excursão

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Segunda-feira já havia chegado, e eu odiava segunda feira, as pessoas sempre costumavam estar com a cabeça cheia por ser início da semana, e acabavam descontando em seus colegas ou companheiros.

Estava me arrumando para ir à escola, Saerin não deu sinal de sobrevivência, então provavelmente ela faltaria novamente.

Peguei minha mochila e desci os degraus da escada animadamente, mas meu brilho sumiu quando vi várias caixas por todo lado e alguns contratados empacotando pertences de minha mãe e colocando os objetos dentro da caixa.

— Vamos nos mudar de casa? - perguntei à Nabi que estava preparando a mesa de café da manhã atentamente.

— Na verdade não, parece que apenas a senhora Jia irá sair da casa, pelo visto o novo marido ganhou mesmo ela por completo.

E pelo visto Saerin venceu a discussão, creio que ela sabia que a mais nova não aceitaria novas pessoas em nossa casa, e por isso decidiu se mudar, me despedi de Nabi e saí de casa, não queria me atrasar novamente, levei um susto em ver que Heeseung estava ali parado me esperando, eu nunca tinha o revelado meu endereço.

— Bom dia. Achei que não ia ir hoje - Ele mordeu o lábio assim que me viu.

— Claro. Eu não iria faltar em plena segunda. - devolvi o sorriso.

Caminhávamos silenciosamente em direção ao ponto de ônibus, andar seria cansativo demais, mesmo sendo jovens ainda.

— É... pelo visto você irá mudar de casa, irá mudar de escola também? - quebrou o silencio.

— Não, na verdade apenas minha mãe irá sair, pelo visto só eu e minha irmã que vamos ficar juntas. - bocejei por conta do cansaço, toda essa mudança está me fazendo ficar preocupada com o futuro, e isso talvez tenha tirado meu sono.

— Ah que bom, Jay vai dar uma festa quarta, algo que apenas os mais íntimos irão participar. Então você não precisa ficar incomodada para se socializar sem querer.

Ele sabia o que eu pensava.

— Eu vou tentar ir, tem muita coisa acontecendo na minha família, mas juro que vou tentar aparecer, se isso não acontecer, pode aparecer no meu quarto de madrugada e morder meu pescoço. - soltei uma risadinha genuína, pois não sabia da onde tinha tirado tanta coragem para falar com um jeito tão intimo.

— Olha que eu vou. - sua boca se curvou em um sorriso enigmático, como se estivesse levando minhas palavras à sério.

Entramos no ônibus e sentamos nos últimos assentos, já que os estudantes estavam ocupando todos os assentos da frente, Heeseung sentou do lado da janela, peguei meus fones de ouvido para ficar entertida com algo até chegarmos na escola.

Não queria admitir para mim mesma que estava feliz em saber que minha mãe mudaria de casa, não só eu, mas talvez minha irmã teremos a vida mais estável, agora era só terminar o ano escolar para dar inicio à faculdade.

Em meio desses pensamentos, senti Heeseung usar meu ombro como apoio para dormir, agora minhas mãos estavam suadas devido ao nervosismo de estarmos tão próximos, o encarei por alguns segundos e percebi que sua pele estava transpirando muito, achei estranho pois o sol não estava tão forte.

Coloquei minha mão em frente ao reflexo do sol para proteger seu rosto, e o fiquei observando por um período de tempo.
As vezes sentia um vazio por lembrar que terminaríamos o ensino médio e talvez nunca mais nos veríamos como agora.

— Vejo que gostou de observar meus olhos. – ele riu soprado, e só assim percebi que ele já tinha despertado e agora estávamos trocando olhares. 

Quando estava com Heeseung, tudo parecia ficar em preto e branco, mas alguns dias tinha dito que não me envolveria com. Tudo estava indo em vão. 

— Ahm? ah, só estava vendo a sua pele, ela parece estar derretendo, acho que não é normal sabe?! já que o sol 'tá bem fraco. - disfarcei meu nervosismo.

— Eu acho que é a puberdade, por isso voce confundiu suor como se minha pele estivesse derretendo. - deu de ombros.

Tínhamos chegado no ponto que ficava alguns passos da escola, Heeseung falou iso tão normalmente, chega me deu arrepios.

Não sabia dessas coisas de garotos, então preferi acreditar nas palavras do Lee.

Ele sempre foi estranho, raramente pegava sol, vivia mordendo os pulsos, algo que eu acho horrendamente assustador, sem contar que ele é pálido e tem um olhar penetrante. Até os amigos dele são assim, menos Sunoo.

Ele não é tão pálido quanto os outros e consegue brilhar mais que um sol.

— Alunos, teremos uma excursão em Sockho. Na verdade o intuito desse meio passeio é visitarmos o orfanato que tem lá. Um lugar que nossa escola patrocina fielmente desde a fundação, aceitaremos a autorização dos pais até quarta-feira.

Agora os alunos tagarelavam sobre a tão especial excursão, todo mundo já sabia que isso era mais um dos teatrinhos da escola para mostrar que eles fazem alguma coisa que preste depois da morte de um dos alunos.

Ele se suicidou pulando do primeiro prédio que fica a sala dos professores e a biblioteca, até hoje ninguém sabe o motivo, as pessoas falam que a alma dele ronda pela escola, mas não acredito muito nisso.

Eu até tentei investigar, mas a boca de sacola da Yujin acabou deixando escapar o assunto e o diretor acabou descobrindo, e obviamente ele nos impediu. 

— Você vai Heeseung? - perguntei o garoto que estava respondendo uma questão da tarefa de mais cedo.

— Não sei. Não gosto muito de Sokcho. 

Queria muito perguntar o por quê dele não querer ir, mas acho que seria invasiva demais.

— Amiga, tenho uma fofoca maravilhosa, meio chocante. - agora estávamos sentadas no banco que ficava no pátio da escola.  Tão falando que foi o Heeseung que matou aquele garoto que supostamente do prédio.

— Que? - isso foi a maior loucura que já havia escutado na minha vida. — Amiga, primeiro de abril já passou.

— Olha, se eu fosse você, não me aproximava muito dele, sabe... ele já foi mandado pro um internato, mesmo que ninguém saiba o motivo. 

— Por que você acha que ele matou alguém? Não faz sentido Yujin. 

— Bom. Euijoo conseguiu algumas gravações do dia que o garoto morreu, Heeseung tinha o encontrado no mesmo momento, segundo o que eu vi na gravação, eles estavam no parapeito do prédio, quando o garoto ia se levantar, Heeseung o empurrou. Mas por que... - ela disse pensativa.

Isso era uma acusação grave, que eu saiba, o Lee nunca se envolveu em brigas, então ele não teria inimigos, só se alguém o odiasse em segredo.

— Yujin você tem noção do que tá falando? A onde você viu essas gravações? - disse meio receosa.

— Ah, era um videocassete, se quiser eu posso conseguir pra você. - sorriu.

Tinha muitas perguntas, e a principal delas e por que Heeseung estava junto desse garoto? e será que ele realmente o matou?

É algo totalmente sem logica, estudo com ele desde o começo do ensino médio, e ele sempre foi alguém calmo, por que ele iria querer matar alguém? Isso estava realmente ficando bizarro desde o dia em que o vi encarando o mesmo prédio que o garoto pulou.

   

bite me | L. HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora