Mudança é sempre algo um tanto desorganizado — já fiz algumas durante minha vida e todas foram —, mas dessa vez devo ter me superado. Por mais que procure, não consigo achar onde enfiei minhas cuecas. Já olhei em todas as malas e nada. Procurei nas caixas que ainda estão largadas pela sala e nada. Procurei até no carro e não achei nada. A única teoria possível é a de que eu esqueci em Busan, do outro lado do país. Só uma anta como eu pra fazer algo do tipo.
Peguei meu celular, que estava sobre o balcão da cozinha e disquei o numero de minha mãe. Qualquer um no meu lugar faria isso.
— Alô. Aconteceu alguma coisa, Baekhyun? — Minha mãe soou preocupada, logo que atendeu.
— Fique calma, não fui atropelado, nem sequestrado. — Dei de ombros, ela sempre atendia daquela forma, como se eu fosse um criança indefesa. Indefeso até sim, mas criança não. — Vá até o meu quarto e vê se eu esqueci minhas cuecas por lá, por favor.
— Como eu posso confiar em te deixar sozinho numa cidade como Seul, se você esquece até suas cuecas aqui em casa?
Minha mãe não apoiava minha decisão de vir morar em Seul, mas meu pai queria expandir os negócios da família e queria acompanhar o processo de perto. A empresa da família já tinha um escritório na capital e meu pai o visitava de tempos em tempos, mas para a expansão ele queria alguém de confiança — no caso, eu.
— Mãe, eu já me mudei mesmo, então não tem motivo para discutirmos sobre isso. Então apenas faça o que te pedi, por favor... — Suspirei, cansado só de imaginar mais uma discussão sobre a minha mudança para Seul.
— Estão todas na gaveta, intocadas.
— Obrigado, mãe. Vou ter que comprar por aqui, não se preocupe. Beijos e tchau.
Evidentemente desliguei antes que começássemos mais uma discussão inútil, coisa que fazíamos com certa frequência nos últimos tempos. Não acredito que isso seja saudável pra uma relação de mãe e filho.
Terminei de me secar e vesti-me rapidamente. Não tive coragem de reutilizar a cueca que estava, havia suado demais naquela tarde arrumando as coisas no apartamento e ficaria realmente enojado de colocar a mesma cueca suada. Só de pensar já sinto calafrios.
Desastres sempre tendiam a acontecer comigo, claro que nada grave — no máximo um braço ou perna fraturado. Sempre fui um tanto avoado, sempre esquecendo alguma coisa, perdendo outras... Realmente não era meu forte lembrar-me de pequenos detalhes, como esquecer minhas cuecas em Busan e perder as contas de quantas vezes já perdera meu celular. Entretanto, formei-me com honras acadêmicas e tive um estágio bem sucedido na sede da empresa, que fica em Busan. Aumentei os lucros regionais de nossa empresa em sessenta por cento, então esse problema não me afetava na área profissional.
— Posso te ajudar, senhor? — Uma jovem baixinha perguntou, logo que adentrei aquela loja da Calvin Klein. Era minha marca favorita de roupas e de cuecas, não poderia ignorar uma loja como aquela, ainda mais quando ela surge no meu caminho, com uma vaga para estacionar em frente à ela.
— Não é necessário, mas obrigado mesmo assim. — Sorri cordialmente para a garota, que assentiu, enquanto se afastava.
É quase impossível não se distrair numa loja tão luxuosa como essa, e pouco me importa se isso pode soar extremamente fútil. A qualidade e o alto preço normalmente são coisas que andam juntas, e, no fim das contas, eu trabalho para poder aproveitar a vida. Não poderia ser feliz sem essas grandes marcas, que fazem produtos que tanto me agradam. É realmente um amor incondicional.
Achei as cuecas que precisava, mas também peguei algumas coisas a mais. Algumas roupas mais formais e elegantes, afinal, mereço um presente por estar em Seul. E também, nada melhor que estrear em um emprego novo, com roupas novas.
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Sexercize (Romance Gay)
RomantikReprimir sentimentos sempre fez parte de minha vida, desde pequeno sempre reprimi a mim mesmo por ter sentimentos e desejos mais livres que os outros. Em minha adolescência reprimi minha sexualidade, meus desejos; tudo para não decepcionar de alguma...