Cap 08

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POV Sarah Andrade

Meu dia no trabalho já começa estressante. Estou tentando vender ações de um cassino em Madri do qual sou sócia e, até o momento, as propostas não me atraem em nada. No meio disso tudo, João me interfona avisando que há uma encomenda para mim. Intrigada, mando-o entrar.

De repente, uma proposta aparece na tela de negociação e é ninguém mais ninguém menos que Jean-François Cardoso me oferecendo a La Rose Noir, uma vinícola localizada na cidade de Bordeaux. Já tinha um tempo que eu queria adquiri-la, mas nunca surgiu uma oportunidade.

Tenho que admitir que, apesar das rixas pessoais, da parte dele, claro, já que eu não tinha motivo algum para ser inimiga dele, o homem sabe negociar. Nunca escondi meu interesse pelo lugar e ele se aproveitou disso para fazer a proposta. Foi uma excelente jogada.

Estou prestes a fechar a "troca" quando uma batida na porta faz alarde. Autorizo a entrada e meu secretário aparece com um buquê de rosas vermelho escuras de caule longo. Arregalo os olhos e a primeira coisa que me vem à mente é o rosto do meu anjo. Juliette está aprontando novamente.

João as entrega a mim. Seu rosto expressa uma carranca contida de divertimento. Em seguida, ele sai discretamente. Ainda um pouco surpresa e com lembranças de um tempo não muito distante nas quais vivenciei a mesma situação de agora, pego o cartão em meio as rosas e abro. Um riso incontrolável escapa dos meus lábios ao reconhecer a letra de José.

"Estou presa no seu feitiço. Não consigo parar de
pensar em você."

Meu anjo nunca para de me surpreender. E eu adoro isso. Meu coração se acelera como o de uma menininha. Ah, se Arnoldo me visse agora. Não teria paz pelo resto da vida! Juliette me deixa apaixonada a cada momento que passa. E acho que isso nunca iria parar. Sinto-me cada vez mais presa, mais envolvida. E sem vontade alguma de me libertar. Ela é meu sonho realizado, meu porto seguro em meio ao caos.

Fiquei pensando no que responder, porque sou uma grande merda com essa coisa de romantismo. Remoí algumas palavras, escrevi, depois rabisquei e joguei no lixo. Olhei para as rosas e prestei a atenção nas sensações que me invadiram ao recebê-las e ao ler o cartão. Então escrevi a primeira coisa que me veio à cabeça.

"O feitiço é todo seu. Faz meus sonhos virarem realidade. Bj."

Lacro o a mensagem num envelope e chamo Scott para enviá-lo pela correspondência interna do prédio. Ele vem já trazendo um vaso para colocar as flores. A eficiência desse rapaz é impressionante. Assim que ele sai, aceito a resposta de Giroux e acerto os detalhes da compra. Em uma semana, toda a documentação necessária estará em nossas mãos. Recosto-me no encosto de minha poltrona e fecho os olhos, pensando na sorte que ela me dá e na sortuda que sou por tê-la. Porém meu momento de paz é perturbado pelo apito do interfone. Aperto o botão.

— Sim, João?

— Senhorita Andrade, há uma pessoa querendo falar com a senhorita. Não tem hora marcada, mas acho que a senhorita irá querer recebê-la.

— Quem? — franzo o cenho.

— A senhorita Viviane Queiroz.

Olho para o interfone, paralisada. Não de medo, mas de angustia. O que será que ela quer?
A porta se abre revelando a figura esbelta e elegante de minha amiga de infância. Não seria uma surpresa muito grande se não fossem absurdamente drásticas as mudanças em seu visual. Para começar, seus longos cabelos negros agora estão na altura dos ombros, deixando seus marcantes traços latinos ainda mais evidentes. Suas roupas não perderam a sofisticação de sempre, mas a deixam mais jovial, moldando suas curvas nos lugares certos.

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