Capítulo 8

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Infelizmente, não soube encarar a vida como ela é. Fui entrando em uma fase nada fácil. Digo que essa era a fase mais complicada da minha vida. Estava em um túnel sem luz, e sem saída.

Não queria mais sair de casa, só queria saber em ficar trancada em meu quarto. Também não tinha mais apetite, estava perdendo mais peso a cada dia. Às vezes brigava com minha mãe sem motivo, só tinha pensamentos de morte ou suicídio, e não tinha mais autoestima. A tristeza corroía minha alma. Realmente estava no fundo do poço.

Meus pais chamaram um médico para ir imediatamente a nossa casa, pois eu não queria de jeito algum ao hospital, e eles estavam preocupados e aflitos com meu comportamento.

Dr. César era médico, psicólogo, e grande amigo de infância do meu pai. Eles sempre brincavam juntos na escola, na rua, e em todos os lugares que iam. Os dois se formaram no ensino médio, e depois disso continuaram mantendo contato. Então, desde a minha infância, sempre fui examinada por ele. Dr. César sempre nos ajudou sem nada em troca, pois meu pai, por ser seu melhor amigo, demonstrou em toda sua vida ser um homem honesto, humilde, sincero e simples.

— Então doutor... Como está minha filha? — mamãe perguntou.

— Pelo que observei no comportamento dela, a Soraya já se encontra em uma fase depressiva, infelizmente. — explicou Dr. César.

— Depressão? Não pode ser... Minha filha sofrendo de depressão? — papai falou com lágrimas em seus olhos e inconformado.

— Infelizmente sim Roberto. Temos que começar um tratamento imediatamente para a melhora dela. — falou ele. — Mas ela não quis contar-me o motivo que causou essa depressão. Vocês sabem de alguma coisa?

— Na faculdade, fizeram uma brincadeira nada agradável, porque ela tinha se tornado garota de programa quando era adolescente, pra conseguir dinheiro pra ajudar a pagar minha cirurgia, então por causa disso ela começou receber ofensas de outros alunos. Acreditamos que ela tenha sofrido bullying. — mamãe falou.

— Por que não conversaram comigo sobre essa cirurgia? Eu ajudava vocês, e também não aconteceria esse tipo de problema com a Soraya. Sempre a considerei como uma filha! — disse Dr. César.

— Ah doutor, é que estávamos tão preocupados, que nem nos lembramos de você. — papai respondeu.

— Entendo. É comum acontecer isso às vezes. Não se preocupem. Bom... Agora que já sei o motivo, vou começar a preparar o tratamento adequado e a internação dela.

— Vão internar a Soraya? — mamãe perguntou assustada.

— Sim Débora. Temos que interná-la pra começarmos o tratamento. Mas acredito que irá ser por um mês a três meses mais ou menos, pois ela não está em estado tão grave. Mas também depende do andamento do tratamento. Se ela reagir bem, não ficará por muito tempo.

— Ok. Espero que ela melhore logo! — mamãe falou. — Muito obrigada doutor por nos ajudar.

— Não precisa agradecer. Vocês sempre serão como uma família pra mim. E não precisa me chamar de "doutor". — disse Dr. César sorrindo.

Na semana seguinte fui para a clínica de psicologia do Dr. César. Ele fez o impossível para convencer-me de que eu tinha que fazer aquele tratamento. A única coisa que mais queria era melhorar rapidamente, pois não aguentava mais estar desse jeito. Tinha que ter força de vontade para enfrentar esse leão.

*****

Na clínica, me sentia muito estranha, mas, muito bem recebida pelos médicos. Dr. César recomendou que me internassem naquela clínica, pois seria muito importante o acompanhamento médico e teria uma atenção muito especial. Durante o primeiro dia de internação, recebi uma visita muito inesperada.

— Olá... — falou Simone, entrando no quarto da clínica.

— Simone! — exclamei com voz enfraquecida, abraçando-a.

— Como está? — perguntou ela.

— Acho que estou bem.

— Você vai melhorar, tenho certeza. — falou ela.

— Assim espero! Como você sabia que eu estava aqui? — perguntei.

— Seus pais me avisaram da sua internação. — respondeu ela.

— Eu não esperava a sua visita. Fico tão feliz quando fico perto de você. — falei sorrindo.

— Eu também sinto a mesma felicidade quando estou com você. — respondeu ela. — Me disseram que você vai ficar aqui por um mês?

— Assim... Se eu reagir bem ao tratamento, sim. E espero que esse mês passe rápido. — falei.

— É só ter força de vontade que irá passar rápido! Tenha fé!

— Verdade. Vou fazer isso. — respondi, dando um pequeno sorriso.

Simone se despediu, pois precisava resolver algumas coisas para algo que não queria me dizer. Fiquei muito curiosa para saber o que ela estava tramando, mas, não consegui convencê-la de contar-me o que iria fazer. Após esse dia, não a vi mais.

Continuei tomando as medicações com a supervisão do médico, comecei a me alimentar melhor, e comecei a ganhar peso novamente. Dr. César sempre me dava atenção, e conversava comigo, me examinando ao mesmo tempo para ver meus comportamentos. Realmente estava melhorando aos poucos. Recebia a visita dos meus pais, mas, quem me visitava com mais frequência era minha irmã. Sempre que podia, ela ia para me fazer companhia.

— Maninha... Sinto tanto sua falta. — falou Rosângela.

— Também sinto falta de vocês. Não vejo a hora de voltar pra casa. — respondi.

— Em breve você estará conosco! — exclamou ela, abraçando-me e dando um beijo em uma das minhas bochechas.

Minha família nunca me abandonou em nenhum momento da minha vida. Muito pelo ao contrário... Sempre se preocuparam comigo a todo instante. É muito gratificante quando se tem pessoas ao seu derredor que desejam o seu bem.

Consequências do Passado - Adaptação SimorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora