Não tinha mais volta.
No momento em que a faca fez um corte trêmulo em sua pele e gotas de sangue começaram a pingar, ela sabia que estava feito. Ela não teria mais um útero em alguns minutos. Só não imaginava que esses minutos se tornariam anos infernais de uma dor absurda.
Ela tentou viajar em seus pensamentos e relembrar o motivo de estar fazendo tudo isso: pelos seus filhos que nunca nasceriam.
Havia muito sangue. Um mar vermelho se alastrava pelas mãos grandes do homem, que vasculhavam o corpo de uma mulher em busca do seu tesouro como se fosse um baú escuro. Era impossível enxergar o que ele estava tocando, e para a, sentir as mãos dele dentro de si, era de morrer. Ela tentava ao máximo gritar, mas o máximo que conseguia era arregalar seus olhos em horror.
Ele apalpava, o cheiro de sangue subia, a faca cortada o que quer estivesse no caminho. E ela, urrava de dor.
Tire, tire isso de mim! Era isso que ela gritou minutos antes de viver uma dor quase sobrenatural. Ele acatou suas ordens, mas ela desejou que ele não tivesse feito isso.
Ela estava em um mar vermelho em sua cama de infância, sangrando como se fosse um pote de tinta vermelho que havia deixado aberto e acabou tropeçando. Sua garganta seca havia parado de funcionar após tantos gritos, e seu corpo, fraco, desmaiava e perdia toda a cor.
Morrer seria um alívio.
— Já está acabando... - E ele tentou ao máximo não entrar em pânico, enquanto tentava cerrar a carne fresca com uma faca cega. — Já estou acabando, amor. Já vai acabar, tá bom?
Mas não acabava nunca. Sua visão se tornou turva e ela olhou para cima, vendo o teto alto pintado de rosa junto com a madeira escura.
Sentia o gelado da faca cerrar, as mãos dele agarrar seus órgãos, seu sangue escorrer como se fosse xixi. Ela tentava o chutar, mas o corpo dele segurava suas pernas trêmulas e fracas, E seus olhos, estavam atentos no que sua mão fazia.
— Porra!
E ele gritava palavrões o tempo todo. A cabeça de Natália tombou para o lado.
E nessa neblina de estar meio morta e meio viva, ela se sentiu orgulhosa de si mesma.
Estava salvando seus filhos que nem existiam de viver uma vida inteira de pesadelos.
Ela deu um fraco sorriso e desmaiou outra vez.
Capítulo curto mas só pra mostrar que eu ainda estou na ativa por aqui.
E eu queria que essa parte do útero fosse separada do restante dos capítulos.
E você, que me segue no insta e me acompanha por aqui, deve estar se perguntando: mas Isa, você não tinha falado que ela teria muitos filhos? Como ela vai ter filhos sem útero?
EXATAMENTE! Natália terá SIM muitos filhos, bem em breve. Essa pergunta vai ser respondida em breve.
Ps: retirar o útero da Natália foi quase um ato político, onde mulheres precisaram se livrar daquilo que as torna "mulher" e "frágil" para conseguir não ser abusada, estuprada e nem ter seu lugar tomado por homens.
Natália, mesmo que seja uma péssima mãe, não aguentou ver Felippo ser abusado e morto. Então abrir mão de gerar filhos de outros homens poupou muito sofrimento, tanto para ela como para esses supostos filhos.
Isso foi sim um ato heroico.
E se lembrem sempre: essa história não é um romance ou conto de fadas.
Como eu prometi, vou tentar dar um basta nos capítulos de sofrência por aqui.
Beijos e até logo!!!

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IRON HEART | 🔞 PARTE II
Fiksi PenggemarNem a morte foi capaz de separar os dois. Eles se conheciam de 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎 vida.