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POV Juliette Freire
— Meu amor.
A voz e o toque das mãos de Sarah me despertaram. Resmunguei em protesto e ela se ajeitou ao meu lado, depois senti seu corpo aquecendo minhas costas. Um de seus braços enlaçou minha cintura, me puxando para mais perto. Deitada de conchinha com ela, sentindo os músculos de seu outro braço sob o meu rosto, eu voltei a dormir.
Quando acordei de novo, parecia que eu havia dormido por dias. Fiquei deitada no sofá com os olhos fechados durante alguns bons minutos, absorvendo o calor do corpo da Sarah, respirando o ar exalado por ela. Depois de um tempo, concluí que continuar dormindo só iria bagunçar ainda mais meu relógio biológico. Nós tínhamos ficado acordadas até bem tarde todas as noite desde que fizemos as pazes, e a falta de sono estava começando a pesar.
—Você estava chorando. — Ela murmurou, afundando a cabeça nos meus cabelos. — O que aconteceu?
Eu envolvi o braço dela com os meus, me agarrando a ela. Contei toda a história do relógio.
— Mas talvez tenha sido um exagero da minha parte. — Concluí. — Eu estava cansada, o que sempre me deixa irritada. Mas pelo amor de Deus... aquilo foi como um soco no estômago.
Arruinou um presente muito especial pra mim.— Eu imagino. — Ela fazia movimentos circulares com os dedos na minha barriga, me acariciando por cima da camisa de seda. — Sinto muito.
Olhei pela janela e vi que já tinha anoitecido. — Que horas são?
— Oito e pouquinho.
— A que horas você chegou?
— Seis e meia.
Eu me virei para encará-la. — Bem cedo pros seus padrões.
— Quando fiquei sabendo que você estava aqui, me deu vontade de vir embora. Só penso em você desde que as flores chegaram.
— Você gostou?
Ela sorriu. — Sou obrigada a dizer que ler a sua mensagem na letra de José foi... interessante.
— Nós precisamos manter as aparências.
Ela me beijou na ponta do nariz. — E mesmo assim você ainda quer me agradar.
— Eu preciso. Quero que todas as outras mulheres sejam uma decepção perto de mim.
Ela acariciou o meu lábio inferior com o polegar.
— Foi isso que aconteceu desde que te vi pela primeira vez.
— Mentirosa. — Ficar com Sarah e saber que naquele momento toda a sua atenção estava concentrada em mim eram a cura para a minha depressão. — Esta conversinha é só pra tirar a minha calça de novo, não é?
— Você não está usando calça.
— Isso foi um não?
— Foi um sim, estou querendo tirar a sua saia. — Seus olhos se fecharam quando eu mordisquei seu dedão. — E entrar na sua bocetinha quentinha, apertadinha e molhadinha. Só penso em fazer isso o dia todo. Todos os dias. É isso o que eu quero agora, mas podemos esperar até você se sentir melhor.
— Você podia me dar um beijo pra fazer com que eu me sentisse melhor.
— Um beijo onde, exatamente?
— Em qualquer lugar. No meu corpo todo.
Eu sabia que podia me acostumar com ela todinha só para mim. Era o que eu queria, mas era um desejo impossível. Ela tinha compromisso com milhares de pessoas e projetos diferentes.