Abóbora recheada

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Mike observou Will saltitar os três degraus para dentro de casa animadamente, segurando sua abóbora recheada de doces.

William era doce e gentil. Ganhava depressa o apreço das pessoas, em especial os das velhotas que lhe apertavam as bochechas.

— Uh!, — Will comprimiu os lábios, se debruçando para encarar o interior da abóbora do amigo. Não haviam muitos doces, e os que tinham, não eram bons. — Você não pegou nenhum bom.

— Não... — Mike resmungou mal humorado jogando as chaves sobre o balcão de qualquer jeito, enquanto Will ligava a luz. Olhou em volta, retomando a fala: — Cadê sua mãe?

— Trabalhando. — Deu de ombros ao responder, indo para o próprio quarto de forma distraída. — Jhonathan pegou um novo turno.

— Sua mãe sabe disso? — Wheeler ergueu as sobrancelhas e William parou no meio do quarto.

Ainda que na penumbra, Mike podia ver os olhos dele brilhando em irritação.

— Não sou uma criança que precise de cuidados 24h, Michael.

Mike piscou algumas vezes, parecendo ter levado um tapa na cara. Will nunca o chamava pelo nome. E ele não respondeu nada por alguns minutos, deixando Byers se mover pelo quarto enquanto se sentava na cama.

— Por que está tão nervoso comigo? — Mike alcançou um caramelo, o chupando calmamente, ainda acompanhando Will com a cabeça, que se livrava da fantasia. — Essa é a forma de dizer que eu me preocupo com você.

— Não! — Will acusou, estirando um dedo na direção de Mike, que retesou o pescoço. — Essa é a forma de proteger. Eu não sou criança. Não preciso de babá! Já sou grande o bastante para me cuidar.

E Mike não tinha dúvidas de que sim, Will podia se cuidar melhor que ninguém. Mas, ainda sim, ele era seu amigo William Byers. Pequenino e delicado, mesmo com as passadas duras pelo quarto, arrumando uma ou outra coisa, resmungando algo que soava como '''Mike bobo!, me trata como criança''.

— Você tem razão, Will. — Mike começou e Will se virou para si, estreitando os olhos, cruzando os braços em uma pose que o acusava. Mike sorriu presunçoso, se esticando e tirando os sapatos com os pé. — Você não é mais criança.

— É! - Will abanou a cabeça positiva e freneticamente. — Não sou mais criança.

Um relâmpago cortou o céu iluminando o quarto. Will encarou a janela preocupado, desatento ao olhar malicioso de Mike grudado em si.

— E você sabe o que os adultos fazem, Will?

— Hein?! — Will piscou atordoado, desviando os olhos da janela que denunciava a chuva crescente e incessante que começara.

William Byers definitivamente não gostava de chuva. E isso estava explícito em seus olhos verdes e nervosos.

— Fique calmo. Vou dormir aqui hoje. — Mike resmungou em um tom casual. Will o olhou ainda mais desconfiado diante daquele sorriso torto e cafajeste. — Eles fodem, Will.

Byers arregalou os olhos e emudeceu enquanto Mike se deleitava com o tanto de tons vermelhos que William tomava nas bochechas, na testa e nas orelhas.

— E-eu sei! — Will estufou o peito e tirou a blusa depressa. Sabia que Mike o estava testando. Mas, ele era crescido o bastante agora. E poderia dar uma resposta à altura.

Mike ainda se divertia às custas do inocente William Byers, que agora de fato, havia crescido. Os cabelos castanhos avelãs, agora cobriam-lhe a nuca, sempre no mesmo corte, contribuindo para dar o ar tão angelical que só ele possuía. Os ombros estavam mais largos e os quadris estreitos.

First - BylerOnde histórias criam vida. Descubra agora