Capítulo sete: Tome sua vida de volta.

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Eu ainda estava nervosa e minha irmã me deu meus remédios para que eu dormisse no caminho de volta, eu não me lembro de chegar em casa, nem de ser retirada do carro, apenas que acordei na manhã seguinte, vestindo roupas diferentes e na cama da minha irmã.

O quarto estava frio, vazio e silencioso quando me levantei, demorei alguns minutos até terminar de me ajeitar para descer as escadas.
Eu andei em passos lentos até a cozinha ainda tentando ajeitar meu cabelo e sentindo meus olhos arderem pelo que me pareceram pouquíssimas horas de sono.
Eu vi Lucyla e minha irmã na cozinha, Malloney estava tomando o café da manhã de cabeça baixa, massageando a têmporas.
― Ei... Você acordou ― Lucy disse.
― Eu... Eu não me lembro de ter subido...
― Eros carregou você até lá... Ele ficou te olhando dormir por alguns minutos, foi fofo ― Minha irmã falou ― Bom dia boo ― Falou me abraçando.
― Você chorou? ― Perguntei olhando para os olhos vermelhos dela.
― Não... ― Ela secou a bochecha ― Não se preocupe, okay? Vem,está com fome?
― Um pouco... Mall... Mamá e papá ficaram bravos porque você me trouxe de volta? ― Perguntei preocupada.
― Não, boo... Eu me resolvo com eles okay?
Eu assenti me sentando à mesa, vi minha irmã arregalar os olhos e arrancar o jornal de cima da mesa imediatamente.
― O que foi? O que publicaram que deixou você assim?
― Não é nada... Eu falo com você logo, okay? Eu preciso... Só... ― Ela tentou sair da cozinha e eu segurei o braço dela puxando ela para um abraço quando ela começou a chorar desesperadamente.
― Ei me diga o que aconteceu? Eu dormi na estrada? Todos os outros estão bem?
Ela apenas assentiu e eu arranquei o jornal amassado das mãos dela com certa dificuldade... A manchete que estampava a primeira página inteira do IrishTimes era.


“Atentado em Castledermont deixa 4  mortos e 12 feridos”

No subtítulo eu podia ver o nome do hotel de beira de estrada onde havíamos parado e então as coisas começaram a fazer sentido.
― Santo Deus! ― Falei largando o jornal e correndo para o banheiro social que ficava próximo da sala de jantar sentindo meu estômago revirar, lágrimas grossas embaçando minha visão e meu coração batendo tão rápido que minhas costelas doíam.
Eu vomitei um líquido amarelado e mal cheiroso, tremi por cerca de cinco minutos com minha irmã me segurando enquanto nós duas choramos naquele chão.
― Por que contou a ela? O que tem na cabeça? ― Meu pai berrou com minha irmã.
― Ela ia acabar sabendo de qualquer forma, eu não vou esconder mais nada dela, ela não é mais criança pai!
― Sim ela é e você está destruindo a saúde mental dela Malloney Valentine, você acha que ela tem condições de lidar com isso? Olhe o estado dela.
― Eu não estou destruindo nada pai, mentir não é a melhor forma de nos proteger, temos que lidar com as coisas, o Senhor não vai viver para sempre ― Minha irmã disse me ajudando a levantar.
― Ela deveria estar em Londres... Na escola em Saint Moritz... Não aqui desprotegida...
― Eu acho que ficou bem claro o quanto querem nos usar para atingi-lo pai, nenhum lugar é seguro... É melhor rever com quem andou tendo desavenças porque isso está refletindo em nós ― Minha irmã disse me levando para a cozinha ― Tome seu café da manhã e arrume suas coisas... Você vai para seu trabalho no hotel e eu vou voltar a desenhar roupas com a April, depois vamos em um encontro duplo, apenas eu e William e você e Eros... Vamos tomar nossa vida de volta, feito?
Eu tremi.
― Eu não vou conseguir sair ― Falei secando as lágrimas que não paravam de escorrer ― Todas aquelas pessoas... Deus!
― Não é nossa culpa... Eu sei que é algo difícil de lidar... Estou pirando... Se quiser antes de ir para o hotel podemos falar com Mason e Sarah...
Eu assenti.
― Só você pode conseguir sua vida de volta... Uma vida normal.
