Quando minha respiração regularizou, eu senti como se estivesse voltando de um lugar fantasioso dentro da minha mente para a realidade, e não estava muito longe disso. Em meio a um vácuo na minha imaginação, eu despertei do meu sono causado pelo cansaço da noite anterior.
Oh, ainda estava na casa de Johanna.
Estava deitada em sua cama e sobre os seus aromas deliciosos. A presença dela era a única coisa que me tranquilizava, além de todo esse conforto; uma cama imensa recoberta por lençóis azuis e colchas preparados para uma noite fria e que aparentemente estava chuvosa pelos barulhos que ouvi vindo lá de baixo, trovejava um tanto.
Eu me levantei um pouco e só então percebi que Johanna não estava ao meu lado, não estava na cama, apenas um buraco da sua presença havia restado.
Eram 4h42 da madruga segundo meu celular. Eu recolho meus óculos e recupero a arte de enxergar, mesmo que pouco e no escuro do quarto.
Olho ao redor e não há nada senão a luz do banheiro da suíte ainda ligada e um barulho de coisas mexendo, talvez uma gaveta se abrindo.
Ajusto as roupas de dormir que Johanna me deu após nosso banho e ponho os pés nus no chão, sutilmente caminho até a porta do banheiro.
No interior, há apenas ela virada de costas para mim, com um short macio e sem camisa, apenas o grande anjo reluzindo a luz de led branca vinda do teto.
Assim como o interior do quarto, o interior do banheiro era reluzente, as paredes cobertas por pisos brancos com entalhes florais vermelho, os vãos entre elas em uma massa branca, no lado direito tem espaço para umas cinco pessoas e uma banheira instalada no canto, enquanto que no esquerdo havia apenas uma bacia e no meio, um espelho ornamental e uma bancada com seus itens pessoais.
Ela estava apoiada na bancada em silêncio, encarando o espelho, quando se virou e passou em sua nuca uma espécie de... creme? Talvez.
Eu anuncio minha presença com um pequeno assovio e ela da mesma forma se assusta.
— Desculpa, meu amor... não queria te assustar.
— N... não, querida, está tudo bem — ela retoma seu estado de placidez e a voz lenta e pausada, ela guarda algo numa gaveta próxima as suas pernas. — O que foi? Não consegue dormir?
— Não é isso. É que... despertei e não te encontrei na cama. Está tudo bem com você? Parece reflexiva.
— Esta sim, sweetheart, não precisa se preocupar.
Ela passa por mim levantando fumaça, mas eu não lhe permito prosseguir, tanto que ao agarrar a sua mão, eu já tenho próximo a mim. Por ser mais baixa, encaro-a de baixo e tomo suas mãos.
— Fala vai — a observo. — Ei... estava chorando?
— Um pouco, mas... isso não importa.
— Posso te preparar um chá bem quente?
— Acredito que isso me faria bem.
Então seguimos de mãos dadas até a cozinha que atualmente era um dos maiores cômodos ao meu ver — tinha espaço para implantar um restaurante inteiro dentro. O espaço era preenchido por moveis brancos e também alguns cromados, tinha uma bancada americana bem no meio, pia, fogões com marcadores digitais, depuradores de ar e geladeiras imensas, ela me explica onde estão todas as coisas e enquanto corro de lá para cá.
Johanna estava de fato deprimida, segurando o queixo com as mãos e com um olhar vago, só então, quando sirvo um bom chá que busco seu olhar e sorrio ao perguntar:
— Agora... pode me contar o porquê dessa tristeza?
— Richard, esse é o motivo. Meus advogados me acionaram três dias atrás e marcaram uma audiência para hoje à tarde. Eles vão pedir a prisão dele por violar a clausula de distância e ainda me agredir, e pior, agredir você.
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Meu Indomável Prazer (Edição Definitiva) | Exclusivos Amazon!
RomanceSurpreendida com o repentino surto de Johanna Mitchel acerca de terríveis suspeitas, Cecilia sente-se culpada pelo rompimento da relação que construíam. Em busca de respostas, ela chega a tentar até mesmo medidas extremas para reconquistar o amor e...