recaída

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— É pra você... sabe, é melhor tomar alguma coisa antes de fazer qualquer prova. – Sorriu pequeno.

Até que ele não é tão ruim assim.

— Você acha que eu sou ruim? Talvez eu esteja passando a imagem de colega durão e frio né?! – Começou a caminhar ao meu lado.

— Como é? Você leu meus pensamentos! Literalmente.... – Sorri sem graça.

— Não não! Eu apenas chutei. Não precisa ficar aflita, minha mãe que vai aplicar o teste, ela é bem de boa. Você sabe.

— Menos mal... – Terminei de tomar o suco e logo joguei a caixinha no lixo mais próximo.

A conversa morreu no menos mal.

Talvez porque eu esteja aflita demais, se não fosse por pressão de meus pais, eu nem estaria aqui, e optaria fazer o teste de inglês, é o meu porto seguro.

Após chegar na sala, passamos por uma série de inspeção, para ver se ninguém havia qualquer método de cola, e então assim que terminou, a professora mandou nos sentarmos em nossos respectivos lugares.

Heeseung estava a três cadeiras a frente a minha, e isso talvez me deixasse mais aflita ainda.

A professora explicou todos os avisos antes de entregar a morte, senti meu coração palpitar mais forte assim que ela colocou o papel encima de minha mesa.

— Boa sorte à todos! – A mais velha falou voltando para a frente da sala, osbervando todos.

.

Finalizei depois de quase três horas e meia! Foi meu tempo recorde se querem saber.

Iria encontrar Heeseung no refeitório, mas assim que cheguei ele já estava lanchando com mais duas pessoas ao seu lado, deviam ser seu grupo de amigos.

Peguei meu lanche e sentei em uma das mesas mais afastadas, vi que um garoto que nunca havia visto estava se aproximando para sentar ao meu lado, ele devia ser do segundo ano, usava um óculos meio arredondado e seu moletom continha as cores azul marinho e vermelho.

— Oi. – Sua voz saiu meio falha após sentar de frente para mim.

— Oi. – Sorri.

— Meu nome é Jungwon. Sou do terceiro D, deve ser por isso que você nunca me viu talvez, já que somos do mesmo ano, mas não da mesma turma. – mordeu seu misto quente.

— Oohhh, eu já ouvi falar de você! O amigo daquele presidente de classe bonito, deixa eu ver se eu me lembro do seu apelido... wonkitty!

— Eu tinha esse apelido? Tô sabendo agora. – Ele riu. — Podemos conversar informalmente? É difícil falar formal com jovens.

Conversamos até o horário de ir embora, Jungwon era muito legal, ele realmente parece um felino, o resultado iria sair ainda hoje, pois haviam sete professores para corrigir o teste de apenas dez alunos que se inscreveram, iria sair no e-mail, senti um frio na barriga após lembrar.

Saerin provavelmente faltou pela décima vez consecutiva, ela não se importava com a escola, apenas com a beleza e namoradinhos, porque todo adolescente é desse jeito? Sinceramente.

Hoje o Seok, motorista da família não poderia vir me buscar, já que fraturou o braço, então deveria ir de ônibus.

Não estava muito escuro, me sentei no banco e vi que tinha um papel ali em cima, parecia ser um convite, festa sangrenta era o título, senti um arrepio percorrer meu corpo e logo joguei aquilo no lixo, não queria esse tipo de coisa perto de mim, vai que é um papel amaldiçoado.

O ônibus demorava demais, cinco, dez, vinte, trinta minutos se passaram, e nada, então decidi ir caminhando, peguei meu telefone para mandar uma mensagem a Yujin, avisando que passaria na casa dela em dez minutos, e senti algo me seguindo, apressei meus passos antes de olhar para trás e não ver nada.

Mas recuei após ver que era um morcego.

Que estranho, morcego voando em pleno pôr do sol.

Esqueci disso e passei em uma loja 24/7 para comprar um miojo, Yujin só tem pose mas não sabe cozinhar um ovo.