― Minha vida nunca foi normal... Eu não sei por onde começar...
― Felizmente estamos juntas nessa e agora você tem um namorado charmoso e os melhores amigos do mundo para te ajudar com isso.
― Por que está fazendo isso? Por que você se importa?
― Porque você é minha irmã e eu estou tão cheia de te ver desse jeito... Eu cuido de você e você tenta me ajudar nisso feito?
Eu assenti e minha irmã me abraçou e beijou meu cabelo depois subiu as escadas, provavelmente para se arrumar.
Depois de tomar café eu fui para o meu quarto e comecei a me arrumar, vesti meu uniforme do hotel e fiquei parada em frente ao espelho enquanto tentava conter as lágrimas, aquelas pessoas morreram... Elas nem mesmo me conheciam e elas...
― Então você vai para o hotel? ― Minha mãe perguntou.
Eu apenas assenti.
― Eu estou tomando minha vida de volta... Ela é minha, não tem nada que a senhora ou papá possam dizer... Não vou mais sair de Wexford contra minha vontade novamente.
Ela me olhou surpresa, mas assentiu.
― Eu vou para o hotel também... Gostaria de uma carona?
― Não, Malloney vai me levar ao meu psiquiatra e depois ao hotel.
Minha mãe assentiu.
― Eu e Malloney temos um encontro hoje... Então nós devemos chegar tarde...
― Encontro?
― É com os nossos namorados... William e Eros, tenho certeza que se lembra deles.
Minha mãe mordeu os lábios.
― Isso é tudo coisa da Malloney então?
― É coisa minha, eu só quero ser normal e ter uma vida.
Minha mãe concordou beijando minha bochecha.
― Estejam em casa antes das 10h00pm ― Falou antes de sair do meu quarto.
Suspirei e fui pegar todas as coisas que precisava antes de descer as escadas.
Minha irmã esperava por mim perto dos últimos degraus e balançava as chaves do Jaguar nos dedos.
― Estou pronta... Vamos ver o Mason?
― Sim... Acho que você precisa colocar isso para fora... Conversar com ele te ajuda a não surtar.
Eu sorri sem jeito e nós duas saímos pela porta e encontramos Jonah e Wilhelm na garagem, eles não usavam os ternos de sempre, ambos estavam de jeans e casacos de couro, bem mais despojados do que eu estava acostumada.
― Estou com medo de perguntar ― Falei apontando para as roupas deles.
― Isso foi eu, eles não precisam parecer agentes do MI6 o tempo inteiro...
Eu concordava com minha irmã, embora fosse irremediavelmente impossível não notar os homens enormes e com expressões sérias demais atrás de duas adolescentes bem pequenas, Wilhelm se sentou no lado do motorista, minha irmã foi ao lado dele e Jonah se sentou no banco de trás comigo
― Como está se sentindo? Conseguiu dormir? ― Jonah perguntou.
― Eu dormi... Acho que Malloney exagerou na dose... Minha cabeça está um pouco pesada... Você sabia? O que iria acontecer quando deixássemos o hotel? ― Perguntei com um embrulho no estômago... A ideia de que Jonah escolheu sacrificar todas aquelas pessoas inocentes para salvar duas crianças riquinhas me enjoava, mesmo que eu e minha irmã fossemos essas crianças riquinhas.
― Não, absolutamente, eu assumi que eles apenas fariam uma varredura e vendo que seus alvos não estavam ali eles recuariam... Jamais contaria com esse efeito...
― Eles são piores do que eu imaginava...
― Sim... Devem ter oferecido muito dinheiro e eles devem estar com um prazo atrasado...
― Você diz como se soubesse sobre isso...
― Conheci alguns mercenários nos lugares onde trabalhei... Existe uma... Rede de... Recompensas online...
Eu assenti.
Wilhelm dirigia calmamente pela N11, eu notava Jonah um pouco inquieto olhando para trás o tempo todo, assim que chegamos no prédio de tijolos vermelhos Wilhelm estacionou nos fundos, desceu e andou por alguns minutos pelo estacionamento em uma varredura rápida, então voltou e ele e Jonah escoltaram eu e minha irmã para dentro pela porta dos fundos sob uma garoa fina que caía naquela tarde cinzenta.
