaria até nossos pais me buscarem de volta... Ou seja... Até a audiência... Ou o próximo ano letivo ou sabe Deus quando.
― Foda-se tudo isso, sou sua irmã mais velha e aquela casa... É muito estranha sem você, estou me autorizando a te levar de volta.
Eu olhei para Emily e meus avós.
― Está tudo bem, sabemos que não quer estar aqui, é em Wexford que você mora e onde sua vida está... Está tudo bem ― Vovó disse me abraçando.
― Você vai contar?
― Não, vou deixar Olivia ser surpreendida, acho que vai ser excepcional.
Eu ri.
― Eu realmente gostei de ter vindo,embora.
― Eu sei, e pode voltar quando quiser, todos vocês, sintam-se convidados sempre e sobre a Itália... Considere, eu acho que você iria se divertir muito.
― Precisamos saber o resultado da minha audiência e... Estou tentando ser positiva sobre isso... Mas eu acho que não vou poder sair do país por um longo tempo.
― Espero que esteja errada ― Emily disse ― Vejo você em vinte dias okay?
Assenti e puxei Eros até o meu quarto comigo, onde minhas coisas seriam arrumadas.
― Então... Vamos para casa? ― Falou divertido se encostando na porta.
Eu assenti e comecei a catar minhas coisas espalhadas pelo quarto e pelo banheiro.
― Pode me ajudar com isso? ― Falei fazendo uma careta para a mala pesada.
Ele assentiu e foi até mim pegando ela facilmente e posicionando no chão, próximo a porta.
― Então... Estamos de férias... Quais são as chances de eu conseguir te levar a um encontro de verdade.
― Eu queria poder dizer que são enormes, mas...
― Eu imaginei... Eu senti sua falta todos os dias desde o dia em que nos vimos pela última vez... Pareceu uma eternidade até esse momento ― Falou segurando minhas mãos.
― Eu entendo... É como se minha cabeça funcionasse muito rápido e meu mundo estivesse em slowmotion... E as vezes o contrário, não consigo acompanhar o mundo ao meu redor... É difícil saber quais desses sentimentos são meus e quais são só uma crise de ansiedade e pânico.
― Eu estou bem aqui, isso é real Moonlight ― Eros disse segurando meu rosto devagar e se inclinando até que seus lábios cobrissem os meus em um beijo paciente.
― Está pronta para ir? ― Jonah perguntou parado na porta de braços cruzados e uma expressão vazia.
Eu me afastei de Eros e assenti.
― Aqui vamos nós de novo ― Eros resmungou arrastando minha mala escada a baixo.
Depois de muita discussão e argumentos entre Jonah, Eros e Joseph, ficou decidido que Jonah iria dirigir o  Shellby , onde iríamos Eu, Eros, e Victoriae todos os outros retornariam nos respectivos carros onde vieram.
A viagem de Dublin até a Riverview State onde eu moro dura cerca de um dia inteiroe quatro horas se você tiver sorte com a estrada, o que não foi nosso caso, uma chuva caiu e tivemos que reduzir muito a velocidade, quando você é da Irlanda dirigirna chuva é algo com que se está acostumado, mas parecia que os céus estavam rachando.
Eros me segurava como se eu fosse desaparecer e Victoria tinha uma expressão esquisita no rosto.
Eu não conseguia ver o rosto de Jonah ou Wilhelm, mas ele parecia muito inquieto e Jonah muito atento a cada movimento na estrada.
Havia um posto de gasolina na beira da estrada junto à um pequeno hotel onde Jonah entrou, ele baixou os vidros e fez um sinal para os outros estacionarem no fundo do estacionamento do hotel e quando os carros foram estacionados Jonah se virou.
― Vou sair e fazer uma varredura, então você pega Brieanna e os outros e vai direto para dentro do hotel ― Jonah falou aWilhelm.
Wilhelmassentiu com um “Okay” rapidamente.
Vi Jonah empunhar a pistola segundos depois de sair de dentro do carro para a chuva lá fora.
― Ele viu alguma coisa na estrada... Não é? ― Perguntei a Wilhelm.
Wilhelm me olhou e deu de ombros.
― Jonah é paranoico, você sabe ― Wilhelm disse rapidamente.
Eu neguei.
― Tem algo muito estranho.
A voz de Jonah Soou no rádio de Wilhelm.
― Pode ir agora, sejam rápidos.
Wilhelm saltou e abriu a porta me segurando pela cintura, eu tinha Eros no outro lado e nós caminhamos direto para dentro do hotel, onde já estavam minha irmã e os outros.
― O que está acontecendo? ― Ela perguntou.
― Deve ser por causa da chuva, Jonah quer esperar passar a tempestade antes de pegar a estrada ― Tentei tranquilizar ela.
Ela me olhou desconfiada e assentiu.
Jonah voltou com uma bolsa preta no ombro e outra nas mãos.
― Eu gostaria de alugar o maior quarto que você tiver por algumas horas, vamos apenas esperar a tempestade passar ― Jonah falou.
― Tem a suíte presidencial, ela tem uma sala de estar, banheira, é a maior que temos.
― Tudo bem, vou pagar em dinheiro ― Jonah disse pegando um bolo de dinheiro muito maior do que o preço do quarto deveria custar ― E por favor, se qualquer pessoa passar por aqui perguntando sobre um grupo de jovens ou algo assim... Você não viu nada, correto?
