Despertar

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POV Soraya Thronicke

Depois de apagar com o forte impacto da batida, lembro-me vagamente de ter acordado por breves segundos com o barulho de uma sirene.

Senti meu corpo sendo puxado para fora de um lugar apertado, provavelmente o banco do carro, e colocado em uma superfície plana e macia, como um colchão.

Ouvi vozes. Vozes desconhecidas.

Uma luz cintilante foi colocada em meus olhos, ofuscando minha visão.

Uma das vozes desconhecidas falava algo que eu não conseguia compreender. Era como se fosse outro idioma.

E então tudo ficou preto de novo.

[...]

Acordei não tendo certeza de por quanto tempo havia ficado inconsciente.

Não havia mais vozes. Apenas um bip constante, que percebi vindo de um monitor cardíaco conectado ao meu corpo.

Eu estava em um hospital?

Sim, eu estava em um hospital.

Me perguntei onde meus pais estariam, mas lembrei que não havia avisado ninguém que sairia em plena madrugada, então demoraria até que me encontrassem.

Se é que iriam me encontrar.

Meu corpo doía, meus olhos ardiam e minha cabeça parecia que iria explodir.

E novamente, eu me rendi ao cansaço.

[...]

— Você vai acordar, não vai? — ouvi uma voz rouca bem baixinho perto de mim.

Tentei assimilar o que estava acontecendo, tentando lembrar a quem pertencia aquela voz, mas não precisei pensar muito.

O que você está fazendo aqui, Simone? — tentei falar, mas ela não conseguia me ouvir.

Senti um leve carinho em minha bochecha.

— Sabe, eu não sei se você consegue me ouvir... — ela falou.

Eu consigo! Simone, você consegue me ouvir? — perguntei, mas novamente não obtive resposta.

Mas é claro que ela não te ouviria, Soraya. É apenas a sua consciência falando.

— Mas caso consiga, quero que saiba que tem um pessoal aqui esperando por você. Seus pais, Sofia, Duda... e eu. — ela continuou.

Meus pais estão aqui? Sofia e Duda também? Eu preciso acordar!

Senti Simone apertar minha mão.

— É difícil segurar sua mão sem você segurar a minha de volta, mas olha, elas ainda se encaixam perfeitamente. — senti que ela entrelaçou nossos dedos.

Se ela ao menos soubesse que eu conseguia senti-la...

— Vou te contar uma coisa engraçada. — ela riu. — Falei pra moça da recepção que eu era sua noiva, acredita?

Você o quê? Por quê? — queria rir.

— Estava desesperada pra conseguir o acesso de visitante. Espero que não se incomode com isso.

Por que eu me incomodaria? — foi impossível conter o sorriso.

Por um momento me perguntei onde César estaria. Se Simone havia falado que era minha noiva e deixaram-na entrar, provavelmente seria porque ele ainda não havia vindo até aqui me ver.

The Rain - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora