10 | The beginning.

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Felippo.

O nome do meu menino, da origem do meu maior amor, da sensação mais maravilhosa que já senti. Ele tinha uma gargalhada alta, um sorriso brilhante no rosto e olhos grandes. Ele gostava de bater palmas como se tudo fosse uma festa, e quando ele aprendeu a engatinhar, nunca mais ficou quieto e ele era rápido em fugir de mim quando era para trocar sua fralda.

Ele morreu com nove facadas depois de ter sido abusado pelo meu melhor amigo.

Nós nunca conhecemos de verdade nossos melhores amigos.

Alan tinha desejo por crianças, era um doente de merda que sentia atração pelo meu próprio filho, um bebê de colo.

Na hora que descobri isso, senti vontade de morrer. A dor foi latejante e cruel, esmagadora quando eu percebi o que realmente havia acontecido. Eu falhei com meu filho, eu deveria ter protegido ele, e ao invés disso, o entreguei nas mãos do diabo.

Nunca vou me perdoar e nem parar de sentir a culpa que carrego todos os dias.

Minhas mãos tremem e eu mal consigo controlar minha respiração quando o jato pousa em solo. Ansiedade, medo, pânico me cobrem como um manto sagrado.

Tive que sedar Natália, porque ela seria mais um problema agora.

A porta do jato se abre e entra meu pai, com os olhos brilhando quando me vê. Seus olhos pousam na Natália adormecida em uma poltrona e ele mal acredita no que enxerga bem na sua frente.

Criogenia e o coração de ferro era uma ideia tanto minha quanto sua.

- Jesus Cristo... - Ele ofega, engolido o seco com a mão no coração. Ele se vira para mim, sorrindo. - E então, vejo que deu certo pra você.

Eu tento sorrir, me levantando e parando em sua frente. Seus olhos azuis são iguais aos meus, claros e profundos. Mesmo que ele seja um pouco mais baixo, exala confiança.

- Deu certo para nós dois.

- Deu sim, querido. Isso é... Incrível, filho. É brilhante! - Ele sorri ainda mais. A alegria em seus olhos me fizera sorrir. - Tenho muito orgulho de você. E todos nós sentimos sua falta.

- Eu senti falta de vocês também.

Ele aperta meu ombro, concordando. Ele, com seu queixo, indica Natália.

- Como ela está? Digo, qual a situação?

- Ela teve perda de memória total. Possui instabilidade mental e fica muito agressiva quando alguém irrita ela, e depois, começa a chorar.

Ele ergue as sobrancelhas, surpreso.

- Ela chora?

Eu entendo sua reação. Meu pai sentia um carinho por Natália, como se eles fossem pai e fiha e quando ela morreu, foi ele que viu tudo e tentou socorrer. Sequer passou por sua cabeça ir atrás de Alan, ele só queria salvar a vida de sua nora.

No final, ele não conseguiu nenhum dos dois.

- Chora e bastante. Estava chorando até agora pouco. - Eu comento e vou até ela. - Está sedada, você veio dirigindo ou com Edgar?

Eu a pego no colo por debaixo dos braços, firmando minha mão debaixo de suas coxas.

- Estou com Edgar. - Ele responde e sai do jato depois de se despedir do piloto, um piloto que já trabalha há anos com ele.

Eu seguro a ansiedade na minha língua, controlando a pergunta que quer escapar enquanto caminhamos em direção ao seu carro. Meu pai sente a tensão que eu exalo, sente minha aflição e ainda continua em silêncio.

IRON HEART | 🔞 PARTE IIOnde histórias criam vida. Descubra agora