Eu fui sincera quando disse que estava louca por você

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NOTAS: Oi! Se alguém for ler isso, eu preciso dar alguns avisos.
Luz e Amity são humanas nessa história e também maiores de idade, as duas tem 21 anos. Não há Ilhas Escaldadas ou magia.
Nas notas finais, eu esclareço mais algumas coisas.
Boa leitura!

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Amity ama essa cafeteria por dois motivos.

Um: sua mãe nunca ao menos cogitaria a ideia de entrar nela. Dois: é o único lugar além de bares, restaurantes ou postos 24 horas que fica aberto até à meia-noite. O motivo ela nunca vai saber, mas não importa muito.

O importante no momento é que foi um dia longo e estressante e Amity está exausta. Ela nem se lembra quando foi a última vez que comeu alguma coisa. Entre o estágio que ela odeia e a faculdade que ela apenas tolera, as refeições são esquecidas. Logo, são onze da noite e Amity está faminta.

Ela pensa duas vezes antes de decidir estacionar o carro perto do pequeno estabelecimento, ponderando se vale a pena perder meia hora de sono para comer, mas seu estômago lhe dá a resposta quando ronca furiosamente. Amity precisa de comida.

Ela sai do carro, travando-o adequadamente antes de começar a fazer seu trajeto pela rua escura e deserta quase no automático. Sua mente nublada de cansaço aponta que os donos deveriam contratar um segurança para vigiar o local pelo menos a partir das dez. Esse bairro é um pouco perigoso e há grandes riscos de assalto.

Amity se encolhe quando abre a porta e um sino soa acima, anunciando sua chegada. Ela havia esquecido disso.

Não há ninguém na cafeteria, apenas uma garota sorridente que ela nunca havia visto atrás da bancada de pedidos. Funcionária nova, talvez? Amity é uma cliente assídua há pelo menos três anos, estando sempre ali pelo menos nas terças e quintas depois das dez. Vee, uma jovem tímida e gentil, era quem sempre a atendia.

Amity sacode a cabeça discretamente para se livrar dos devaneios e então segue até a bancada.

— Boa noite, maruja! O que vai querer hoje? — A mulher atrás do balcão a cumprimenta com uma animação estranha para o horário.

Amity franze a testa, intrigada com a forma que foi chamada até se lembrar que a cafeteria tem o tema de piratas.

— O de sempre — Ela responde mecanicamente.

Amity só percebe seu erro quando vê a garota — Luz, está escrito em seu crachá — franzir um pouco a testa.

— E esse “de sempre” seria…?

Amity faz uma careta, querendo se estapear por ser tão estúpida.

— Desculpe. Hm, um café com leite simples e uma- não, duas rosquinhas.

Luz sorri, de novo animada demais para o horário.

— Qual o sabor das rosquinhas?

— Qualquer um, o que tiver.

— É para a viagem?

— Não, para comer aqui.

— Pedido feito! Fica três e cinquenta.

Amity inclina a cabeça, confusa.

— Não. Acho que você se confundiu. O total do pedido é doze e cinquenta — Ela tem certeza disso.

Mas Luz sorri, balançando a cabeça.

— As rosquinhas são por minha conta. Parece que você teve um dia cheio hoje. É um presente.

Pela primeira vez na noite, Amity a olha de verdade, prestando atenção. A garota aparenta ser hispânica, mas Amity não tem certeza disso, seus grandes olhos castanhos a olham atentamente como se vissem mais do que deveriam e seu sorriso a lembra o de uma criança, tão sincero e puro.

Amor para a viagem [Lumity]Onde histórias criam vida. Descubra agora