dois

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No capítulo anterior: – Temos a mesma discussão há anos. Eu já estou cansada. – Soraya reclamou, sentindo a frouxidão em seus pulsos, deixando que retornassem a liberade.

– Eu nunca vou me cansar de você. – Simone manipulou, distribuindo um série de estalos ao redor do pescoço dela, dizendo cada palavra com uma pausa nos beijos.

Soraya estava pendurada naquele caso haviam décadas. Em dias ruins, gostava de culpar aquela mulher pelo fim de seu casamento com o pai de Giulia. Já se encontravam naquela época, e nutrir ódio por ela era fácil. Não só por ela ter escolhido casar-se com Eduardo, mas também pelos motivos. Simone estava sempre na frente de tudo. Era o sorriso, o charme e a imagem da família. A peça de xadrez que o pai controlava, ajustando seus movimentos conforme precisou, no passado. Por isso, se tornou quem é. A mulher mais adorável e carismática que você vai conhecer. Com a mínima exceção: nenhum pedaço daquela mulher era real. Ela sabia de muita coisa. Estava sempre na névoa, servindo para embaçar os vidros de quem lhe fosse conveniente. Dessa forma, Soraya pensou por um instante: que estar próxima dela naquele momento, seria vantajoso. Eventos como os dessa noite, eram comuns. Ela teria contato próximo com as pessoas que precisava interrogar. E, de quebra, ainda estaria se beneficiando da tortura abençoada que era ter Simone nos braços. Dessa vez, ela estaria no controle da situação. Não se perderia nos encantos da sereia morena dos olhos escuros. Sabia o que estava fazendo, e certamente saberia a hora de parar. Naqueles breves instantes, Soraya traçou o plano perfeito. Ela só se esqueceu de um detalhe de percurso: absolutamente tudo naquela mulher era uma armadilha.

Perdida naqueles pensamentos, sua mente entorpeceu. Estava acostumada a ser bem concentrada, devido ao seu trabalho, mas era imensamente desafiador manter a compostura com o hálito quente de alguém como a prefeita, tocando sua nuca. Certamente não seria uma missão impossível, a de aceitar estar tão próxima dela. Mas, exigiria uma dose extra de autocontrole, afinal, já havia se perdido naquela mulher uma vez. E não cometeria o mesmo erro.

– Eu preciso voltar à festa, sabe disso, não sabe ?! – Simone estava falando cada vez mais baixo, conforme se aproximava da orelha exposta de Soraya. – Vai se comportar ? – Ela sussurrou, apertando com as unhas os pulsos dela.

Soraya negou com a cabeça, olhando profundamente em seus olhos conforme fechava mais as pernas ao redor do corpo dela, buscando aproximar ainda mais os corpos das duas, distantes pelas diversas camadas de tecido.

– Grande erro. – Simone disse de uma vez, a virando com rapidez. Dessa forma, Soraya estava encarando o espelho, apoiada de pé pelas duas mãos, enquanto a morena a prensava de frente no gabinete do banheiro, a segurando pelo pescoço. Os olhos escuros se fecharam ao sumir nos cabelos dourados, entorpecida pelo cheiro. Conforme descia com a outra mão pelo traje de Soraya, sentia a antecipação misturada com o calor de sua pele. Passeou depressa pelo tecido da saia, encontrando finalmente o meio das pernas, invadindo sem pudor com os dedos. Soraya gritou, contraindo o corpo ao sentir seu pescoço sendo apertado, como uma reprimenda por ter feito barulho. – Quieta. Se concentre em olhar no espelho, assista suas reações enquanto eu fodo você. – Seus dedos apertaram-na internamente, aumentando o ritmo das estocadas.

– Simone! – Mais um grito ecoou pelos azulejos do banheiro, e Soraya havia feito de propósito, dessa vez.

A mão direita, que a segurava pelo pescoço, subiu brevemente, estapeando uma das bochechas de Soraya, que sorriu ao sentir a curta ardência invadir seu rosto, envergando mais as costas e facilitando a entrada de Simone, que sem dificuldades, prosseguia com o ritmo intenso. Conforme movimentava o corpo, buscando de volta os dedos dela conforme saíam de si, ela se aproximou mais do espelho, abafando o vidro com seu hálito. Estava ofegante, suada e dominada pelas sensações. Encostou-se com a testa, gemendo baixinho enquanto seu corpo tremia involutariamente, enviando as correntes elétricas desde seu âmago, até os topo da cabeça e dos pés.

ARMADILHA [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora