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POV Juliette Freire
Acordei suando frio, com o coração batendo violentamente. Estava deitada na cama da suíte principal, ofegante, arrancada à força do sono profundo.
— Sai de cima de mim!
Sarah. Deus do céu.
— Não encosta em mim, porra!
Chutei as cobertas, desci da cama e saí correndo pelo corredor até o quarto de hóspedes. Procurei desesperadamente pelo interruptor, passando a mão pela parede. A luz tomou conta do quarto, e revelou Sarah se debatendo na cama, com as pernas emaranhadas com a roupa de cama.
— Não faz isso. Ah, meu Deus... — Ela arqueou as costas para cima, agarrado aos lençóis. — Está doendo!
— Sarah!
Ela teve um sobressalto violento. Fui correndo até a beira da cama, com o coração apertado por vê-la daquela maneira, toda vermelha e coberta de suor. Eu pus a mão sobre seu peito.
— Não encosta em mim, porra! — Ela esbravejou, agarrando meu pulso com tanta força que eu gritei de dor. Seus olhos, apesar de abertos, pareciam perdidos, ainda imersos no pesadelo.
— Sarah! — Eu lutava para me soltar.
Ele se sentou na cama de repente, com a respiração ofegante e os olhos arregalados. — Juliette.
Soltando minha mão como se o contato com minha pele a tivesse queimado, ela tirou os cabelos ensopados do rosto e pulou da cama.
— Minha nossa, Juliette... Eu machuquei você?
Agarrei o pulso com a outra mão e sacudi a cabeça.— Eu quero ver. — Ela falou com a voz embargada, estendendo as mãos trêmulas na minha direção.
Deixei meus braços caírem sobre o corpo e fui até ela, abraçando-a com a maior força de que era capaz, pressionando o rosto contra seu peito suado.
— Meu anjo. — Ela cedeu ao meu abraço, toda trêmula. — Me desculpa.
— Chega, amor. Está tudo bem.
— Me abraça. — Ela sussurrou, e nós nos deitamos no chão. — E não me solta nunca mais.
— Nunca mais. — Eu prometi com os lábios grudados à sua pele. — Nunca mais.
Tomei uma chuveirada e entrei na banheira triangular com Sarah. Sentada atrás dela no degrau mais alto, lavei seus cabelos e passei as mãos ensaboadas por seus peitos e suas costas, lavando o suor gelado do pesadelo. A água quente contra a pele a fez parar de tremer, mas nada era capaz de mudar a expressão de desolação em seus olhos.
— Você já contou a alguém sobre os seus pesadelos? — Eu perguntei, apertando a esponja de banho e deixando a água quente escorrer sobre seu ombro.
Ela sacudiu a cabeça.
— Pois já está na hora. — Eu disse baixinho. — E eu sou sua namorada.
Ela demorou um bocado para começar a falar. — Juliette, quando você tem pesadelos... eles são uma repetição de fatos que aconteceram de verdade? Ou a sua mente muda tudo? Mistura tudo?
— Na maioria das vezes são lembranças.
Reconstituições realistas. Os seus não?— Às vezes. Mas às vezes são diferentes. Ficção.
Fiquei pensando por um minuto, e desejei ter o treinamento e o conhecimento necessário para poder ser útil de verdade. No entanto, eu só podia escutá-la e amá-la. Esperava que isso bastasse, porque seus pesadelos estavam acabando comigo, e com ela também.