― Você não é nenhum sequestrador não é?
Jonah não respondeu e apenas pegou o cartão e nós seguimos ele.
― Não é a tempestade não é? ― Malloney perguntou quando entramos nosdividindo em dois dos elevadores.
Jonah não respondeu.
― Confie em Jonah, vai ficar tudo bem... ― Falei segurandoa mão dela e tentando acreditar naquilo.
Depois que elevador emitiu um som e as portas se abriram, Jonah foi o primeiro a sair, checando o corredor e então, passando um braço por minha cintura, Wilhelm fez o mesmo com minha irmã e eles nos guiaram rapidamente até o quarto, onde Jonah passou um cartão no leitor na porta e manteve ela aberta para entrarmos, minha irmã acendeu uma luz e Jonah imediatamente a apagou.
― Mantenham as luzes apagadas ― Jonah insistiu ― Wilhelm as persianas.
Wilhelm assentiu e se apressou em fechar as cortinas enquanto os outros entravam no quarto.
― Por que estamos aqui? ― Joseph quis saber.
― Sentem-se todos, em silêncio ― Jonah falou.
― Jonah... Sei que teve algo que viu na estrada... O que está acontecendo? ― Perguntei.
― Me de cinco minutos, por favor Briea ― Ele disse indo em direção ao quarto e ouvi ele descendo as persianas lá e checando se as luzes da suíte e do banheiro estavam apagadas.
Quando Jonah retornou ele colocou a bolsa sobre a mesa e andou até o sofá onde eu estava sentada. Segurou minha mão e se abaixou até seus olhos estarem na altura dos meus.
― Respire fundo ― Ele pediu ― Mantenha a calma... Eu vi um Porsche e um Mustang enquanto estávamos na estrada durante a tempestade, as placas e a cor não batiam com os carros anteriores, mas isso pode ser mudado facilmente, porém, não pegaremos a estrada até eu ter certeza de que é seguro.
Senti um frio tomar meu corpo e um enjoo fazendo um gosto amargo subir por minha garganta.
― Você está bem? ― Eros quis saber se aproximando, mas eu corri para o banheiro, sendo seguida por Jonah em primeiro lugar, depois minha irmã e Morgana.
Eu esvaziei qualquer coisa que houvesse em meu corpo sentindo minha pulsação batendo forte e meu sangue correr rápido abafando minha audição, minhas mãos tremiam, assim como minhas pernas.
Jonah segurava meu cabelo enquanto eu vomitava e me mandava respirar fundo.
Depois que eu parei de vomitar, Jonah me ajudou a me levantar, fechou o vaso e me ajudou a lavar meu rosto e minha boca e me deu uma goma de mascar.
Então retornamos até onde os outros estavam, todos estavam sentados divididos pelos três sofás no ambiente, eu ainda estava tonta e tremendo, um monte de lágrimas e um soluço desesperado deixaram meu corpo, então Jonah segurou a minha mão e me fez sentar no chão, da mesma forma que ele havia feito depois de meu pesadelo na casa dos meus avós.
Jonah me deu um lenço e secou minhas bochechas, então colocou meus braços entorno dos meus joelhos e começou a conversar comigo.
― Respire fundo, eu estou aqui, Wilhelm está aqui e nada vai acontecer com ninguém enquanto estivermos aqui, esse é seu espaço seguro e isso é a única coisa com que precisa lidar agora, se concentre em sua respiração... Você vai ficar aqui, sentada até eu voltar e Wilhelm vai cuidar de você, fique longe das janela e todos em silêncio, okay?
Eu assenti e Jonah sorriu para mim.
― Já passamos por coisas mais difíceis, vamos lidar com isso, você é muito corajosa, estou orgulhoso ― Ele disse depois que viu que eu consegui me controlar.
Jonah deu as mesmas instruções a Wilhelm e os outros, fiquem em silêncio, longe das janelas e com luzes apagadas.
Jonah voltou até a bolsa preta enorme na mesa e retirou o paletó e colocou um colete a prova de balas, o que me deixou nervosa, porque ele já esperava que fossem atirar neles.
Então Jonah retirou outros dois coletes e andou até mim e me fez ficar de pé e retirar minha jaqueta, então ele colocou o colete que era pesado e fez o mesmo com Malloney.
― E Wilhelm?
Wilhelm abriu um botão da camisa branca para que eu visse o colete por baixo dela.
Eu assenti, sabia que além de Jonah, minha irmã Wilhelm e eu os outros estariam seguros, porque nós somos o objetivo final.
Jonah retirou um coldre com duas pistolas e colocou eles na cintura, depois retirou uma pequena metralhadora e checou o carregador e me olhou sorrindo e tentando me tranquilizar.
― Por que você tem que ir lá fora?
― Vou checar se ele não nos seguiram, se tudo estiver limpo vamos esperar a tempestade passar e seguimos viagem.
Eu suspirei seguindo até Jonah.
― Se cuide sim? ― Falei sentindo meu coração errar algumas batidas.
― Pode deixar, fique longe das janelas ― Jonah disse antes de sair pela porta.

Sociedade da Lua: Livro II - A Escuridão.Onde histórias criam vida. Descubra agora