finalmente, amigos.

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Trabalhos na sala que exigiam formar grupos me dava nos nervos, as pessoas sempre me chamavam pra fazer parte do grupo delas por causa de minha inteligência digamos assim, no caso, eu faço tudo e eles só observam, mas estava decidida que dessa vez não iria participar e passaria o resto da aula no refeitório.

— Mikyung! Quer fazer comigo? Já que dessa vez Sunoo e Jake faltaram... então, é você que pode me salvar, necessito de pontos em geografia, e você é boa nisso. – Heeseung me cutucou já que estava dormindo.

— Minha irmã quer ser sua dupla, faça com ela! – Joguei toda responsabilidade para a garota já que não estava muito afim.

— Verdade Lee! Faça comigo, só desta vez.

Heeseung murmurou alguma coisa, certamente bravo por ter que fazer o trabalho com Saerin, já que as vezes ela é muito chatinha com ele, mandei um bilhetinho para Yujin explicando nosso plano para cabular aula e repetir o lanche que já havíamos comido, já que a tia da cozinha era muito nossa amiga e quebraria esse galho.

— Aí! Professor... minha cabeça tá latejando muito, e minha visão tá embasada, posso ir à enfermaria? – Coloquei a mão na cabeça indicando que ela doía, tecnicamente.

— Mas você estava boa à quinze minutos atrás... tudo bem, mas peça alguém para lhe acompanhar.

— Irei acompanha-la professor! Vamos Mikyung. – Yujin segurou meu braço me guiando para fora da sala, e assim que já estávamos longe, corremos em direção ao refeitório.

Encontramos com a cozinheira no meio do caminho, e com muito custo ela aceitou nossa proposta, ao chegarmos lá, colocamos uma colherada de chocolate quente no copo e pegamos alguns snacks de acompanhamento para ficar melhor ainda, mesmo que esteja fazendo um calor dos infernos.

— Graças a Deus! Não aguentava mais aquele professor com cara de sushi! Nada contra mas ele só passa trabalho trabalho e mais trabalhos. – Ela disse após beber o chocolate quente.

— Como se você fizesse alguma coisa. Mas mesmo assim, está certa.

— Eu sempre estou. – sorriu convencida.

A porta da cozinha estava fechada, então quando escutamos um ruído forte, assustamos na hora.

— Será que é a tia? Não não! Ela sabe que a gente está aqui. – mordi a unha.

— O professor! Alguém deve ter nos visto e nos dedurado, aposto que foi aquele sem amor materno do Soobin!

— Não fale dele assim, ele é um querido tá. – defendi o garoto.

Começamos a discutir, Yujin não gostava muito de Soobin desde que ele venceu a garota em uma competição de quem bebia uma jarra de água inteira em vinte segundos, meio tosco.

— Parem de brigar! Queria ter assustado vocês mas não deu certo. – Heeseung abriu a porta bruscamente nos assustando novamente.

— O que você  tá fazendo aqui? – O olhei de cima abaixo com uma expressão nada boa.

— Eu que digo, o que a quietinha tá fazendo aqui matando aula. – se aproximou. — Isso é feio sabia?! Agora divide comigo.

— Não! Seu folgado, vá pegar pra você.

Não adiantou nada, Heeseung tomou o copo de minha mão, logo tomando todo o resto da bebida que tinha ali, e isso liberou uma raiva imensa no meu corpo.

— YA! SEU MALANDRO, EU VOU TE DAR UM CACETE. – Falei quando vi o garoto correr em direção ao ginásio.

Talvez por ele praticar esportes, isso o ajudava a correr rápido, e como eu sou sedentária, não consegui nem meio terço de sua velocidade, e isso me fez parar, apoiei meus braços no joelho, acho que minha pressão tinha abaixado, então desisti de correr atrás dele e voltar para a sala, pois o sinal já tocaria, virei a esquina do corredor e Heeseung estava encostado em um dos armários, e aquilo me assustou já que ele tinha corrido pela direção contrária.

— Hein?! Você não tinha.... – Apontei para o outro lado.

— Tinha, agora estou aqui, que tal cabularmos o resto das aulas e começar as suas extras, a próxima aula é de inglês, e você já é boa nisso.

— Mas nossas coisas estão dentro da sala, não tem como.

— Eu arrumo um jeito, vai querer agora ou não?!

A proposta era realmente tentadora, então tive que aceitar, a biblioteca estava mais vazia que o comum, e senti um arrepio em minha espinha, certamente o ar-condicionado deveria estar em um grau muito baixo pra estar fazendo tanto frio aqui dentro.

Colocamos nossas mochilas no chão e me sentei em uma cadeira retirando o material que usaria, Heeseung logo apareceu com uma pilha de livros matemáticos e pediu para que eu ligasse o notebook para utilizarmos ele também.

— O que você não entende, podemos começar com o conteúdo dado no segundo dia de aula do nosso terceiro mês de aula.

Ele explicava muito bem, as vezes seu belo rosto me tirava a concentração da matéria, e quando o garoto percebia, ele simplesmente parava de falar e ria, me fazendo acordar e levar as coisas mais a sério.

Não que eu ache que estamos ali apenas para trocar flertes, na verdade a única tapada dali era eu achando que Heeseung poderia perceber alguma coisa, mas ele é burro demais para essas coisas.

— O horário passou tão rápido! Melhor darmos um descanso o que acha? – Falou fechando um dos livros que o ajudava a explicar melhor.

— Oh... pode ser! – estava prestando atenção em outra coisa no momento.

O rádio da escola estava agora sendo utilizado por um dos garotos do segundo, ele cantava a música Round and Around, que supostamente era a música favorita de Yujin, certamente o garoto estava se declarando à ela, bem que eu estava estranhando o jeito dela nesses últimos dias.

— Ele está ferrado, nem pra avisar os superiores, eles iriam entender. – Heeseung riu soprado.

— Você conhece o garoto?

— Sim! Só de vista na verdade...

— De qualquer modo ele é um fofo, imagina quebrar as regras da escola pra se declarar... Eu ficaria feliz e emocionada caso alguém fizesse isso para mim. – sorri.

Heeseung permaneceu calado, ele parecia escutar atentamente a declaração do garoto para minha amiga, até que começamos a rir quando escutamos o professor de física começar a brigar com ele e desligar o auto-falante.

— Por hoje é só! – Ele finalizou após ver a lua iluminar o campo da escola.

— Estou tão cansada! E.... obrigada por me explicar o que não havia entendido.

— Me sinto na obrigação de te explicar, afinal, agora somos amigos... não é? – Esperou minha resposta por alguns instantes.

— O-oh! Sim sim! Somos amigos a partir de agora. – ri.

Por dentro estava tendo um caos, ele me chamou de amiga! Sinto que estamos nos aproximando, mesmo que ainda esteja um pouco lento, guardei minhas coisas logo pegando meu telefone e fones de ouvido, pois iria dispensar a insistência do garoto querer me levar até em casa.

— Dá próxima vez eu te levo! Sem desculpas, e me manda mensagem quando chegar em casa.

Ele parecia estar preocupado, e sorri em pensar que ele estava assim por mim, por mim.

bite me | L. HeeseungOnde histórias criam vida. Descubra agora