Capítulo 1 - Lena e a Jovem Sonhadora

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Era uma vez, um grande Pé de Feijão, onde haviam animais magníficos, uma natureza fantástica movida à mágica e existiam além das nuvens, criados por uma feiticeira que não se encaixava com humanos e nem com seu clã de bruxas. Com o tempo, a moça mágica também criou fadas para a companhia, entretanto isso não lhe bastava, ela queria alguém de carne e osso, alguém humano.

Então enviou à Terra, um mapa de tesouros e logo, uma garota subiu dias e dias pelo enorme tronco até os céus e lá ela a criou muito bem. Recheada de magia, a menina cresceu mais do que se esperava, transformando-se em uma Gigante, protetora da Natureza que existia acima das nuvens. Lena Luthor passou milênios nessa nova Terra, dando aos humanos, várias versões de sua história, que foi escrita e narrada por diversas pessoas ao longo dos séculos.

Lena e o Pé de Feijão era contada principalmente para crianças e Kara Danvers era uma órfão sonhadora que buscava um lar em que adultos não existissem e que poderia brincar infinitamente, se aventurar e por isso, adorava esse conto de terras mágicas, pois todos viam de forma triste: alguém sozinho em um lugar desconhecido, alguém que fugiu de seus pais e perdeu a chance de ter uma família. No entanto, enxergava nela, uma menina corajosoa e aventureira, que teve audácia para subir em um lugar tão alto, sem medo de cair.

Danvers nunca foi adotada, mudou-se de lar em lar, de orfanato para orfanato e assim que chegou à fase adulta, se preparou para cuidar das crianças com a Madre Superiora. Sem maiores aspirações, ainda que estivesse numa faculdade, tornou-se diferente do que imaginava quando criança, afinal era cercada de adultos, responsabilidades e não havia aventuras. Aos 25 anos, sua vida era apática e a odiava, via outros jovens da mesma idade fazerem coisas que ainda não tinha coragem de fazer. A Kara adulto destoava muito da Kara criança e provavelmente teria chorado se soubesse que sua vida ainda estava rodeada de pessoas maiores de dezoito que achavam que sabiam o que era melhor para ela.

"Use rosa porque meninas usam rosa"
"Não brinque de casinha"
"Brinque de corda, como uma menina normal"
"Garota, desça da árvore, aí não é lugar para você"
"Comporte-se ou ficará sem jantar"
"Deus não te deu duas mãos para ser goleira no campo com meninos! Solte a bola imediatamente"
"Deus quer que você fique de castigo ajoelhada por um mês, para que você repense em seus...jeitos"
"Deus fez o homem e a mulher para a procriação e você O insulta ao dizer que não quer se casar"

Todos os orfanatos tinham, pelo menos, uma freira e Danvers sempre soube o que era, mas em sua adolescência, compreendeu quem é, embora ninguém mais tenha entendido, quanto mais lutasse, mais punições eram dadas, além de sofrer com bullying. Assim como a feiticeira, ela não se encaixava com humanos e lugares, parecia que não tinha sido feito para ninguém ou lugar algum. Esse foi um dos motivos para que escondesse sua verdadeira natureza e ter, em parte, algumas pessoas para conversar.

Antes de dormir, lia os contos sobre Lena e às vezes, a Madre Superiora contava, porém já estava idosa demais para subir ao seu quarto, então lia até adormecer. A bruxa, padecendo nos braços de sua enorme filha, Lena, conjurou bons espíritos, um último feitiço, uma promessa para não deixar sua filha passar a eternidade sozinha, jogando um caminho até as fadas para alguém na Terra que buscava aventura.

Logo após sua morte, um casebre mágico se fez e uma profecia foi escrita: "o caminho das fadas é o caminho da felicidade, se quer coragem, escalará todo o Pé de Feijão e fará um amigo, que te levará até o objeto de seu desejo, seja qual ele for. Se seu coração for puro, se concretizará, se não, uma fada te banirá e nunca mais sorrirá".

Naquele dia, Ka fez sua corrida matinal, foi tão rápido que parou e se surpreendeu por estar tão próximo do Pé de Feijão, em uma casa caindo aos pedaços, era velha por fora, com objetos que a jovem nem sabia identificar, coisas que exalavam riqueza. Curiosa, andou por alguns centímentros e a madeira abaixo de seus pés cedeu, fazendo com que caisse bem distante do chão do casebre: um buraco infinitésimo, sem chance de voltar.

Lena e o Pé de FeijãoOnde histórias criam vida. Descubra agora