O ambiente interno estava muito mais quente e aconchegante do que a nevasca lá fora, na sala de espera podia ouvir o som do videogame que era disponibilizado para as crianças que estavam esperando por sua consulta e um noticiário na televisão que havia para distrair Hallie atrás do balcão, depois de avisar de nossa chegada nos dirigimos às poltronas no canto esquerdo da sala de espera.
Eu, minha irmã e nossos seguranças nos sentamos e passaram cerca de dez minutos até um Joseph pálido, vestindo um conjunto de moletom de esporte cruzar a porta acompanhado de Kyle que parecia ter dormido em uma sarjeta e tinha olheiras do tamanho de bolas de Hurling e Victor que vestia um kimono azul com a faixa roxa meio frouxa em seu quadril.
Kyle andou direto até onde eu estava, eu me levantei e deixei que ele me abraçasse, ele tremia incontrolavelmente, Joseph e Victor nos envolveram em um abraço de grupo enquanto eu era a única a chorar.
― Me desculpem... Eu só... Eu estava tentando realmente protegê-los, eu achei que isso já tinha acabado e... Eu sinto muito.
― Está tudo bem... Vai ficar ― Victor falou afagando minhas costas.
― Por favor, para de chorar ― Kyle pediu com a voz trêmula.
― Eu te amo, vai ficar tudo bem ― Joseph disse.
Depois que nós nos acalmamos e sentamos, eu dei algumas informações superficiais, porque Jonah e eu havíamos combinado que aquilo que descobrimos em Londres ficaria entre ele, meu pai e eu até termos uma confirmação.
Meu psiquiatra nos acompanhou pelo corredor até o elevador, seria uma sessão em grupo e até meus seguranças e Malloney estariam lá, acho que era algo que ajudaria a todos.
Quando passei pela porta, Sarah se aproximou e deixei ela me envolver em um abraço rapidamente, então nós entramos um a um.
Eu e Joseph nos sentamos no piano, Kyle pegou um violão e se sentou no chão, perto da poltrona onde Sarah fazia algumas anotações e Victor se sentou no Aquário da bateria, sabia que ele estava louco para colocar tudo para fora, por isso ele luta, por isso ele vive no limite e desafiando o próprio corpo, para manter o controle, ele é superprotetor e odeia quando não consegue manter longe as coisas que podem nos fazer voltar a um estado mental vulnerável.
― Vamos tocar o que? ― Joseph perguntou.
― Hurt...
― Cash?
Apenas assenti.
Eu e Joseph tocamos devagar a quatro mãos, fazendo o piano soar alto pelo estúdio, Kyle e Victor nos seguiram e eu não consegui ir até o fim sem deixar lágrimas caírem.
― Como a gente vai lidar com isso? Como se recuperar de algo desse tipo? ― Perguntei a Sarah me sentando no chão e colocando minha cabeça em meus joelhos, senti Joseph e Kyle me segurarem suavemente e explodi em um choro desesperado tentando respirar e me acalmar.
― Ei... Respire... O melhor jeito de passar por isso é lidar com isso ― Sarah disse.
― Tenha certeza de que isso não foi consequência de alguma escolha dos seus pais, ou sua, você não mereceu isso, não provocou isso ― Mason deixou claro.
― Existem vários tipos de seres humanos e às vezes alguns decidem tomar atitudes que nós não podemos entender, tudo o que podemos fazer é procurar forças nas coisas positivas que existem no mundo ― Sarah disse baixinho tocando meus cabelos.
― Somos pessoas boas e fazemos coisas boas para boas pessoas, mas não podemos esperar que todo o mundo seja igual, nada é igual, porém, colocando uma balança, existem mais motivos para resistir pelo bem do que para o mal ― Mason disse.
Eu levantei a cabeça secando as lágrimas rapidamente.
― Aquelas pessoas... Todas elas... 12 delas... 4 Mortas em uma noite... A vida só...
― É um sopro, é preciosa demais, por isso estamos todos juntos, por isso lutamos para fazer do mundo um lugar melhor, mais digno para todos ― Sarah disse ― Você pode usar sua vida para tocar a das outras pessoas, fazê-las melhor, descubra qual sua missão aqui e dê o melhor de si, então você vai entender o significado e o valor da vida.
Foi uma consulta de duas horas e meia, onde todos nós estávamos expondo todos os nossos medos, chorando desesperadamente e procurando por uma resposta, eu não estava mais me importando em manter uma fachada de que tudo estava bem.
Minha irmã chorou por vinte minutos sem parar, Victor confessou que tinha pesadelos comigo tentando me matar, Joseph disse que sonhava com o tempo em que estávamos nos Saint Catherine, Kyle disse que sonhava que estava correndo pelos corredores e que não haviam janelas ou portas para sair, apenas corredores brancos por horas e horas.
Eu só queria que nós melhorássemos, na saída do consultório, depois de usar o banheiro e ter a ajuda da minha irmã para tentar deixar meu rosto mais apresentável, sai para sala de espera lá fora, abracei meus psiquiatras agradecendo por tudo, Sarah me lembrou que se eu precisasse conversar tudo o que eu tinha que fazer era ligar, a qualquer horário, em qualquer dia.
Depois saímos pela porta dos fundos para a chuva e a neve lá fora.
― Você fica tão séria com esse uniforme, mas eu gosto... Dá uma ideia de futuro, de que você vai ficar bem e crescer e ser uma mulher extraordinária ― Joseph disse beijando minha bochecha, ele foi o que passou mais tempo me abraçando, sussurrando como eu deveria me cuidar.
De volta ao jaguar azul, Wilhelm nos levou para o Brown’s onde eu e Jonah ficaríamos, depois que me despedi da minha irmã, hesitando para soltá-la do abraço desesperado, porque tinha medo não vê-la novamente, entrei no hotel me encaminhando as minhas funções.
O que foi extremamente irritante de realizar com Jonah ao meu lado em todos os segundos, mas eu consegui manter a calma durante toda a tarde, quando a luz opaca acinzentada deixou o céu dando espaço para a escuridão da noite Wilhelm voltou para nos apanhar.
Eu precisava ir para casa, teria um encontro de verdade com Eros, era real agora, minhas esperanças estavam todas em que tudo daria certo, rezei para o universo ou o que quer que estivesse acima me ouvindo que essa noite fosse perfeita e tranquila.
Wilhelm estacionou em nossa garagem e Malloney e ele foram os primeiros a sair, eu e Jonah descemos do carro devagar.
― Jonah...
― Sim Briea...
― Como você está? Sobre o que houve no hotel... Sei que está se concentrando em me ajudar a processar... Mas...
― Nunca é fácil lidar com esse tipo de situação... Mas digamos que eu tenho um preparo para isso... Não é justo que você esteja sofrendo com isso embora ― Ele disse tocando meu ombro.
― Não, não é ― Falei baixo ― Me desculpe por Malloney interferir em como vocês fazem seu trabalho, eu só queria que eu pudesse ter segurança e minha vida normal... Ao menos tentar descobrir o que é normal já que ela nunca foi normal... Entende?
― Perfeitamente... Sei que vamos encontrar uma forma de nos ajustarmos a tudo isso até que essa situação esteja resolvida definitivamente.
― Então... Você está ficando?
― Apenas eu e Wilhelm... Alfred e os outros têm famílias em Londres e eles vão precisar voltar em algum momento.
Eu sorri largamente e sem pensar fiquei na ponta dos pés para alcançar a bochecha de Jonah e beijá-la.
― Você é um amigo incrível Jonah Harrington.
Ele ficou vermelho e abraçou meus ombros desajeitadamente beijando minha testa rapidamente.
― Você também é Brieanna Brown.
Eu sorri e entrei em casa, minha irmã estava me esperando nas escadas.
― William e Eros chegam em uma hora, já para o banho ― Falou batendo palminhas animada.
Eu gargalhei por vê-la daquela forma, era definitivamente algo a mais.
― Pode me ajudar a escolher algo para vestir e todo o resto? Eu nunca realmente tive um encontro com Eros... Entende?
― É claro, vai ser o melhor encontro da sua vida, pode confiar ― Falou passando um braço por meus ombros enquanto subíamos até meu quarto.
Eu ri e assenti.
― Estou feliz que você e William se acertaram... Você acha que... Sabem.. Agora é para sempre?
― Eu não sei... Eu estraguei muitas coisas com ele sendo imatura... Mas estamos indo com calma e eu espero que seja para sempre.
