III

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Eu estava de pé com as mãos no bolso e o frio era imenso (apesar de gostar de frio esse era exagero) quando recebi uma mensagem um tanto quanto inesperada.

  Você tá linda nesse casaco

Não pude evitar sorrir. Procurei por Richard com os olhos e não o vi.

  Estou do seu lado direito, um pouco para trás

Me virei e dessa vez vi ele. O sorriso continuava em meu rosto e aumentava cada vez mais enquanto ele se aproximava.

Nos cumprimentamos de uma forma um pouco discreta, um aceno de cabeça e um sorriso. E que sorriso.

– Acho que não vou te devolver mais - me referi ao casaco.

– Bom, sendo pra você eu não me importo de ficar sem ele.

Claro, você pode comprar mais dez desse se quiser.

Enfim eu e Laura separadas por um momento. Richard e eu caminhavamos pelas pessoas conversando sobre tudo que fosse o mais aleatório possível. Em alguns momentos sentia seus olhos sobre mim e ficava sem saber o que fazer.

ELE ESTA OLHANDO PRA MIM!!!

Tentava respirar e me acalmar, mas eu amava esse homem com todas as minhas forças, eu chorei por ele feito uma condenada e agora estamos nós dois aqui conversando e caminhando por Nova York JUNTOS. E eu ainda estou usando uma roupa dele. Nem em todos os meus delírios eu imaginei isso, era a cena perfeita e mesmo que durasse tão pouco seria os melhores segundos da minha vida.

– O que você acha de nos encontrarmos amanhã? - ele se virou pra mim - Digo...eu você e...e..os meninos... a Laura também - Nervoso?

– Ia ser ótimo - sorri.

– Sabe ninguém nunca agiu com tanta naturalidade perto de nós assim - ele começou - Isso me surpreendeu.

– Somos dois então - ele riu - Por dentro eu surtei, queria gritar mas me mantive firme. Não queria assustar vocês.

– Isso não assusta mais.

– Acho que se eu tivesse me esperneado não estaríamos aqui.

Paramos um de frente para o outro, o olhar dele era o mesmo só que agora mais perto, por um momento me senti nervosa.

– Eu disconcordo.

Trocamos olhares e me surpreendi quando senti sua mão em minha cintura. Nossos rostos pertos e eu sem reação. Uma de suas mãos foi colocada em meu pescoço e nossos lábios se encontraram. Aos poucos me soltei e retribui o beijo, coloquei uma mão em seu peito e a outra no pescoço, puxando ele para mais perto. Sua língua percorria cada espaço da minha boca e eu não me importava com aquilo, não me importava de ter alguém perto de mais e nem de estar beijando alguém em público. Eu só me importava com aquele beijo, comigo e com ele. Nada mais me importava, só aquele momento.

Logo depois do beijo ainda de olhos fechados e os rostos colados eu sorri, queria gritar ao mundo mas apenas sorri.

Mais uma troca de olhares e sorrisos, depois seguimos em frente. Minhas mãos que estavam no bolso suavam frio e a vontade de sorrir cada vez mais aumentava, definitivamente o melhor dia da minha vida.

Nesse dia dormi pensando nele, eu sorria mais que criança quando ganha doce. Me segurei para não contar a Laura e fingi que nada aconteceu.

Ao fechar os olhos era possível sentir sua mão em meu corpo e seu perfume me rodeando. Eu me sentia a pessoa mais feliz do mundo naquele momento.

Depois de acordar e tomar café nos arrumamos pois Chris nos buscaria (tô chique gente). Dei uma última olhada no espelho e peguei o casaco sobre a cadeira. Quando descemos ele já estava lá.

– Oi - Laura deu um beijo em sua bochecha e ele retribuiu.

– Oi Chris, bom dia - disse me sentando no banco de trás.

– Bom dia, tá bonita hoje - agradeci com um sorriso e seguimos em frente.

Quando chegamos vi Richard sentado no sofá e sorri, não queria mas sorri. Não queria demonstrar fraqueza ou vulnerabilidade, muito menos que eu passaria a depender daquele beijo.

Ele se aproximou e agiu como se nada tivesse acontecido, agradeci por isso mas o jeito frio me fez ficar mal. Entreguei a ele o casaco e agradeci pela gentileza, então nos sentamos.

Como uma boa aprendiz me colocaram para cozinhar. Não quis dizer não e eu não perderia essa oportunidade.

Fiz uma receita da avó do Joel, chilli picante. Fiquei claramente nervosa mas cozinhar me fez esquecer disso.

– Alana - Christopher chamou - Você pode por favor chamar o Richard? Ele está lá dentro, queremos comer com todos aqui - disse ele colocando um pouco de comida na boca.

Isso me fez rir. Adivinha o que aconteceu? Comida quente mais Christopher é igual a um ser humano lindo se queimando com feijão.

Bati na porta e só entrei depois de um "entra".

– Os meninos estão chamando para comer - ele assentiu e eu me virei para sair.

– Espera - me virei para ele - Não ficou sem graça não é mesmo? Pelo o que aconteceu ontem.

– Não, não se preocupe.

Todos estavam conversando, sentados no sofá e no tapete,discutiam sobre algo que não sei o que era. Richard não estava ali, então fui atrás dele.

– Atrapalho? - perguntei entrando no quarto.

– Não - ele se levantou - Na verdade queria te dar isso.

Observei ele mexer na bolsa e tirar um moletom.

– Um presente meu. Espero que goste - ele esticou a mão - já que não quis ficar com a outra blusa fique com essa.

– Obrigada - agradeci pegando.

Nossas mãos se tocaram e não pude evitar o olhar. Ele também me olhava. Eu não gostava desse olhar dele, era como se ele estivesse vendo minha alma. Um olhar profundo que logo mudou. Sua respiração cruzava com a minha e dessa vez nossos lábios se encontraram primeiro que nossos corpos. Ele pedia espaço com a língua e sua mão se encaixava no meu pescoço.

E lá estava eu sem reação novamente, sem saber o que fazer, tentando relaxar e curtir o momento. Foi ai que o afastei de mim e um ponto de interrogação se formou em seu rosto.

Era minha vez de tomar uma iniciativa.

– O que foi? - ele perguntou franzino a testa.

– Nada - o respondi o mais rápido possível antes de beijá-lo.

Minha mão pequena se encaixava perfeitamente com a sua, estávamos com os dedos cruzados. Com a outra mão eu apertava o moletom que não ficou muito tempo alí. Senti sua mão subir pelo meu corpo e parar na nuca, seus dedos entre meus cabelos e a mão apertando minha cintura era o meu ponto fraco. Ele encerrou o beijo com um selinho e eu queria morar naquele sorriso.

Uma Noite em Nova York Onde histórias criam vida. Descubra agora