right were you left me

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𝚙𝚘𝚟 𝚜.𝚗

SÁBADO DE MANHÃ e eu estou na terapia, se passou meia hora de cessão e não falamos muitas coisas.

eu comecei as consultas não faz muito tempo mas é sempre uma vez na semana, nos sábados de manhã.
a minha terapeuta até que é legal, bom, pelo menos ela é melhor que as outras que eu já tive...

a iniciativa de voltar para a terapia foi por parte da minha mãe, ela insistiu em que eu voltasse pois de acordo com ela eu não falo muito, não me expresso muito e só fico trancada no quarto, não a culpo por estar preocupada comigo sem contar que muitas das coisas que ela disse são verdade.

Logo ela e watson entraram em um acordo e me colocaram aqui...

s/n - mas minha semana foi basicamente isso, eu não fiz nada fora do normal. tanto por que eu estava em meio às provas - fui sincera

eu quero melhorar,
tirar esses pensamentos obscuros de dentro de mim.

jessy - entendo. mas pense pelo lado bom, ao menos foi produtiva, não? - perguntou e eu dei de ombros fazendo ela sorrir um pouquinho

a mais velha suspirou e nós ficamos em silêncio, até ela resolver tocar naquele assunto.

jessy - sabe querida, eu sei que é difícil para você se abrir mas como eu disse antes, este é um lugar seguro pra conversar e se expressar. eu ia deixar as coisas andarem no seu próprio tempo mas as vezes precisamos de um empurrãozinho, e é o que eu vou fazer na nossa conversa. dar um empurrãozinho - ela falava delicadamente

me posicionei corretamente no sofá, esperando que ela me falasse com atenção

jessy - eu meio que fiquei sabendo em uma conversa com a sua mãe, sobre o seu pai. está tudo bem se eu fizer algumas perguntas sobre ele? - foi direta desta vez

engoli em seco,
isso é sempre delicado demais

s/n - beleza - fingi estar forte

jessy - então...como era a sua relação com ele? - perguntou com bastante atenção

s/n - ele era a pessoa mais gentil que eu conhecia. ele era um ótimo pai, uma pessoa muito boa, sempre presente nos eventos escolares. ele era meu melhor amigo - sorri fraco com as doces memórias

seu cheiro de alguma forma invadia as minhas narinas, ele cheirava a café e canela em pó, a mistura que ele sempre fazia quando acordava.

jessy - e qual a sua relação com ele agora? - franzi o cenho

como assim agora?

s/n - oi? - perguntei sem entender

jessy - sua relação com ele, com a morte...

olhei para os meus tênis balançando pelo nervosismo

s/n - ah eu sei lá - ri - eu me sinto triste, tenho saudades dele.

jessy - você visita muito o túmulo?

s/n - que pergunta são essas? - perguntei meio desesperada

jessy - se você não quiser re-

s/n - não muito, eu não sei. me sinto distante dele, só vou quando é seu aniversário - eu disse sentindo meus olhos ardarem

mesmo assim eu insistia em esconder

jessy - como realmente se sente agora com a ida dele e a chegada do seu padrasto?

s/n - já disse - cocei meu braço - é como se algo ácido estivesse sendo derramado no meu corpo, eu sinto falta dele. tudo era tão bom, tipo, eu gosto do watson mas as vezes parece que ele quer substituir o meu pai, não substituir totalmente mas...tomar as rédeas e ser como o meu pai. mas ele nunca vai ser meu pai, ele não era assim - senti uma lágrima descendo pela minha bochecha - por exemplo eu não sei bem...

𝗺𝗶𝗱𝗻𝗶𝗴𝗵𝘁𝘀; 𝗆𝖺𝗌𝗈𝗇 𝗍𝗁𝖺𝗆𝖾𝗌Onde histórias criam vida. Descubra agora