Prólogo [00]

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Pele pálida lisa, olhos fechados que cobriam seus intensos olhos verdes, lábios carnudos sem cor e rachados, cabelos da cor do pecado, cor vermelha como fogo. Rosto angelical, traços delicados como anjo.

Tão linda, tão delicada, tão morta.

Como é possível alguém ficar tão bonita, mesmo estando morta? Ele pensou e inclinou a cabeça para o lado, ao mesmo tempo que tocou em sua bochecha gelada com carinho e hesitação.

Sua mão tremia, e ele se sentiu frágil por isso. Afastou sua mão na hora. Ele queria poder fazer alguma coisa. Mesmo com todo dinheiro do mundo, nada a traria de volta.

Certo...?

Ele ergueu o lençol de seu corpo e viu o curativo ensanguentado em seu abdômen. Uma marca. Uma cicatriz de bala. Ele ouviu de seu pai que ela ficou assustada e chorou de dor, mas não teve muito tempo antes de fechar seus olhos e cair num sono infinito.

Só de pensar na dor dela, a raiva substitui a tristeza rapidamente.

Ele não chorou, não reagiu, seguiu com o rosto inexpressivo quando recebeu a fatal noticia que seu amor foi assassinada pelo seu melhor amigo. Ou melhor, ex melhor amigo.

O destino dele já estava nos planos de Chris, que já sabia o final que Alan teria: a morte.

Por que isso teve que acontecer com a mulher dos meus sonho?

Ele se manteve calmo até demais, observando seu corpo no necrotério do hospital. Ainda não tinham aberto seu corpo, estavam dando a ele um tempo para se despedir.

Sua família não quis ver ela morta, então ele foi o único corajoso a ver ela assim, nua numa maca de ferro. E pensar que ela nunca mais sorriria, nem choraria, nem viveria.

- Senhor Evans? - A enfermeira parou na porta do necrotério. - Sinto muito, mas precisamos levá-la, já passou uma hora. O corpo precisa ser preparado para o funeral e a autópsia.

Eu não vou deixar eles abrirem você, ele pensou.

Ele continuou parado em frente ao corpo de sua mulher, com seu coração apertado no peito e uma imensa vontade de morrer junto. A dor que ele sentia era enorme, mas, diferentes de muitos, ele não expressou.

Não chorou porque estava morto, e mortos não choram.

- Pode me dar mais dez minutos, por favor? - ele levantou seus olhos para a moça. Ela suspirou, mas concordou e se retirou.

Ele não conseguia se imaginar entrando em sua casa sem ela ao seu lado, e só de pensar nisso, seus olhos começaram a lacrimejar. Ele piscou várias vezes para afastar as lágrimas.

Ele não conseguia, não aguentava sua dor. Era culpa sua, ele falhou em protege-la, ela não merecia o fim que teve. Ele deveria estar morto ali, não ela. Ela era tão boa.

Era.

A dor do seu peito era cruel, uma dor de saudade e raiva, um lembrete que depois desse dia, nada jamais seria o mesmo sem ela.

Ele não permitiria que a levassem assim. Quem é o mundo e por que ele tem que decidir quando a mulher dele morre?

Ele não manda aqui.

Sem pensar em nada e nem nos riscos, ele levantou seu corpo morto e a pegou no colo com um pouco de força, mesmo estando nua, somente com um lençol em seu corpo.

- Vamos para casa, meu amor. Vou cuidar de você.

Na semana seguinte, ele começou a construir um coração de ferro na esperança de trazer sua mulher de volta.

E o pior de tudo, foi que funcionou.

Ele trouxe Natália de volta.

Ou pelo menos, o corpo dela.

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