O CONFLITO

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No reino de Costa del Sud, sob a grandiosa Dinastia Lockart, os destinos de Emma Lockart e Ferdinando Lockart eram assolados pela ausência de herdeiros. O eco do vazio que se estendia por todo o Estado reverberava na alma do casal real. O clamor por um descendente para dar continuidade à linhagem real era ensurdecedor. Diante dessa adversidade, uma figura sombria e misteriosa emergiu dos recantos mais profundos do reino: Bertha Baron, uma bruxa poderosa e intrigante. Ela se aproximou de Emma Lockart com uma proposta tentadora, um contrato mágico que poderia conceder a tão desejada descendência ao casal real. Com habilidade persuasiva, Bertha prometeu a Emma e Ferdinando um herdeiro, mas em troca, exigiu um cargo especial no Conselho de Fenrir. Determinados a encontrar uma solução para sua angústia, Emma e Ferdinando aceitaram o contrato, cientes das consequências que poderiam advir. Bertha realizou uma magia que iludiu a todos com a falsa gravidez de Emma. Contudo, a bruxa revelou uma dura verdade: era impossível que Emma concebesse um filho de Ferdinando. Apesar disso, Bertha prometeu trazer um recém-nascido ao casal após nove meses de espera. Assim, o tempo se esvaiu, e Emma, imersa em uma encenação meticulosamente planejada, deu à luz à criança que selaria o destino de Costa del Sud.

Naquele momento crucial, as cortinas do destino se abriram, ocultando os segredos tecidos pelo véu da magia. A sociedade, deslumbrada pelo aparente milagre, rendeu-se à crença de que Emma Lockart havia, enfim, concebido o tão aguardado herdeiro para Ferdinando. Nas mentes inebriadas pela esperança, a verdade permanecia oculta, e nenhum membro do conselho tinha ciência do pacto mágico entrelaçado por Bertha. A bruxa entregou-lhes o filho de Lúcia, como acordado, e Emma o acolheu com amor materno, proclamando-o como seu próprio filho e o herdeiro legítimo de Ferdinando. Sob o nome de Denail Lockart, o jovem recém-chegado tornou-se uma peça-chave nos intricados jogos de poder e destinos entrelaçados. Enquanto a sociedade celebrava a suposta bênção divina, poucos percebiam que, nos bastidores, um vínculo fortalecido pelo sangue se estabelecia, tecendo uma teia que moldaria o futuro de ambos os reinos.

Naquela noite de solene confraternização entre as nações, em um majestoso salão repleto de nobres e dignitários, o destino urdia um encontro inesperado. Lúcia, com seu olhar afiado e coração conturbado, avistou Emma e Ferdinando Lockart, os monarcas de Costa del Sud, em meio à multidão. Seus olhos se fixaram no pequeno Denail, que repousava serenamente nos braços da rainha. O reconhecimento instantâneo ecoou em sua alma, e um sentimento angustiante tomou conta de seu ser. O bebê ali presente, fruto do pacto e das artimanhas de Bertha, seria o herdeiro legítimo da dinastia Lockart, o irmão que Tártarus jamais conheceria. A dor e o desespero tomaram conta de Lúcia, enquanto ela observava seu filho distante, tão próximo e ao mesmo tempo tão inalcançável.

Enquanto os anos passavam, a teia política entre as dinastias se estendia, entrelaçada por eventos e interesses divergentes. Os jovens Denail e Tártarus, alheios à verdade oculta de sua linhagem compartilhada, cresceram em mundos separados, cada um sob os cuidados de suas respectivas famílias reais. O destino, porém, tecia seus fios intricados e trazia consigo novas tensões e rivalidades entre as nações.

Em meio a essa turbulência, um tesouro dourado emergia do coração árido de Lartha, um oásis esquecido no vasto deserto. Os nômades do deserto, liderados pelo enigmático Rei Escorpião, descobriram uma coleção de riquezas tão grandiosa que se tornou objeto de desejo e disputa entre os reinos. Rapidamente, o tesouro tornou-se o epicentro de uma contenda territorial, enquanto Korlon, sob o comando de Tomás, proclamava a soberania de Lartha como parte do seu domínio nortista.

No entanto, a soberania reivindicada por Korlon não encontrou eco favorável em Costa del Sud. A nação marítima rejeitou veementemente o decreto, resistindo à ambição de Korlon e protegendo o direito de Lartha de governar seu próprio território. Essa tensão entre os reinos, inflamada por influências negativas de todos os lados, rapidamente ganhou proporções preocupantes. Entre os envolvidos nesse emaranhado político, Lúcia Katrine emergia como uma figura central, sua posição de rainha tanto uma bênção quanto uma maldição nesse perigoso jogo de poder.

À medida que as tensões aumentavam, segredos e traições emergiam dos bastidores, ameaçando desencadear uma guerra de proporções épicas. Nesse contexto incerto e cheio de intrigas, Lúcia Katrine estava destinada a desempenhar um papel crucial, seu destino entrelaçado com o destino das nações envolvidas. Enquanto o tempo se esgotava e as sombras da guerra se aproximavam, caberia a ela tomar decisões difíceis que moldariam o futuro de Evita e desvendariam os segredos ocultos em sua própria linhagem.

Após anos de governo e prosperidade, a triste notícia do falecimento de Ferdinando Lockart ecoou pelos corredores do império do Sul em 2700. Denail Lockart, agora um jovem de 18 anos, assumiu o peso do legado deixado por seu pai e foi coroado como o novo imperador. Enquanto isso, em um fatídico dia no palácio real de Veneta, Tomás, ainda atormentado pela sombra de dúvidas e segredos que pairavam sobre sua esposa Lúcia, testemunhou uma conversa entre ela e Dalia, revelando a verdade por trás da falsa gravidez e o terrível destino de Berúlio, seu próprio irmão.

Numa explosão de emoções conturbadas, a ira consumiu Tomás, levando-o a agredir violentamente Lúcia. Porém, antes que ele pudesse causar mais danos, o destino lançou sua mão e um enfarte atingiu o Rei, derrubando-o ao chão. No momento crucial, Tártarus, o filho que desconhecia a verdade sobre sua origem, adentrou o aposento e, movido pela intuição, ofereceu auxílio ao pai em seu momento de necessidade.

Enquanto Lúcia observava a cena, uma mistura de medo, remorso e preocupação preenchia seus olhos, revelando a complexidade de suas motivações e sentimentos. No turbilhão daquele instante, um novo capítulo começava a ser escrito na história das dinastias de Evita. A verdade, finalmente revelada, abalava as estruturas de confiança e desencadeava uma série de eventos que moldariam o destino de todos os envolvidos.

Nas sombras do palácio real, segredos enterrados há muito tempo se desvendavam, e a linha tênue entre amor e ódio, poder e fraqueza, se tornava cada vez mais difícil de distinguir. Enquanto Tártarus confrontava a verdadeira identidade de sua mãe, e Tomás lutava pela sua vida, o futuro de Evita estava em jogo, aguardando as escolhas e ações daqueles que carregavam o peso dos tronos. A história se aproximava de seu ápice, com as consequências da revelação abrindo caminho para um desenlace cheio de revelações e confrontos inesperados.No auge da tragédia, o destino traçou um caminho sombrio e traiçoeiro para Tomás, levando-o à beira da morte pelas mãos de Lúcia, sua própria esposa. Incapaz de articular suas palavras com clareza, o Rei enfrentou um terrível destino enquanto Lúcia, com seu coração impiedoso, preparou o copo envenenado que selaria seu fim.

Tártarus, inconsciente da trama maquiavélica tramada por sua mãe, ofereceu o copo de água com açúcar a seu pai agonizante, levando-o a tomar os amargos goles envenenados. Enquanto a situação se desenrolava, Tomás começou a tossir desesperadamente, seu enfarto se agravando a cada instante. Lúcia, de forma fria e tensa, observava o desenlace fatal de seu marido, a tensão finalmente aliviada.

Os últimos suspiros de Tomás foram interrompidos por um momento de revelação, quando ele agarrou o pulso de Lúcia, buscando pronunciar uma verdade inacabada. Porém, antes que as palavras pudessem ser proferidas, a vida escapou de seu corpo, deixando apenas o vazio da morte pairando no ar. Tártarus, testemunhando a morte de seu pai diante de seus olhos, sentiu-se consumido por uma mistura intensa de tristeza e raiva.

Enquanto isso, Dalia, a única que compreendia o perigo iminente que Tártarus representava como novo Rei furioso e cheio de sede de vingança, via-se presa no porão do palácio real de Veneta pelas mãos cruéis de Lúcia. Dalia ansiava desesperadamente contar a verdade ao sobrinho, revelando sua verdadeira identidade e o parentesco com Denail Lockart, seu maior inimigo político. Ela acreditava que essa revelação poderia evitar uma guerra de proporções catastróficas entre Korlon e Costa del Sud.

No entanto, Lúcia, motivada apenas por sua busca desmedida pelo poder e pela preservação de sua própria vida, impediu Dalia de revelar a verdade a Tártarus, temendo que isso arruinasse seus planos e a colocasse em perigo. Assim, Lúcia aprisionou Dalia no porão, silenciando qualquer possibilidade de uma revelação que poderia mudar o rumo dos acontecimentos.

Enquanto Lúcia alimentava Tártarus com mentiras, contando que Dalia havia os abandonado por medo das consequências políticas, o jovem Rei não conseguia compreender completamente a trama que envolvia sua família. A revolta e a sensação de traição cresceram dentro dele, uma vez que Dalia era como uma segunda mãe para ele. Os sentimentos conflitantes e a chama da vingança começaram a arder em seu coração, à medida que ele assumia o trono de Korlon, alheio às verdadeiras peças que estavam sendo movidas nos bastidores do poder.

Os Desejos de LuciaOnde histórias criam vida. Descubra agora