Capitulo 3

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Meu coração até dói de tão forte que pulsa e logo depois, até mesmo minha respiração está desigual. Então ouço um som vindo de fora do elevador e ele começa a se abrir lentamente.

— Que bom que veio, Selene. Eu...

Enfim, quando meus olhos finalmente enxergam a luz da tarde através das janelas da casa, inicialmente não sei como se expressar, senão no silêncio. Johanna estava vindo do corredor a direita com uma garrafa de vinho e duas taças, estava trajada em um vestido curto vermelho e com os cabelos presos em um coque com duas agulhas cruzadas.

Ela suspirou e eu dei apenas um passo à frente, segurando minha bolsa firmemente antes do elevador fechar as portas.

— Ah... é você — ela diz distante, enquanto seu olhar se vê abaixo do meu, quase no chão. Ela abaixa a garrafa. — Esperava por Selene.

— Meu amor... precisamos conversar.

— Como conseguiu chegar até aqui? Onde ela está?

— Eu dei o nome dela na portaria... e aqui em cima digitei a sua senha especial... anjos... porque é isso o que você mais preza no mundo; acima do luxo, acima da riqueza, acima do amor... Apenas os anjos.

— Gostava mais quando achava que havia encontrado um entre os homens — ela diz, encara uma das taças e depois a garrafa selada. — Vou trocar essa senha e pediu que o porteiro seja demitido. Onde já se viu? Por que veio, Cecilia? Acho que deixei bem claro que não queria mais vê-la depois do que fez.

— Johanna... eu simplesmente não entendo o que aconteceu para você agir assim. Sou a única pessoa incapaz de te ferir, pode perguntar a Selene.

— Não envolva a minha amiga nisso, Cecilia — ela aponta para mim usando de um tom brusco e repreensivo antes de me dar as costas. — Você não pensou nisso quando fez... quando fez aquela coisa repugnante.

— Precisa me ouvir! Podemos pelo menos conversar como amigas? Como pessoas civilizadas? Ou vai me negar isso também?

— Venha comigo.

Ela me pede para segui-la. Em casa, anda descalça, por tal motivo parece alguns centímetros menor, só que ainda é mais alta do que eu sobre o salto. Os meus passos são as únicas coisas audíveis em meio a uma casa tão grande, e nós seguimos para a sala de jantares na primeira porta da esquerda das duas que haviam lado a lado.

A sala de jantar era simplesmente uma obra de arte rustica, tinha moveis de classe e antigos, alguns até mesmo restaurados feitos em madeiras nobres, tinham entalhes tribais e chiques, envernizados em cores escuras. A mesa era imensa, cabia facilmente dez pessoas. Junto a ela, haviam três pessoas, duas mulheres e um homem que aparentava ser italiano pela pele e olhos claros, além do bigode penteado a perfeição.

— Quem são essas pessoas?

Johanna se senta e logo depois o homem puxa a cadeira no lado esquerdo próximo a intersecção e umas duas de distância dela.

— Meus serviçais. Uma garota também precisa comer e ter a sua casa sempre perfeita, não?

Duas diaristas e um chefe, incrível.

— Vocês já podem ir, sim? Pode deixar que depois limpo tudo.

— Boa noite, madame... senhorita — diz o homem, eu aceno com a cabeça e então os três desaparecem de nossas vistas.

Johanna ignora os meus olhares.

— Johanna, antes de tudo... quero que saiba que essas foram as piores semanas da minha vida. Eu nunca tinha me sentido assim, nem mesmo quando decidi que precisava ficar longe de você por causa do meu segredo.

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