Capítulo 2

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Na sexta-feira à noite, comecei a por em prática minha ideia. Isso era desagradável para mim, mas era a única solução. Então, troquei de roupa, e observei se todos estavam dormindo. Sim! Estavam todos dormindo. Eram dez horas da noite. Desci as escadas e claro, estava descalça, para não fazer nenhum tipo de ruído, e, depois de descer, coloquei minhas únicas sandálias pretas com um pequeno salto, e, devagar e com muito cuidado, abri a porta da sala, e fui em direção à rua. Daí em diante, comecei colocar em risco a minha vida.

Tornei-me GAROTA DE PROGRAMA! É isso mesmo. Essa foi a tal decisão que tomei. A solução foi essa, de me tornar prostituta, de vender meu corpo, simplesmente para ter um retorno rápido de dinheiro, só para ajudar meu pai e minha irmã a pagar aquela cirurgia cara. Eu sabia que não seria uma ótima ideia, mas foi o que falei antes: foi a única solução!

Fiquei em uma esquina, bem longe de casa. A rua não parecia um bom lugar para uma garota como eu, delicada, sensível, uma garota realmente de família. Comecei a ver moças e rapazes pela calçada, totalmente drogados, outros com lata de cerveja na mão, ou sei lá o quê. Realmente ali era um INFERNO. Será que ali era mesmo o meu lugar?

De repente, um rapaz de mais ou menos um metro e oitenta de altura, pele branca, com cabelos castanhos escuros e curtos, passou por mim e me olhou. Não sabia a cor de seus olhos por ser de noite. Fiquei com medo de falar com ele, de me oferecer para ter uma noite de "prazer". Isso era totalmente novo para mim. Não sabia se tinham regras ou não. Enfim... Tomei coragem, e perguntei a ele se queria ficar comigo, e claro, ele topou, pois queria aproveitar uma garota que realmente faziam os rapazes da escola pirarem, por causa do corpo, dos olhos castanhos e chamativos, cabelos loiros, e toda sua beleza. Nunca me gabei por isso, mas sempre foi verdade. Fiquei totalmente sem jeito. Cruzes... Isso é um horror!

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Tive a minha primeira experiência. Não acreditei que tinha me deitado com um homem... E que eu, uma adolescente de quinze anos, tinha me entregado assim, tão facilmente para ele. Confesso que foi horrível. Mas só estava fazendo aquilo pelo amor que eu sentia pela minha mãe, e pela minha família.

Consegui um bom dinheiro com apenas dois caras que eu fiquei naquela noite. Depois disso, resolvi voltar para casa, porque já eram onze horas da noite, e não queria que minha família descobrisse que estava saindo escondida.

Quando cheguei em casa, vi que ninguém estava acordado, então subi para o meu quarto, peguei meu pijama, e fui tomar um banho antes de ir dormir. Após o banho, fui direto para a cama, e fiz como se nada tivesse acontecido. E foi assim todas as noites, até eu conseguir ajuntar pelo menos a metade do valor da cirurgia, que pelas minhas contas obviamente, seriam cinco mil reais.

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Meu fim de semana não foi tão bom assim. Fiquei em meu quarto pensando em como seria a reação da minha família ao descobrir que estava fazendo uma coisa terrível para ajudar minha mãe. Fiquei entre contar a verdade, ou esconder deles tudo o que eu fiz, mas não iria adiantar muita coisa, pois a quantia que arrumei era grande, e logo eles iriam desconfiar. Rosângela me chamou para sair, mas recusei o convite.

— E aí Soraya... Minha irmãzinha querida. — Rosângela se abaixou ao lado da minha cama e continuou. — Quer ir comigo para o shopping? Eu pago aquele top sundae de chocolate que você adora! — falou ela.

— Não quero ir.

— O que foi mana? Está tudo bem?

— Está sim. Não se preocupe ta?

— Tem certeza de que está tudo bem? Porque você nunca recusa um top sundae de chocolate... — Rosângela riu divertida.

Acabei rindo junto.

Consequências do Passado - Adaptação SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora