First - Byler

Gostosuras ou travessuras?

— William, eu não quero ir pegar doces, okay? — Bufou se jogando no sofá.

— El deu outro pé na sua bunda. — Franziu as sobrancelhas. — Você tem que viver.

— Ela me deu um pé na bunda porque Max ficou conspirando contra mim... De novo! —Apertou os punhos antes de agarrar uma almofada e a arremessar nos bonequinhos arrumados cuidadosamente sobre a prateleira.

— Saiba que isso... - Will se abaixou erguendo a cópia do Yoda, agora com um braço solto. — Custou trinta dólares e Holly queria ele.

Mike bufou ainda mais.

Max ficava colocando coisas na cabeça da namorada, como sempre. Estava sempre arrumando desculpas para Jane se virar contra ele.

Daquela vez havia sido o horário.

Sussurrou a Jane que Mike era tão pontual porque queria se livrar dela.
A verdade era que ele não queria levar chumbo de Jim, que estava a um triz de ter um enfarto, tamanho eram os ciúmes.

— Vamos Mike, por favor. — Will colocou o Yoda no lugar, chutando de leve a canela de Mike. — Por favor.

Michael ergueu os olhos, realmente irritado, pensando seriamente na hipótese de jogar Will da janela, mas diante daquele olhar pidão com os enormes olhos verdes e brilhantes, se calou desviando os olhos.

— Eu não tenho fantasia. — Resmungou corado, muito embora não soubesse o porquê de estar com vergonha.

— Nem eu. — Abriu os braços em um tom tom cantado. — Improvisei com a do D&D.

— Tá', mas a minha não serve mais. — Cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha quando notou Will mexer na cesta de roupas limpas e puxar um lençol branco. Negou com a cabeça. — Nem pensar, Byers.

— Você prefere ir com a de paladino? —Balançou o lençol dobrado, sorrindo.

— Nem fodendo. Amassa meu saco. —Resmungou contrariado, levando a mão ao meio das pernas por se lembrar do aperto doloroso.

Will engoliu em seco, desviando os olhos, as bochechas em brasas, a respiração desgovernada.

— Que cara é essa, Byers? — Ergueu uma sobrancelha, divertido.

— Nada. — Murmurou depressa, arrumando a ponta do poncho roxo com estrelas amarelas.

— Por que está puxando a roupa, William? — Mike provocou, como homem, sabia exatamente porquê, contudo, queria ouví-lo dizer.

— N-nada. — Pigarreou coçando o nariz com o indicador.

— Tá', e eu faço o que com isso aí? — Apontou para o lençol que o moreno apertava.

— Você faz furos nos olhos e ta-dã!, vira um fantasma. — Voltou-se animado para Mike, sorrindo abertamente.

Michael estreitou os olhos.

O cheiro de bebê e um leve amadeirado invadiam os sentidos de Wheeler, rondando perigosamente pelo porão.

Os cabelos, agora um pouco maiores e desgovernados castanho chocolate pareciam indiferentes ao quão bonito ficavam despenteados, o sorriso aberto e doce fazia com que Mike quisesse saber o que ele escondia sob ele, os olhos verdes, redondos e curiosos pareciam esconder uma inocência quase impossível, nem mesmo Jane era daquele jeito.

As vezes a mão dela escorregava para áreas que ela ainda não deveria entender. Era muito... Nova, mentalmente falando.

Não seria possível que existisse alguém como William.