Inexplicável

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POV Soraya Thronicke

3 dias depois.

Havia acordado mais cedo que o habitual na manhã de hoje.

Por se tratar de véspera de feriado as ruas ficavam ainda mais cheias que o normal e o movimento de pessoas parecia triplicar.

Era um inferno.

Porém, mesmo tendo programado meu despertador para uma hora mais cedo, o que significava que eu teria que sair de casa bem antes do horário usual, não consegui me livrar do trânsito carioca.

Meu celular, que estava conectado ao painel do carro, começou a tocar e eu levei um susto com o som alto ecoando por dentro do veículo.

O nome de Clara estava brilhando no visor.

O que ela queria a essa hora?

— Caiu da cama? —

perguntei ao atender a chamada.

— ONDE VOCÊ ESTÁ? — ela gritou do outro lado da linha.

— Presa na porra do trânsito enquanto tento chegar à loja de vestidos. Por que você está gritando?

— VOCÊ VIU O JORNAL? — ela continuou a gritar.

— Que jornal? — engatei a marcha para poder andar com o carro.

— QUE JORNAL? O GLOBO, CARALHO! NOSSAS FOTOS ESTÃO NA PRIMEIRA PÁGINA!

Freei o carro com tudo, o que fez o pneu patinar sobre o asfalto, causando um ruído agudo enquanto meu corpo ia para frente com tudo.

— O QUE? — gritei de volta.

Recebi buzinas como resposta à minha ação.

— SE ESTÁ COM PRESSA PASSA POR CIMA, FILHO DA PUTA! — coloquei minha cabeça para o lado de fora da janela e gritei. — Clara, me explica isso.

— Manda esse cara ir se foder! — ela deu risada. — Não tem o que explicar, So! Nós estamos na capa! Na primeira folha! Em tudo!

Minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento e só um nome ecoava por todos os meus pensamentos.

Simone.

— Isso é incrível! Nosso trabalho está na capa do o Globo! — comecei a rir sem acreditar no que estava acontecendo.

— SIM, PORRA! DO O GLOBO! NÓS SOMOS FODAS!

— Eu preciso ver esse jornal! — falei enquanto voltava a andar com o carro.

— VEJA! Agora eu preciso ir, amiga. Helena disse que quer me fazer um convite, torça para que seja para conhecer as Ilhas Maldivas. Eu te amo, se cuide.

— Torcendo aqui por você. — dei risada de seu comentário — Também te amo! Beijos.

Fiquei presa por mais alguns minutos no trânsito até que finalmente virei na rua da loja de vestidos.

Mais trânsito.

Decidi estacionar meu carro à duas quadras de distância e ir andando até a loja de vestidos, afinal, eu ainda estava dentro do horário e além disso havia uma banquinha de jornal a caminho de lá.

Tranquei o veículo e comecei a caminhar, atravessando as ruas e passando por entre os carros.

Minha velocidade estava anos luz maior que a de todos eles.

Comecei a rir sozinha enquanto me aproximava da banquinha de jornal, onde uma senhora de cabelos grisalhos ajeitava algumas revistas.

— Bom dia, senhora! — falei educadamente.

The Rain - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora