Era o quinto dia em que Jake estava comigo e o final de semana havia sido agitado no Aurora. A Jessy e o Richy apareceram no sábado e pareciam felizes, até cheguei a pensar que talvez ele tivesse tomado coragem e a chamado pra sair. Os dois passaram a noite juntos, dançaram e riram como se o mundo não existisse, eu fiquei feliz em vê-los tão próximos de novo. Pouco antes de irem embora, Richy me puxou pra um canto e perguntou se eu iria com ele a outro passeio noturno, o que eu aceitei prontamente. Eu amei nosso primeiro passeio e com certeza amaria o segundo.
Era fim de tarde daquela segunda-feira e eu ainda não havia contado ao Jake que pretendia sair. Tomei um banho rápido e vesti um conjunto de moletom. Encontrei Jake assistindo qualquer coisa na sala, quando me viu, ele abriu um sorriso.
— você vai sair? — seus olhos me examinavam atentamente.
— combinei de sair com o Richy... — ele fez menção de abrir a boca — eu estou indo, não sei que horas eu volto. O jantar está na geladeira, é só esquentar.
Assim que me viro para sair, suas mãos agarraram minha cintura e em um movimento rápido fui jogada no sofá. Jake ficou em cima de mim, rindo.
— não te ensinaram a não baixar a guarda?— ele se aproxima e me dá um beijo na testa — se você precisar de mim, é só me ligar.
Dei um beijo demorado nele e fui até a porta, Jake pegou o notebook e foi pro quarto. Lá fora, a noite estava agradável apesar da brisa fria que bagunçava meu cabelo. A cidade estava se recolhendo junto com o sol, algumas poucas pessoas ainda permaneciam na rua durante aquele começo de semana. Eu estava na metade do caminho para o ferro-velho quando senti uma pancada forte na cabeça.
Acordei sentindo a cabeça doer como o inferno e a boca com um gosto metálico, o gosto do meu próprio sangue. Toquei minha testa e um curativo fora colocado no ponto onde a dor era maior. Olhei ao redor e me vi em um quarto estranho, havia uma cama de casal na qual eu estava deitada, uma mesinha com um abajur ao lado, um guarda roupas, uma escrivaninha, uma janela com cortinas além de duas portas, as quais deduzi que uma fosse um banheiro e a outra desse acesso ao resto da casa. Não consegui me levantar, meu corpo doía e tudo parecia girar ao meu redor.
— vejo que acordou, você está bem? Eu estava preocupado que tivesse te machucado muito, você ficou apagada por um dia inteiro... — a voz era conhecida, mas causou um arrepio na minha espinha.
Ele se aproximou segurando uma pequena caixa, molhou um algodão com um pouco de álcool, tirou o curativo da minha testa e limpou o ferimento. Suas mãos eram gentis enquanto ele me tocava, colocando um curativo novo sobre o machucado, ao terminar, ele sorriu. Eu observava aquilo como se fosse um sonho, nada fazia o menor sentido.
— onde estamos? — minha voz parecia um sussurro — que lugar é esse?
— perdão, que grosseria a minha — ele sorria de forma dócil — estamos na nossa nova casa, você gostou?
— que história é essa? Por que minha cabeça tá machucada? — aperto minha têmpora na tentativa de diminuir a dor.
Ao tentar me lembrar do que havia acontecido, apenas me lembro de me despedir de Jake e ver as ruas começando a ficar vazias, em seguida, acordei aqui.
— eu ia te convidar pra cá no próximo final de semana, mas o Jake acabou atrapalhando tudo — ele faz uma careta — eu não queria que as coisas fossem assim, mas mesmo eu me esforçando foi só ele voltar e você me deixou de lado... Eu amo você, não é justo!
É isso, ele havia enlouquecido ou eu estava no meio de um sonho bizarro. Naquele momento eu não conseguia sentir nada, tudo era um misto de sentimentos e sensações. Até momentos atrás eu estava com o Jake, vivendo quase um sonho. Agora eu estava em um lugar desconhecido com uma versão maluca de alguém que me dizia coisas sem sentido.
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Perseguindo Fantasmas - Duskwood
Aktuelle Literatur"se algo lhe for ofertado, você deve recusar" e foi com essa frase que eu larguei tudo pra trás e fui ao encontro do Homem Sem Rosto, a ideia de salvar meus amigos era mais importante que minha própria vida. Essa é a história de como minha vida mudo...