― Eu também espero, vocês combinam.
Ela sorriu e se inclinou beijando minha testa.
― Eros é perfeito para você... Sabe... Vocês dois têm essa alma artística sofrida e meio misteriosa.
Eu ri.
― Você acha?
― Tenho certeza, escute o que digo, vocês ainda vão se casar e fazer lindos bebês.
Eu gargalhei.
― Muito longe irmã.
Foi a vez dela de gargalhar.
― Acabamos, vou descer, termine de pegar suas coisas e me encontre lá embaixo.
Assenti
Depois de quarenta minutos eu estava preparada, usando jeans, botas e uma blusa de renda da minha irmã, com um casaco também dela sobre a minha cama depois de acabar minha maquiagem enquanto usava uma máquina e fazia cachos em meu cabelo.
Desci as escadas devagar enquanto minha irmã estava sentada na escada, os saltos dela faziam um barulho irritante contra o piso de madeira e ela parecia impaciente.
A campainha tocou depois que eu atingi o segundo andar tendo uma visão melhor de onde ela estava.
― Eu atendo ― Ouvi minha irmã gritar histérica e gargalhei.
Jonah e Wilhelm caminharam do escritório para o Hall com meus pais enquanto recebiam alguma instrução e eu cheguei aos pés da escada vendo William e Eros abraçarem minha irmã rapidamente e cumprimentarem meus pais e meus seguranças.
― Ei... ― Falei baixo.
Eros me olhou como se eu fosse desaparecer, ou como se eu tivesse algo errado... Meu coração começou a bater rápido demais.
― Você está... ― Ele abriu e fechou a boca várias vezes.
― Você não gostou?
― Pelo contrário... É só... Você está estonteante... Eu só... Eu tenho muita sorte ― Falou se aproximando e me estendendo a mão.
Eu peguei a mão dele que estava quente, apesar de eu ter certeza que estava nevando lá fora.
― Obrigada, eu... Eu trabalhei no hotel e eu tive uma consulta com Mason e Sarah e eu me atrasei... Me desculpa.
― Está tudo bem Moonlight ― Eros disse sorrindo gentilmente e beijando minha mão.
― É, estamos adiantados, nossa reserva é para as 09h30pm ― William disse ― A propósito você está linda Little Brown.
Eu ri com o apelido.
― Vocês também estão ótimos ― Falei sem jeito sentindo meu rosto corar ― Especialmente você... É só... Uau...
Eros riu baixo.
― Fico muito contente em agradar aos seus olhos senhorita Brown.
― UGH! ― Falei batendo no braço dele.
― Precisamos passar um esquema de segurança ― Jonah falou.
― Simm... Eu imaginei ― Falei baixo ― Como vamos fazer isso?
― Alfred e James vão ficar com seus pais, eu vou dirigir um carro na frente e Wilhelm um carro atrás, vocês estão com seus carros? ― Ele perguntou a William e Eros.
― Achei que seria mais seguro apenas um dos carros, por isso eu estou dirigindo ― William falou.
Meus pais assentiram.
― Posso ter uma conversa com vocês dois por um momento? ― Meu pai perguntou a William e Eros.
― Papá... ― Protestei.
Eros sorriu e ele e meu cunhado seguiram meu pai até o escritório.
― O que acha que ele quer com eles? ― Perguntei para ninguém especificamente.
Mamá riu.
― Só uma conversa sobre segurança... Talvez para manterem as mãos para eles mesmos.
― Mamá... ― Protestei.
― Mãe, que coisa ― Malloney falou e aquela foi a primeira vez na vida que vi ela corar em suas bochechas.
― Eros não é desse jeito má.
― Eu já fui adolescente.
― Bom... Quando conhecer melhor Eros vai ver que ele é diferente de todos os outros garotos adolescentes que conheceu.
Ela sorriu e me abraçou gentilmente, depois esperamos até que meu pai voltasse com os garotos.
― Quero elas de volta a essa casa às 10h30pm nem um minuto depois disso ― Meu pai disse a Jonah que apenas fez um gesto concordando.
― Estou confiando a vocês meus bens mais preciosos, mais do que todo dinheiro e hotéis... Se elas retornarem com um fio de cabelo fora do lugar... Bom... Vocês não vão querer saber o que vai acontecer ― Minha mãe disse.
