coisas estranhas

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Finalmente chegamos na casa de Heeseung, bati na porta e logo fui recebida por um dos amigos dele, o jovem tinha o cabelo castanho escuro e usava um óculos extremamente fofo para deixar sua aparência mais doce ainda.

— Oii, você deve ser a amiga que Heeseung convidou não é?! Meu nome é Sunoo. – sorriu gentilmente.

— Olá Sun, você parece ser bastante legal. – retribuí o sorriso.

Sunoo deu espaço para entramos dentro da casa, era algo bem aconchegante e acolhedor, para uma casa onde só mora garotos, estava bem organizada, alguns porta retratos no hack da sala me chamaram a atenção, fiquei bastante tempo olhando as fotos esperando que Heeseung viesse aqui.

— Bom, podemos falar informalmente? Sério, eu acho difícil, até porque você tem minha idade. – Sunoo puxou assunto.

— Claro! Você estuda em que escola?

— Na riverfield, creio que já ouviu falar por meio de boatos, sei que não temos uma reputação muito boa.

— Já ouvi falar sim, escuto muitos boatos que os alunos de lá são criaturas sobrenaturais, mas não acredito que seja real, até porque, vampiros não existem né?

Na mesma da hora senti um arrepio percorrer em meu corpo, uma sensação ruim como se minha pressão estivesse baixado, tentei transparecer que estava tudo bem, já que não queria incomodar, tudo isso era estranho.

— Mikyung?! Você está bem? – Me olhou atento.

— Ah sim! Só senti um mal estar, foi rápido.

Conversei bastante com Sunoo, minha irmã se deu super bem com os mais reservados, no caso Ni-ki e Sunghoon, eles eram bastante legais, Heeseung estava demorando aparecer, até o resto de seus amigos tinham surgido mas ele não.

— ahm, por que Heeseung tá demorando tanto?

Senti que Sunoo ficou meio que sem saber o que responder, ele limpou a garganta antes de falar alguma coisa, não escutei direito pois o mal estar tinha voltado novamente.

Mas só que diferente, escutava várias vozes me falando para sair dali o mais rápido possível, minha visão tinha escurecido, mas aquilo durou por volta de cinco segundos.

— É... eu preciso ir ao banheiro, já volto. – entreguei um sorriso sem graça me levantando dali o mais rápido possível.

Me sentei no chão tentando me acalmar e pensar em coisas boas, estava começando a ficar eufórica e nervosa, não poderia sair dali sem antes ver Heeseung, já que foi ele que fez o convite.

Quando chegasse em casa, perguntaria Saerin se ela também sentiu mal estar, talvez essa casa pode ter uma energia negativa ou, pode ser até mesmo assombrada.

Lavei minhas mãos e passei um pouco de água no rosto tentando me acalmar, quando saí do banheiro, Heeseung parecia ter acabado de chegar em casa, estava sorridente e cumprimentando Saerin.

Ah aquele sorriso.

— Oi Mikyung! Me desculpe pela demora, tive alguns imprevistos a caminho de casa mas já estou de volta, espero que você não tenha esperado por muito tempo - ele coçou a nuca sem graça.

Heeseung estava impecável, ele estava usando uma camisa social azul claro, ele devia estar em um lugar muito importante, talvez em busca de emprego ou sei lá, ele não estava me contando das coisas em que estava acontecendo em sua vida recentemente.

Ele tinha me chamado para jogarmos qualquer jogo que estivesse disponível e que eu soubesse jogar, formamos grupos ficando Ni-ki e eu, Saerin e Lee, os outros teriam que esperar a vez; confesso que estava meio intimidada por ver que ele estava muito sorridente com Saerin.

Saerin sempre foi afim de Lee.

Mas uma coisa que tenho de colocar na minha cabeça é que eu não tenho tempo para relacionamentos, mesmo que Heeseung jogue seus flertes de velho para cima de mim, o ano letivo está acabando e ainda nem sei se quero mesmo cursar artes visuais, então, eu não tenho tempo para namorar, não mesmo.

— Isso! você é muito boa nisso Saerin, devíamos ter feito uma aposta com os perdedores, ganharíamos todas de lavada - ele sempre abria aquele sorriso de canto para provocar, pois sabia muito bem que eu ficava perdida quando o via daquele jeito.

— Eu não ligo se somos perdedores! Vem Mikyung, vamos ver o que Jay está fazendo para lanchar. - Ni-ki colocou seu braço em minha frente para que eu usasse de apoio para me levantar do chão.

A cozinha era muito grande, uma dica, se você quer saber se a casa é de rico, é só ver se tem algum lustre em qualquer cômodo, e sim, tinha um enorme na cozinha.

Me sentei em uma das cadeiras que estava em volta da mesa, Jay estava atrás do balcão cortando alguns legumes, Ni-ki resmungou algo só que eu estava atenta em outra coisa, assim que o menino abriu a geladeira, vi várias jarras com um líquido vermelho, eles devem gostar bastante de groselha.

— Uau. Vocês gostam tanto de groselha assim? Olha que nem estamos em dezembro ainda - ri soprado.

— O que? - Jay me encarou como se estivesse raciocinando o que eu estava a dizer. — AH. Nós amamos suco de groselha, principalmente quando ela está bem docinha. 

— Pior que é. As mais doces são as melhores. - Ni-ki abriu um sorrisinho malicioso depois de pegar um suco de caixinha sabor uva e fechar a geladeira.

Senti que eles estavam fazendo uma piada, mas não consegui decifrar se era piada de duplo sentido, apenas sorri para fingir que tinha achado graça sendo que eu nem sabia o que tava rolando ali. 

— E então Mi, gosta de Bulgogi? Geralmente comemos apenas sopa quando chega o outono, porque Sunghoon nos obriga, mas hoje Jay quis fazer diferente. Deve ser só porquê temos visitas. - o garoto lançou um olhar de reprovação para o hyung.

— Nabi minha meia mãe digamos assim, gostava de fazer esse prato quando meu pai voltava de viagem. 

Ainda não queria lembrar de meu pai.

Lembranças, eu não tinha muitas lembranças boas junto com ele, na verdade, só tinha uma.

No meu aniversário de nove anos, estávamos no Japão, então fomos em um parque de diversão de lá mesmo, foi uma noite incrível, e foi a primeira vez que eu me senti uma filha amada, sem precisar viver na sombra da irmã, mesmo com nove anos. 

Geralmente somos consumidos pelo fogo de querer voltar nas memórias do passado e reviver tudo aquilo, mas minha alma desejava que aquele fogo apagasse tudo do passado, e querer deixar preservado apenas as memórias recém coletadas.


bite me | L. HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora