ᵐᵘᵈᵃⁿᶜ̧ᵃˢ

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ᶦ ⁿᵉᵉᵈ ʸᵒᵘ ᵐᵒʳᵉ ᶦ ʷᵃⁿᵗ ᵗᵒ

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Depois de longos anos sozinha por conta de sua doença, você recebeu a notícia de poder voltar ao local onde você mais se sentia confortável, apesar de nunca sair de casa pelo medo que seus pais tinham de você se machucar e sofrer graves cirurgias para conseguir continuar vida deste modo. Você odiava ter essa doença, gostaria de viver a vida e não ficar presa em uma cama como se estivesse morta.

Qual sua doença? Hemofilia.

A hemofilia é hereditária e provoca sangramentos prolongados tanto na parte interna quanto externa do corpo. Pode haver sangramento dentro das articulações, nos músculos, na pele e em outros locais do corpo. O tratamento é feito com medicamentos indicados por um hematologista. 

Você lembra de ter ouvido sua mãe chorando no colo de sua madrasta, que a abraçava fortemente dizendo que tudo ficaria bem, mas era claro que não ficaria. E por que? Por que de acordo com as amadas doutoras que lhe atenderam, essa doença não tinha cura. Você ainda lembra do diálogo que eles tiveram naquele dia frio e sem vida.

— O tratamento pode ajudar, mas essa doença não tem cura. — A doutora falou, com as mãos afrente das pernas, entrelaçadas. — E ele pode durar anos ou a vida inteira, não sabemos ao certo, depende muitíssimo da genética dela. O pai dela também tinha?

— Sim.. Na realidade o pai dela morreu com esta doença. — Sua mãe enxugou as lágrimas, sentindo pena de seu ex-marido e mais ainda: sentindo pena de sua pobre garota de apenas dez anos que havia acabado de se mudar de South Park para Nova Jersey, era claro que tinha perdido todos os amigos que tinha feito na antiga cidade.

— Imaginei. — A mesma colocou sua mão em seu queixo, de forma pensativa. — É raro que esta doença afete mulheres, entretanto, pode sim ocorrer. — Concluiu, ainda com tristeza em sua voz, enquanto notava que a pequena S/N ouvia tudo de dentro de seu quarto com o pouco espaço que tinha da porta aberta. A doutora suspirou fundo.

Você apenas trancou a porta do seu quarto, se segurando para não derramar as inúmeras lágrimas que tinham em seus rosto e liberar toda a tristeza que tinha. Na sua cabeça, você não poderia chorar, caso contrário, sua mãe ficaria ainda mais triste com isso. Pegou seu headphone azul escuro e o colocou no vomule máximo para não conseguir ouvir a conversa delas.

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Agora, no seu aniversário de 15 anos, você não queria nada além de descanço e um pouco de liberdade. Todos os dias, você olhava pela janela, notando meninos e meninas de todas as idades brincando juntas em conjunto enquanto sua única companhia era seu celular e sua pelúcia violeta que nomeou de Leslie. 

Essa era a sua vida.

Você tinha que se conformar com ela.

Quando se levantou de sua cama você notou seu nariz estar escorrendo e suspirou fundo, saindo do quarto indo a procura de um lenço que ajudaria você nas piores horas. Quando o achou, caminhou em direção ao banheiro onde limparia seu nariz com a água gelada da pia enquanto o lenço serviria para tirar o excesso de água que ficará ali.

Assim que terminou, você voltou ao seu quarto, passando antes pela sala, notando que suas mães se abraçavam já que sua madrasta iria sair para trabalhar enquanto a outra ficaria cuidando de você, em casa mesmo. Quando ambas notaram sua presença, falaram que logo sairia o café da manhã e que ambas teriam uma surpresa pra você após o almoço. Você assentiu, voltando para o quarto depois de beijar as duas.

Apesar da solidão, você se sentia bem com suas mães. Kelly, sua biológica, que sempre cuidava de você, lhe dando a atenção que precisava e o amor que tinha e Jessie, sua madrasta, que sempre saia com você as escondidas para comprarem roupas e doces nas lojas do shopping. Você amava as duas e as duas te amavam muito, apesar do preconceito que viviam por serem um casal de mulheres.

O tempo passou até que rápido e você logo notou a porta se abrir, com ambas de suas mães ali, sorrindo para você. Você se sentiu acolhida quando ambas lhe deram um enorme abraço acolhedor e cheio de amor. Você sorriu como quase nunca fazia. As mulheres sentaram em sua cama, cada uma em um lado seu.

— Veja, S/N, você sabe que a gente te "prende" aqui pelo seu próprio bem, não sabe?.. — Jessie começou a falar e você assentiu. — Mas hoje, é um dia especial, já que você acaba de completar seus 15 aninhos de vida, e achamos que seria uma boa ideia, talvez, voltar a South Park, já que você se encontra mais madura, oque acha?

— Oque?... — Perguntou assustada, porém feliz. — Vamos voltar?

— Sim, sim. Esses dias eu estava querendo que você voltasse, já que não gostou nadinha de Nova Jersey e além disso, você já havia me pedido algumas vezes para voltar para nossa cidade natal. Como sua madrasta já conseguiu um emprego lá, fica bem mais fácil. E pra completar: Você estudará na mesma escola que antes. — Completou com um enorme sorriso.

A essa hora você estava chorando de felicidade e pulou em cima de sua mãe, feliz por saber que voltaria ao único local onde poderia ser você mesma, onde poderia ir onde quisesse já que conhecia o local e apesar de ser uma cidade no fim do mundo e cheia de violência, ainda era sua cidade natal e era única no seu ponto de vista. Você amava South Park tanto quanto sua própria vida.

E você voltaria.

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Apenas um aviso, eu não postarei muitos capítulos nesta história, já que eu ainda estou focando na fanfic de Sally Face. No entando, aquela história está na metade, então não vai demorar muito para eu termina-la. Beijão.

「 𝐑𝐄𝐓𝐎𝐑𝐍𝐎 」, kenny mccormickOnde histórias criam vida. Descubra agora