27 de maio de 2018; 02h52 da manhã
Abaixei a cabeça e senti tudo o que tinha no meu estômago sair pela minha boca. Meus remédios, o álcool, um pedaço enorme de bolo branco com morango. Minha garganta está ardendo, praticamente queimando graças ao líquido ácido que está passando por ela. Mais um dia, mais vômito.
"Você está bem?", Rindou Haitani indaga. Ele, às vezes, me irrita por fazer perguntas óbvias e idiotas.
Cuspi um pouco de baba no vaso e ergo a cabeça, olhando para ele. Ele está encostado na porta, com as mãos no bolso e seu rosto está com uma expressão de nojo e preocupação.
"Não, porr...", sinto meu estômago doer e minha garganta se apertar outra vez. E então, volto a enfiar a cabeça no vaso antes de terminar de xingá-lo. Que saco, odeio quando vomito, porque falta pouco por meu intestino para fora, mesmo que não tenha mais nada no estômago, meu corpo quer que eu vomite.
"Exagerou hoje de novo?"
Não o respondo de imediato, porque, caralho, estou colocando meus órgãos para fora pela boca. Passo algum tempo vomitando, cuspindo e me babando todo, desejando cortar minha cabeça fora de tanto nojo que sinto. Levantei a cabeça e respirei fundo e tossi um pouco.
Engulo minha própria saliva e porra, minha garganta ardeu tanto. Acho que está bem ferida por dentro graças ao ácido e a força que fiz para vomitar e caralho, meu corpo inteiro dói, principalmente minhas costas. Se minha garganta não sangrar, vai ser uma dor de cabeça a menos para mim.
Me joguei para trás e não me importei em colidir com tudo na parede do banheiro pequeno daquela boate podre. Uma boate tão caro, para ter um banheiro pequeno e apertado, provavelmente mal-limpo. Motéis de três estrelas devem ter um banheiro mais higienizado e minimamente maior que esse. Ricos são tão pão duros e esnobes, impressionante. Respirei fundo e abri a boca para falar.
"Não", minha voz está baixa, rouca, e minha garganta, ardendo demais. Me arrependi de ter respondido Rindou.
"Quer água?"
Concordei com a cabeça, enquanto coloco minha mão na garganta e a aperto um pouco. Sinto que há algo entalado nela e forçar uma tossida talvez ajudaria a tirar, mas ela está muito dolorida para isso; então, decido não forçá-la.
"Eu já volto, fica aí", o olhei de canto de olho, ele se virou e saiu. Não demorou muito e ele voltou com um copo de vidro e água. "Aqui", ele estendeu o braço com o copo para mim. "E tenho remédio para enjoo, se quiser".
Neguei com a cabeça e peguei o copo de água. Isso vai arder e doer na alma.
Respirei fundo - o que ardeu para um porra - e bebi um pouco da água, não muito, mas, como já esperado, ardeu. Fiz uma careta, franzindo a testa e apertando mais minha garganta. A água estava gelada e ela desceu como se estivesse com pequenas pedrinhas rasgando a minha garganta machucada. Nem para ele me trazer uma água natural? Que droga.
Torci a boca. Bem, não vou reclamar tanto. Ele sempre me ajuda quando estou em situações assim, não posso protestar ou chamá-lo de idiota, nem mesmo se eu quiser, já que, provavelmente, minha garganta só ficará melhor daqui há dois dias, sendo assim, melhor poupar a voz e não forçar.
"Quer que eu te leve embora?"
Neguei novamente com a cabeça. Bebi mais um pouco de água e entreguei o copo a ele, que segurou. Me levantei com certa - muita - dificuldade, me apoiando na parede imunda. Olhei para ele, minha visão está um pouco embaçada, e espero que melhore antes de eu sair desse banheiro nojento e dessa boate estúpida e sem graça. Achei que teriam ao menos bebida de qualidade, mas as que têm aqui, não me agradaram e não estou interessado nas mulheres daqui.
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Control
FanfictionSanzu tem pesadelos constantes e reais demais com os eventos de sua vida. De todas elas, de todas as linhas do tempo. Sua mente é seu próprio inferno particular por se lembrar de tudo. Pobre Haruchiyo Sanzu. Amaldiçoado Haruchiyo Akashi.