— Cara, finalmente chegou! Veio de carroça foi?! – Me encarou de cima abaixo.

— Ninguém mandou comprar uma casa nesse fim de mundo. – Reclamei tirando meus sapatos e calçando uma pantufa.

— Me conta vai, eu te vi no Jardim no dia da festa, vocês estavam tão próximos! Rolou alguma coisa?

— Não, não aconteceu nada demais, apenas jogamos conversa fora e tals. – peguei o controle da televisão, logo me sentando no sofá e a ligando.

— Nem um beijo? Ou uma mão besta? Ai fala sério, dos tempos que você estuda com esse garoto e nem pra ter atitude, cara, até sua irmã tá tentando conquistar ele. – Me cutucou tentando chamar minha atenção.

— Ela é ela, eu sou eu, Heeseung e eu vivemos em um mundo diferente, você não entenderia.

Yujin pegou o notebook assim que terminei minhas falas, provavelmente ela entraria em meus e-mails para ver a nota do teste, que talvez já havia sido revelada.

— Mikyung... vem cá... – Disse sem desgruadar o olhar da tela.

— Hum?! – Falei rindo sem dar muita atenção, assistindo o programa.

— Parabéns, você nunca tirou vinte e quatro em matemática, tá ótimo né?! – riu sem graça.

Valia cem pontos..... CEM PONTOS!

Peguei o notebook agressivamente da garota e analisei todas as perguntas que havia errado, meu pai me daria um esporro quando chegasse em casa, ele sempre me comparou a meus primos em questão de escola, eu não compreendo, não  compreendo matemática, a escola, a minha vida, tudo.

— Poxa amiga, que crise existencial hein. Não fica assim, você pode melhorar. – Tentou me confortar.

— Acho melhor ir, preciso resolver algumas coisas da escola que era pra semana passada. – Sorri pequeno, pegando minha mochila e calçando novamente meu tênis.

Me despedi de Yujin, e fui em direção à minha casa, que ficava um pouco longe dali.

Fiquei pensativa, parece que todo meu esforço foi em vão, sempre tentei me esforçar para que tirasse nota boa, mas não ia em vão.

O problema do ser humano é achar que nós estamos bem, fingimos um sorriso e temos medo de expor nosso verdadeiro sentimento, algo que por dentro, está machucado.

Vestígios de chuva estavam espalhados por todo o céu, suspirei pesadamente vendo que talvez levaria chuva nas costas, e não estava errada.

A água estava gelada, comecei a chorar instantaneamente ao lembrar que provavelmente passaria o dia inteiro trancada no quarto dia seguinte, não estaria com forças para olhar na cara de meus pais, mesmo dando meu melhor; já não conseguia dinstiguir o que era chuva e o que era lágrimas, decidi limpar meu rosto e seguir em frente.

Chegando em casa tirei meus sapatos os segurando para levá-los até a lavanderia sem precisar da-los para a empregada da casa, mas fui barrada antes mesmo de cruzar a sala de estar.

— Lim Mikyung, vinte e quatro não é um número nada agradável, pelo visto todo nosso dinheiro gasto em aulas extras não foi o suficiente não é?! – Meu pai surgiu juntamente com minha mãe ao lado, seus semblantes não estavam nada bom.

— Pai, mãe, e-eu juro que fiz o meu melhor! Passei noites em claro tentando entender o conteúdo e-e dar orgulho pra vocês.

— Não tente ser igual sua irmã, sério Mikyung, que desgosto. Iremos dobrar seus estudos, não tente nos contrariar.

Meu olhar estava fitando o chão, agora focavam no sorriso perverso de minha mãe, tudo estava encaminhando para algo terrível, mordi meu lábio inferior e saí dali, fechei agressivadamente a porta do quarto logo a trancando, minhas costas escorregaram na madeira lisa, fechei meus olhos e tampei meus ouvidos tentando adormecer.

bite me | L. HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora