8.

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Harry gosta da Alemanha.

Eles o haviam visitado algumas vezes antes, embora em circunstâncias muito diferentes.

Agora, sem câmeras atrás de si ou fone de ouvido marcando todas as tarefas pendentes, ele estava muito mais nervoso.

Eles ainda têm que tirar duas semanas de folga entre os deveres para que possam fazer a viagem despercebidos por suas gravadoras.

Mas estava tudo bem. Apesar do voo incógnito e do quarto extra que eles precisam alugar para garantir, tudo bem. Porque talvez aquela visita a Berlim pudesse mudar tudo para eles, e tudo bem porque ela tem Louis ao seu lado, segurando sua mão.

— Tem certeza que quer fazer isso, amor? É só falar e vamos embora. — Diz Louis. Com uma mão no volante, óculos escuros na ponta do nariz e os lábios franzidos em uma carranca preocupada. Ele coloca sua mão livre no joelho de Harry, apertando gentilmente, apenas procurando algum contato.

— Sim, Lou. — Responde ele, sem saber quantas vezes já repetiu as respostas. Ele olha para a mão em sua perna e sorri timidamente. Mesmo depois de anos, um pouco de seu toque provocaria mil reações impossíveis de entender. — Obrigado por se preocupar tanto, amor.

— Sempre, meu amor. Eu só quero que você fique bem.

— Tem certeza que trouxemos todos os papéis?

— Sim, Hazza. Até organizei por cores, só para você. Eles estão no banco de trás. Quer vê-los? — Harry nega com a cabeça, seus lábios se curvando em um sorriso. — Você tem certeza que está tudo bem em vê-la? Quer dizer, nós não sabemos. É seguro?

— Sim. Gemma já a revisou para saber se está tudo certo.

— Certo. Isso me deixa mais tranquilo. Tem certeza de que temos o endereço correto?

— Deus Louis, sim. — Ele ri. — Verificamos tudo isso antes de sair do hotel.

— É só... Merda, se isso funcionar, meu bebê vai ter um bebê. Estou nervoso amor.

— Eu também, mas primeiro temos que ver o que ela diz. Eu não gostaria de, você sabe, ficar animado com qualquer coisa. — Louis acena com a cabeça, compreendendo.

E embora ambos saibam, não o dizem. Já era tarde demais para parar as emoções geradas. No entanto, eles não demoram muito para chegar.

A clínica é pequena, mas elegante. E alguns seguranças se encarregam de recebê-los pela porta dos fundos, depois de verificar se não há mais ninguém olhando. E esses mesmos homens se encarregam de guiá-los ao consultório da Dra. Ellie.

Suas mãos não se separam em nenhum momento. Nem mesmo quando eles têm que se sentar em suas mesas.

Para ambos seria aquela pequena âncora, lembrando através de um toque que seria real e não parte de uma ilusão.

Eles se apresentam, riem um pouco e a Doutora cuida de fazê-los se sentir confortável. Pelo que parece uma eternidade, ela responde a todas as perguntas de Louis sobre se é seguro ou não com um sorriso.

— E então, como isso funciona? — Harry finalmente pergunta.

— Vou tirar seu sangue e fazer vários exames, vamos começar por aí. Dependendo do resultado, se o seu corpo parece estável, procedemos ao ensaio clínico que se divide em três fases. Duas terapias hormonais e uma terapia genética. Começamos a bombardear seu corpo com meus coquetéis especiais de hormônios. No seu caso eu teria que preparar uma escalação diferente. É uma pequena injeção, dificilmente sentida. Justo aqui. - ela aponta para o abdômen no roupão - e são duas aplicações por mês. Esta é a fase mais longa, mas uma vez que o corpo se adapta a ela, começamos com a terapia genética. Aqui seu corpo já está mudando, já o enganamos para criar esse novo órgão do zero. O que a terapia genética vai fazer é acelerar o processo. Será como ter uma instrução dupla. Não apenas hormonal, mas também um gene que está dizendo ao seu corpo o que fazer. Se não houver reações adversas, começamos com o segundo coquetel de hormônios até conseguirmos a concepção. No caso de poder fazê-lo, eu estaria com você a cada passo.

— Eu entendo. E isso mudaria...? Quer dizer, hormônios. Será que eles me fariam diferente?

— Obviamente você vai reagir aos hormônios, Harry. — Começa a explicar. Louis aperta um pouco mais a mão dele. — São níveis com os quais o seu corpo não consegue lidar, pelo que podem vir acompanhados de um desconforto contínuo. No entanto, além disso, eles não mudarão nada. É um ensaio clínico porque modifiquei os hormônios de uma forma para que eles funcionem apenas no setor que deveriam funcionar sem influenciar o resto do corpo. Você continuará sendo um homem em todos os sentidos da palavra. Não vai mudar sua voz, não vai mudar seu corpo, não vai atrapalhar sua função sexual ou como seu corpo funciona além do que seria capaz de conceber.

— E se pudermos, o que temos que assinar? Se funcionar... Será publicado? Não é esse o ponto de tudo isso? — Louis pergunta.

— Eu entendo sua situação. Então, preparei alguns papéis de confidencialidade. Além dos de consentimento para o tratamento. Desta forma, você nega o uso de seus nomes, seu rosto ou qualquer dado pessoal que o vincule ao meu trabalho. E eu só uso seus resultados para relatórios. Não há fotos, se você quiser fazer isso, garanto privacidade. Eu apenas o relataria como um homem de 24 anos e seus resultados.

— Obrigado.

— De nada. Certo. Então, vamos pegar essa amostra.

A médica prepara Harry, enrola o torniquete e insere a agulha, tirando o sangue de que ela precisa. Depois disso, ela desaparece do escritório.

Harry e Louis ficam lá mais tempo do que esperavam. Com Harry descansando a cabeça no ombro de Louis, e Louis brincando com os dedos entrelaçados. Eles não dizem nada, já disseram tudo o que é possível.

Então Louis apenas o beija, beija suas mãos, seu nariz e sua testa. Na tentativa de apaziguar as emoções que os consomem.

E quando Ellie finalmente retorna, leva duas tentativas para entrar em seu próprio escritório, pois ela vê através do vidro a aura de privacidade que os homens construíram sem tentar. Não parece uma cena que possa ser interrompida.

Mas quando ela cria coragem e faz isso, ela entra segurando um par de folhas brancas com os resultados impressos.

Ela se senta e os toca com um sorriso.

— Bem Harry, posso dizer com certeza que você é uma pessoa muito saudável. — Ela continua lendo. Você tem tomado ácido fólico ou algo assim?

— Sim?

— Oh. Bem. Tenho o prazer de dizer que seu corpo está nos melhores valores. — Ela começa.

Bom menino, Louis sussurra contra o lóbulo da orelha dele, causando calafrios. Harry deve segurar o sorriso.

— Obviamente não temos a presença de hormônios femininos, mas o resto dos indicadores estão em um nível melhor do que muitos de meus pacientes.

— Então nós podemos ....?

— Podem tentar ter um bebê, senhores Tomlinson.

Então sorriem, pela primeira vez sem limitações.

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