Curta e comenta
******
POV Sarah Andrade
Nossa noite foi incrivelmente intensa. A sensação de estar dentro dela sempre é diferente e ao mesmo tempo familiar. Nada mais importa. Nada mais existe. Tê-la daquela forma tão entregue e apaixonada mexeu absurdamente com as minhas emoções. Nossa ligação é profunda, porém o fio que nos une é frágil demais. A partir de agora, teremos que ser mais fortes do que nunca, se quisermos realmente que isso der certo. Tem que dar certo. Perdê-la seria uma catástrofe. Seria meu fim.
Antes de ir para o apartamento ao lado me trocar, fui até o quarto ver como ela estava. Obviamente, fui dormir na sala, mas permaneci na cama até que ela adormecesse. Juliette estava absolutamente linda em meio aos lençóis, imersa em um sono profundo. Seus cabelos, agora curtos, cobriam seu rosto, e seus braços agarravam firmemente meu travesseiro.
Sua pele reluzia por causa da fraca luz que entrava pelas frestas da persiana na janela. Meus olhos passearam por suas costas, pela curva de suas nádegas, e por suas gloriosas pernas, uma esticada e a outra meio dobrada. Seu corpo nu balançava suavemente no ritmo de sua respiração cadenciada.
O mais engraçado é que nenhum pensamento pervertido sobre a posição em que ela se encontrava passou pela minha cabeça. Tinha mais a ver com admiração, com deleite, com sedução. E amor. Muito amor.
Pensar nisso me faz sentir a agitação tão costumeira de quando ela não está ao meu lado, por me trazer à memória da mais nova sombra do meu passado que anda pairando sobre nós: Deanna Johnson. Uma jornalista que vive à custa de escândalos e polêmicas sensacionalistas.
Repasso em minha mente a conversa que tivemos na noite anterior, quando ela me contou sobre Deanna ter aparecido por aqui. Aquela mulher quer me arruinar. E, como não tem como chegar a mim, resolveu comer pelas beiradas.
Eu não tenho medo dela ou algo do tipo. Na verdade, se ela aparecesse há meses atrás, eu não daria a mínima para sua ânsia em descobrir o que puder sobre mim, já que não há nada para ser encontrado. O que me preocupa é que essa obsessão acabe atingindo Juliette. E farei o que for necessário para evitar que isso aconteça. A simples ideia de o meu anjo estar perto dela me apavora.
Balanço a cabeça dissipando esses pensamentos e me concentro em terminar o café de Juliette. Afinal, ela não funciona sem cafeína e nós precisamos conversar. Termino de mexer a bebida, pego a caneca e me encaminho para o quarto dela.
Abro a porta e a vejo deitada de bruços, dessa vez coberta pelo edredom. Que pena. Eu queria muito ver sua bundinha empinada de novo. Dessa vez, com muita malícia.
Juliette se mexe, e eu já sei que ela sentiu o cheiro do café.
POV Juliette Freire
— Meu amor.
Senti o cheiro de café antes mesmo de abrir os olhos. — Sarah?
— Hum?
— Se ainda não forem sete horas, você vai se ver comigo.
O som da risada dela fez os dedos dos meus pés se curvarem. — Está cedo, mas precisamos conversar.
— Ah, é? — Eu abri primeiro um olho, depois o outro, e então pude admirá-la por inteiro, já vestida com seu terno completo. Ela estava tão gostosa que me deu vontade de arrancar peça por peça com os dentes.
Sarah sentou na beirada da minha cama, a tentação em pessoa. — Preciso ter certeza de que está tudo bem entre nós antes de ir embora.
Eu me sentei e me apoiei à cabeceira, sem fazer qualquer esforço para cobrir meus seios, pois sabia que acabaríamos falando sobre a ex-noiva dela. Eu jogava sujo quando era preciso.