Nós esperamos nossos seguranças saírem pela porta e posicionarem os carros, depois de uma varredura nos despedimos dos nossos pais e fomos guiadas por Jonah, Wilhelm, William e Eros para o carro sob a forte nevasca.
William e Eros abriram a porta para minha irmã e eu, Malloney se acomodou no banco do carona enquanto seu namorado dava a volta no carro e Eros ocupava o assento ao meu lado no banco de trás.
― Sua mãe me assusta muito... Eu já disse isso? ― William disse divertido.
― Ela só é superprotetora, ela só não confia muito em você ainda ― Falei.
― Ela vai te amar quando te conhecer, mas tem que saber que nenhum genro vai ser mais amado do que ela ama o O’Reilly aqui ― Minha irmã provocou Eros.
― Que engraçadinha ― Meu namorado disse cutucando ela nas costas ― Ainda estou decidindo quem é o mais  assustador seu pai ou a sua mãe.
― Uuh estou congelando, William pode ligar o ar quente, por favor?
― É para já cunhadinha.
Eu sorri
Eros se inclinou atando meu cinto de segurança e depois o dele enquanto William e minha irmã faziam o mesmo antes de colocar o carro em movimento para fora da Riverview State.
― Posso colocar meus braços em torno de você? ― Eros pediu baixinho.
Eu congelei ainda mais, mas assenti rapidamente.
Ele sorriu gentilmente e abraçou meu corpo, um braço sobre meus ombros e o outro em torno de meus quadris.
― Isso é bom ― Falei baixo escondendo meu rosto contra o casaco dele, ele tinha cheiro de colônia de menta.
― Eu senti sua falta... Tanto... ― Ele disse tocando meu coração.
― Eu também senti a sua Sunshine... 
Nós tínhamos uma reserva em nome do William no The Islander, mas é claro que era uma das mesas nos fundos, perto da cozinha, mas tudo mudou quando eles souberam com quem William estava acompanhado.
― É sério William, essa mesa vai servir, não temos que nos sentar na mesa que eles disseram só porque... Nós somos nós ― Falei apontando para mim, Malloney e Eros ― Não é? ― Falei baixo.
― Com certeza, o que importa é a companhia ― Eros disse beijando minha bochecha.
Minha irmã tinha uma careta.
― Tudo bem, mas eu vou reclamar porque é muita falta de educação eles colocarem qualquer pessoa pra se sentar perto da cozinha ― Ela disse.
― Tudo bem, eu te ajudo a xingar eles ― Falei fazendo um HI-5 com minha irmã.
Nós nos sentamos na mesa perto da cozinha, era honestamente uma mesa em que eu nunca tinha prestado atenção, quão fútil eu estava sendo?
― Então geralmente é assim? Vocês dizem seus nomes e boom... Portas se abrem, mesas são oferecidas? ― William perguntou divertido depois de fazermos nossos pedidos.
― É... Geralmente ― Malloney falou.
― Sabe outra coisa que o nome Brown me proporciona uma conta bancária que poderia alimentar alguns países do continente africano... Segurança vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana... Nenhuma privacidade… Alguns tiros, sequestro, perseguições... Um monte de mentiras, não é tudo bom ― Deixei claro.
Eros acariciou minha mão gentilmente sorrindo para me confortar.
William ficou em silêncio por alguns segundos.
― Nunca havia pensado que passavam por isso...
― É... Na maioria das vezes é uma merda ― Falei entediada ― Quais são as chances de a gente conseguir beber vinho? ― Perguntei ao William.
― As minhas, são grandes porque eu tenho vinte e um anos, mas não vou porque estou dirigindo e sua mãe me assusta o inferno fora de mim, a de vocês três, nenhuma...
― Você já me deu bebida antes.
― É e sua irmã quase me castrou com um alicate de unhas...
Eu corei.
― Tudo bem... Só soda hoje ― Falei levantando meu refrigerante e fizemos um brinde.
― A nós tomando nossas vidas de volta ― Minha irmã disse.
― A liberdade condicional ― Eros disse sorrindo.

Sociedade da Lua: Livro II - A Escuridão.Onde histórias criam vida. Descubra agora