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ANNA CAROLINA CESARINI;point of view

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ANNA CAROLINA CESARINI;
point of view.

Era estranho ter a casa tão silenciosa

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Era estranho ter a casa tão silenciosa. Não tinha o habitual barulho da televisão ligada o dia inteiro, as músicas sendo cantaroladas à instantes avulsos ou o cheiro de café perfumando a casa, junto com o inconfundível perfume de rosas vermelhas. Era o cheiro da minha mãe; e as manias dela também.

Ainda não conseguia repetir as palavras faleceu e mãe na mesma frase para me referir à ela, mesmo tendo três dias que me despedi para sempre – sem nós sabermos que seria a última vez. Quero dizer, todos sabiam que o câncer de mama era brutal e poderia acabar vencendo, porém, nunca acreditamos que o pior pode acontecer com alguém da nossa vida.

Apoiei a taça de vinho na mesa, puxando meus joelhos até estarem em cima da mesa e grudados no meu peito. Olhei em volta, sentindo o verdadeiro gosto do vazio. Minha mente focou na mesa de centro da sala, onde os girassóis descansavam na jarra favorita da minha mãe. Era estranho saber que o único reconforto que tive nos últimos dias – sem parecer que estavam morrendo de pena –, tinha vindo do irmão do meu ex namorado.

Quero dizer, Matheus e eu nunca tivemos muito contato durante meu namoro com Gabriel; apenas quando trabalhamos juntos em poucas ocasiões. E depois que seu irmão me bloqueou em todas as redes e anunciou que estava terminando tudo entre nós por se sentir sufocado e muito novo para qualquer relacionamento sério, achei que a família seguiria o exemplo. Dona Luciana, minha ex sogra e eterna segunda mãe, foi a única que ficou ao meu lado independente de tudo. Não imaginei que seu filho mais velho fosse fazer o mesmo.

Apoiei o queixo nos joelhos, pegando o celular em cima da mesa. Passei o dia com o aparelho desligado, só liguei pra enviar uma mensagem de agradecimento para Matuê. Ainda não recebi nenhuma resposta e nem visualização. Como se fosse adiantar de algum modo, fiquei encarando a aba de conversa, esperando por alguma mudança.

Nada aconteceu, portanto, fechei o aplicativo e já estava pronta para desligar o aparelho novamente.

Até a tela ser preenchida por uma chamada desconhecida. Ou não tão desconhecida assim, já que lembrava perfeitamente do número de Gabriel. Namoramos por tempo suficiente para que eu o colocasse como meu contato de emergência, acabei decorando com o passar dos anos. Mordi os lábios, pensando se gostaria de atender; se estava preparada para fingir o mínimo de tolerância com qualquer outro ser humano.

𝗖𝗨𝗡𝗛𝗔𝗗𝗔 ━ 𝙼𝚊𝚝𝚞𝚎̂Onde histórias criam vida. Descubra agora